Porta trancada

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 Aquelas férias haviam virado um pesadelo aterrorizante. Porém, ao contrário de pesadelos que podem simplesmente desaparecer quando abrimos os olhos, aquele era real. Infelizmente, muito real.

- Como está o Nana? Ele melhorou? – Renjun perguntou, a voz falha e o rosto abatido eram a imagem que todos presentes naquele cômodo sustentavam.

- Sim, ele parece um pouco melhor já. Está dormindo – com um pequeno sorriso sem humor, Jeno respondeu.

Estávamos na sala, Donghyuck e eu dividíamos o enorme sofá marrom de frente à televisão antiga, enquanto Renjun estava sentado na poltrona ao lado e Jeno na extremidade oposto na outra poltrona.

Naquele momento, apenas o silêncio era uma companhia. Ninguém parecia de fato presente de corpo e alma ali. O olhar vazio e a cabeça cabisbaixa denunciavam que estavam desolados, indignados com o passado recente e tristes com a realidade.

- O que vocês fizeram com Jisung? – com o rosto entre as mãos e os cotovelos apoiados no joelho, Jeno perguntou em um murmúrio quase inaudível acompanhado de um longo suspiro. – Quer dizer, com o corpo dele?

A resposta demorou a ser dita. Segundos que mais pareceram minutos foram precisos para que alguém acumulasse coragem suficiente para poder dizer com todas as palavras em voz alta que nosso amigo Jisung havia, sim, sido pego pela morte e ninguém poderia mudar esse fato.

- Colocamos ele junto de Chenle no porão – respondi.

Horas antes, após escutar Donghyuck gritando por Jisung e o alto baque que ecoou pelo lado de fora, rapidamente fui até a janela. Olhando para baixo, encontrei o garoto quem me considerava um irmão mais velho que nunca teve completamente imóvel e o olhar já sem vida, estirado no chão com sangue em demasiado espalhando-se pela grama morta.

Foi uma cena horrível.

Paralisados com o acontecimento inesperado, novamente não sabíamos o que fazer. Apenas lágrimas grossas juntamente com um choro doloroso preenchiam nossos rostos agora mais ainda desolados. Primeiro foi Chenle e depois Jisung, transformando tudo aquilo em algo muito inacreditável. Haveria um próximo?

- O que vocês acham que causou toda essa situação? Por favor, sejam sinceros – depois de mais um longo suspiro, Jeno pediu nossas teorias e sinceridade.

- Eu realmente não sei...

Abatido e com os olhos opacos, Renjun respondeu em um sussurro. Eu não tinha opiniões nem teorias acerca do ocorrido que pudessem ser úteis, então como o chinês, escolhi dizer apenas que também não sabia.

Jeno olhou para Donghyuck em busca de uma resposta.

- Sinceramente, talvez a morte do Chenle não tenha sido apenas um fatídico acidente, sabe? – Imediatamente lhe encarei. – E talvez Jisung não tenha se jogado pela janela por vontade própria como parece.

- Ah, é? E por que está dizendo isso?

- É apenas uma teoria... – Deu de ombros.

- Acho que Donghyuck tem razão, – Renjun pronunciou. – em partes.

- Continue – pedi.

- Acredito que a morte do Lele tenha sido, infelizmente, um trágico acidente. Agora sobre a do Jisung, eu realmente tenho minhas dúvidas de que ele tenha feito isso por livre e espontânea vontade.

Um clima pesado se instalou no ambiente. Aguardávamos a continuação da explicação do chinês que olhava para Donghyuck com um olhar duro e desconfiado.

- O que está querendo dizer, Renjun? – Hyuck questionou com uma das sobrancelhas erguidas.

- Não sei. Por que você não me diz, Lee Donghyuck?

A morte está ao lado | NCT DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora