O que eu fiz com meu cabelo? Depois que tudo aconteceu, eu não sei como devo expressar minha última impressão de amor. Nagito estava doente, por enquanto não parecia ser nada de grave, todos tínhamos esperança de que ele melhoria. Mas eu sabia que as coisas iriam acabar mal, em angústia, lágrimas e agonia. Eu sabia que ele estava sofrendo, mas uma pessoa tão doce e preocupada com os outros que até mesmo se esqueceu da sua própria dor.
Meu cabelo, por que eu fiz isso? Quando...quando eu fiz isso? Eu sei quando, e sei o porque. Sei o porque deixei meu cabelo crescer até o ombro, sei o porque pintei ele de preto, sei quando fiz isso. Eu fiz isso quando Komaeda adoeceu, eu simplesmente pintei, mas porque justamente naquele tempo? Não foi minha vontade, eu sei—eu sabia disso.
O visitei todos os dias, todas as noites, todas as noites angustiantes pra ele, que só eu sabia. Nem mesmo psicologicamente Komaeda estava bem.
Uma certa noite, uma certa visita que fiz naquele dia, ele puxou um assunto.
"Izu..Hajime, você se lembra dela?"
Dela? Ah sim, eu me lembro dela como se fosse uma boa memória presa no fundo, como se fosse possivelmente impossível lembrar-me dela. Eu só assenti, mas eu parecia desconfortável? Pela expressão de Komaeda era perceptível que ele sabia que aquele não era um bom assunto, mas ele continuou, porque precisava continuar.
"Você sente falta dela, não é?"
"Eu sinto..."
Minhas mãos ficaram trêmulas, por quê? Eu queria aquilo? Era minha reação? Novamente, estava confuso.
Komaeda segurou minhas mãos que não paravam se quer um segundo.
Ele olhou a um ponto oposto do meu rosto, parecia hesitante, pensando em algo. Quase aéreo.
"Se eu pudesse trazê-la, de alguma forma, provavelmente do céu para terra, o que você sentiria? Como reagiria?"
"O quê?..."
O quê ele disse?... O quê era aquilo? Preocupação? Loucura? Desespero? Lágrimas caindo ao mesmo tempo que sua sentença foi terminada, as mesmas lágrimas limpadas por uma pálida mão, a mais fria que já senti sobre meu rosto, e, ao mesmo tempo a que me trazia mais sentimentos calorosos.
"Hajime—"
"NAGITO! O que você tem em mente? Não me diga que...Nagito, eu não quero te deixar, você sabe disso! Não precisa fazer isso! Por favor Nagito..."
Brutalmente, segurei os pulsos fracos do garoto que estavam apenas tentando me acalmar, me arrependia de tudo que estava fazendo, de levantar a voz, segurar seus pulsos e chorar na frente dele. Eu me arrependia de ter, infelizmente, perdido ela. E nem mesmo eu saberia se era culpa minha, eu acreditava nisso, mas continuaria...sem saber a verdade sobre mim...
"Por favor..."
Agora minhas mãos eram as fracas, como minha mente naquele momento. Eu era um covarde, um idiota e inútil. Sim, essa era minha existência, não?
Mas por que eu estou questionando minha existência agora? Nesse momento...
"Hajime, eu estou fazendo isso porque eu te amo. E porque eu...amo ela."
Porque...você...ama ela? Ah, que tipo de jogo cruel é esse que você faz comigo? Que tipo de...idiota eu sou pra me culpar sobre outros idiotas.
"Mas, você também ama ela certo? Então, quem pode me culpar?"
Uma expressão indiferente em seu rosto. Ele estava certo, sim, ele estava certo. Não! Não estava, eu só amo a ele somente a Nagito Komaeda, ele é o único dono de todo meu amor! Eu não sei...mais.
"Hajime...boa noite. E, não se culpe, porque eu vou trazê-la de volta...pra gente."
Ele virou-se para o outro lado da maca, me deixando com lágrimas de desespero e medo. Eu não quero isso, eu não quero isso, eu não quero isso seu babaca! Eu quero a Chiaki de volta...mas eu não quero perder você.
...
Eu também estava chorando, mas eu não queria que ele visse, me desculpe por isso, mas eu farei por nois três.
...
Não era culpa de nenhum dos dois, nem mesmo da garota. Era o infeliz destino com a consequência de acreditar que pudessem moldar seu próprio futuro, porque mesmo que possam, aquele futuro vai criar um destino que eles não poderão interferir, então essa crença em moldar seu próprio futuro era inútil. Os dois sabiam disso, principalmente Komaeda. Em que situação eles acabaram hoje? Seria difícil estar no lugar deles.
Sim, hoje foi um dos maus dias.