Fim da tragédia

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 Há quem diga e pense que o ser humano é imprevisível , mas há também quem diga e pensa que o ser humano é na verdade previsível. Diante da cena de Renjun prestes a matar Donghyuck e incendiar a casa, digo que as pessoas podem ser imprevisíveis.

Em momento algum ponderei que aquela situação poderia acontecer. Porém, o chinês estava com medo e seu olhar demonstrava exatamente isso. Uma de suas mãos segurando a faca e a outra o isqueiro também mostravam claramente seu medo. Renjun estava amedrontado, frustrado, triste e furioso. Logo, o ditado que diz "Mate seu inimigo antes que ele te mate" fazia todo sentido, correto? E, neste caso, de acordo com suas suspeitas explícitas, o inimigo era Donghyuck.

Mas Renjun não era um assassino...

- Renjun, por favor, largue essa faca e o isqueiro – supliquei, atraindo a atenção do chinês para mim. – Dê para mim, sim? Você não precisa fazer isso.

- Fique aí onde está! – gritou, apontando a faca para mim.

- Renjun, por favor...

- Não, Mark. Não! Fique aí! – berrou.

Seu corpo tremia e ele chorava compulsivamente. Renjun claramente não queria fazer nada daquilo que ele planejou quando jogou gasolina na casa, amarrou e ameaçou Donghyuck com a faca. Porém, todos aqueles sentimentos que ele parecia sentir no momento não o deixava pensar racionalmente. Repito: Renjun estava amedrontado, frustrado, triste e furioso, mas não era um assassino.

Com as emoções à flor da pele e com o imprevisto em sua frente (neste caso, eu), o chinês decidiu se arriscar em sua loucura completamente e foi em direção a Donghyuck pronto para atacá-lo.

No entanto, Donghyuck também estava apavorado. Então, diante do perigo, tentou se defender. Afinal, ninguém ali queria morrer.

Em uma tentativa raivosa de esfaquear o coreano, Renjun foi surpreendido com um chute de Donghyuck que o desequilibrou levando-o ao chão. A faca agora já não estava em suas mãos. Renjun estava desarmado.

Naquele momento, o pior de fato aconteceu. No entanto, quem foi pego foi Renjun que havia arquitetado aquela situação. Às vezes, a vida pode ser bem trapaceira.

Logo quando a faca foi ao chão, Donghyuck a pegou. A imagem de um jovem com emoções negativas em seu peito e o medo da morte refletido em seus olhos, agora era expressada pelo coreano que apontava o objeto afiado para o chinês caído em sua frente.

Nenhum dos dois queria morrer.

Com a fúria nítida em seu olhar, Renjun avançou novamente na direção de Donghyuck que em algum momento conseguiu soltar as amarras de suas mãos. Então, em uma rápida briga corporal entre os dois pela posse do objeto, o vencedor foi aquele que empunhou a faca no peito do outro.

Donghyuck não era um assassino, mas acabou tornando-se um.

Não sei e nem sequer poderia saber o que Renjun pensou em seus últimos segundos de vida, mas tenho quase certeza de que suas suspeitas sobre Donghyuck ser o culpado pelas mortes foi comprovada. Afinal, as mãos que seguravam o cabo da faca cravado em seu peito e tirou-lhe a vida, eram de Lee Donghyuck.

Naquela cena, eu fui o espectador que não pôde interferir porque o tempo estava à minha frente.

Em míseros segundos, Donghyuck tornou-se o vilão e a contagem de vítimas subiu.

- Eu não queria... Eu juro que não queria! Renjun...

Mas palavras não poderiam o trazer à vida.

- Renjun, fica comigo. Olha para mim, por favor.

- Não adianta, Donghyuck. Ele se foi.

Donghyuck estava quebrado. Pelo seu olhar arregalado e marejado, era possível perceber o arrependimento consumindo-o. Donghyuck não queria, mesmo assim transformou-se em um assassino. Suas mãos estavam sujas de sangue. A faca encontrava-se no chão novamente.

A morte está ao lado | NCT DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora