Capítulo 1 - A decepção

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Estou me segurando ao máximo para não chorar, já que a maquiagem que uso é maravilhosa e não quero estragar.

A música típica de uma entrada de noiva, soa bem alta aos meus ouvidos e de todos nossos convidados, indicando que minha hora chegou , e que meus primeiros passos em direção ao altar devem ser dados.

Tudo está perfeito, do jeito que planejamos . Rosas brancas decoram toda a igreja, um tapete lindo vermelho está no caminho até o altar e meu maior sonho está se realizando!

Não estou tão nervosa quanto achei que estaria mas deve ser assim com algumas pessoas... Sei lá.

E então, vem a decepção!

O padre está no fim de seu discurso, e eu esperando o sim sair dos lábios do meu noivo, quando de repente, uma breve hesitação me paralisa.

O momento deve ter durado apenas alguns segundos, que para mim parecem séculos, e o que eu jamais imaginei que pudesse acontecer acontece!

-Não aceito... Desculpe- me Esmeralda mas não posso aceitar, chegar até aqui... Foi um erro...Que percebi somente agora! Seja muito feliz!

E assim que diz essas palavras Dylan sai andando até o fim da igreja tranquilo como se aquela atividade fosse a mais comum do mundo, me deixando sem reação e prestes a desabar ali sozinha na frente de todos nossos amigos e familiares, que assim como eu não sabem como agir.

Nem sei ao certo explicar como fica a situação depois disso, só me lembro de sair correndo aos prantos da igreja e ido direto pra casa no primeiro táxi que encontrei, sem desejar companhia de nenhum dos meus convidados.

Meu único desejo é chorar, tirar meu vestido (que a poucos dias fazia meus olhos brilharem de emoção) e ficar sozinha!

Assim que chego em casa arranco o vestido de noiva com a maior raiva e o jogo bem longe de mim, vou direto para o banho e só choro, fico ali por um bom tempo até que começo a sentir uma forte dor de cabeça, fecho a água e saio para tomar um remédio.

Os primeiros dias foram os mais difíceis, todos os dias quando me levanto choro um pouco. Até emagreci por não estar comendo muito bem.

Dylan não me mandou mensagem nem telefonou. Apaguei do meu celular o número dele , e o excluí de todas minhas redes sociais que na verdade silenciei por tempo indeterminado.

Agora já passaram duas semanas desde o dia da minha tragédia. Estou um pouco melhor mas ainda tenho pesadelos todos os dias e são sempre a mesma coisa, eu sendo deixada sozinha no altar e todos meus convidados rindo de mim.

Por mais que eu pense bastante a respeito, não consigo encontrar um único motivo para ele ter feito isso comigo, nunca brigávamos, estávamos sempre que possível juntos, comemorávamos todos os aniversários de namoro e aparentemente éramos feitos um para o outro.

Meus pais também ficaram bem preocupados comigo, me ligam todos os dias além de não terem ido embora pra casa deles, que fica em uma cidadezinha do interior de São Paulo.

Eu moro sozinha há muito tempo,desde meus 18 anos, quando mudei pra São Paulo, aluguei uma casa e passei a viver com o salário do meu novo emprego em uma pequena empresa de cosméticos, deixando meus pais com minha irmã menor, chamada Isabel, que agora depois de 5 anos já está uma mocinha, com seus 13 anos.

Depois de dois anos na empresa fiz um curso de administração e me especializei e por esse motivo fui promovida para secretária do Senhor Carlos, que fecha os maiores contratos da empresa.

Sempre que podia visitava meus pais mas ultimamente com todos os preparativos do casamento tinha ido pouco a casa deles, que estavam ansiosos por virem me ver no altar.

Pude perceber nas visitas que fizeram a mim que estão tão tristes quanto eu em relação ao que houve. Sempre que eles vão vim em casa me esforço mais e deixo a casa apresentável e minha aparência também.

Nem ousaram me perguntar minha opinião sobre o que Dylan fez, talvez pelo fato de estar estampado em meu rosto que para essa pergunta eu também não sei a resposta.

Eles vieram falar comigo querendo saber vou ficar bem quando forem embora, se estou me alimentando e essas coisas que os pais sempre querem saber, respondi a verdade, que tinha ficado super mal nos primeiros dias mas que já estou melhor.

Então após duas semanas de estadia na casa da minha tia Célia, meus pais resolvem voltar para casa deles, e eu mesmo estando muito triste ainda, prefiro assim, já que não me sinto disposta a dar a devida atenção que eles merecem.

Além disso eles também merecem descansar.

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