Opostos Iguais

2. Dificuldades

São 7:00 da manhã, Eva acorda e percebe que sua mãe, mais uma vez, não está em casa, quando olha para o lado e percebe um bilhete na cabeceira da sua cama escrito "Bom dia querida, tive que fazer compras, não sei se volto a tempo de te ver sair, mas eu fiz panquecas, bom trabalho." Eva lê e caminha em direção ao banheiro, com o pensamento de que Greg chegará às 8:00. Quando está comendo suas panquecas percebe seu celular vibrar.

*Mensagem*

Cátia: Quando chegar me encontre em minha sala, chegará uma nova família e preciso que você os apresente ao asilo.

Eva: Tudo bem. Quantos ficarão?

Cátia: Uma senhora. Virá com o filho para que ele te diga como ela é.

Eva: Ok. Até daqui a pouco.

Cátia: Até.

Cátia é a patroa de Eva, não se davam muito bem até perceberem que teem bastante em comum. Ambas são de famílias cheias de conflitos, gostam de ler, falar sobre roupas e sobre como o mundo está se perdendo em hipocrisia. Porém, Cátia sempre foi herdeira de uma fortuna da qual procura esconder. Quando seu pai morreu, assumiu o controle do asilo, desde então, está no controle de tudo e se esforça para não perder a cabeça.

Eva termina de lavar a louça ainda de toalha, escolhe uma roupa confortável mas aparentemente elegante, uma blusa branca de ombros caídos com sua calça jeans azul de sempre, faz seu coque arrumado bagunçado pega suas chaves e bolsa, esperando Greg na calçada.
Quando percebe que ele chegou, se lembra de que não pode se atrasar e o apressa contando sobre a novidade de novas pessoas a caminho. Eles amam os idosos que chegam, mais ainda os que já estão lá a tempo, mas todas as vezes que precisam apresentar o lugar a pessoas novas ou falar sobre isso, uma parte deles deseja que não estivesse acontecendo, se sentem de coração partido em saber que, infelizmente, mais uma família estaria se "desfazendo" de um amado parente.

- Eu preciso ir até a sala de Cátia, quer vir comigo?- pergunta Eva com um frio na barriga.

- Eu não, para com isso, ela vai adorar você...- diz com um sorriso amigável no rosto antes de completar a frase- ou não.

- Ha ha ha! - Eva termina a conversa se afastando de Greg e rindo em Roma irônico.

Chegando na sala onde era previsto o encontro, Eva bate na porta tentando prever como se apresentaria ou como agiria caso algo à surpreendesse.

- Entre.

- Oi, oi. Bom dia.- Eva entra com seu sorriso simpático.

- Bom dia Eva, essa é a Sra. Davis e seu filho, Mason.

- Muito prazer- Eva diz após analisar que a Sra. Davis é cadeirante e pensando sobre seus cuidados especiais. Estende a mão para Mason, o que retribui o comprimento um tanto de forma brutal, como se não fizesse diferença estar ali ou não ou que poderia estar fazendo coisas mais importantes no momento. Eva se inclina um tanto para que possa olhar nos olhos da Sra. Davis.

-Ei... Tudo bem? Espero que possamos ser grandes amigas.- Diz em tom doce e suave, e se sente a gratificação em ver a velhinha mover os lábios em um sorriso sincero.

- Então Eva, você apresentará ao Mason os lugares da casa, e mostrará a Sra. Davis os espaços que ela poderá passear, almoçar, dormitórios e ter momentos de lazer.

- Ok. Vamos? - Eva aparentemente animada com a expedição pergunta empolgada. Saem em direção ao jardim.

- Vamos começar por aqui, pra falar a verdade é a minha área favorita do asilo, com árvores, pássaros... Garanto que gostaram Sra. Davis, muitas vezes venho jogar com os outros, posso apresentá-los a senhora.

- Preciso que ela entre antes das 19:00, não deve tomar resfriado.

- Não se preocupe Sr. Mason, esse horário é a refeição ao final do dia. Ela terá uma tarde produtiva aqui.

- Ótimo, venho aqui uma vez por semana, passarei a lista de remédios pelo e-mail- diz em tom seco, olhando para o relógio.

- Mas meu filho, uma vez por semana? Não consegue mais tempo para sua mãe? -Pergunta Sra. Davis com lágrimas nós olhos.

- Sinto muito Marta, sabe que trabalho muito e que folgo somente aos sábados. - diz claramente em tom de arrogância.

- Saudade da época em que você ainda me chamava de mãe...

- Preciso ir, próximo sábado estarei aqui. - diz olhando mais uma vez para o relógio, como se não houvesse tempo.

- Mas senhor, mal começamos a expedição. - Eva diz confusa.

- Ela quem ficará, não preciso saber aonde se encontra cada alfinete deste lugar. Tenham uma boa tarde. - Diz finalizando o diálogo e se retirando.

- Desculpe querida, de uns tempos pra cá, Mason se tornou outra pessoa...- Sra. Davis diz segurando o choro.

- Está tudo bem... -Diz Eva enquanto abraça a Sra. Davis passando todo o conforto e apoio possível- Estou aqui agora, cuidarei de você, e não se preocupe, seu filho um dia deixará de ser esse babaca arrogante.- Eva se arrepende do que diz e rapidamente tenta inverter a situação- Digo, perdão, não quis insultar o seu filho.

- Babaca arrogante é um dos apelidos mais doces que já deram a ele- Sra. Davis sorri fazendo com que Eva sorria tambem.

Eva terminou o tour pelo local inteiro, mostrou lhe todos os lugares e foi uma manhã bastante animada. Eva evitou falar de Mason mas ainda estava curiosa sobre o que acontecera para ele à tratar tão mal juntamente com sua própria mãe. Finalmente seu horário havia chegado, já eram 13:00 e a demora era Greg pegar o carro.

- Eai, eu vi o bonitão que tava com a senhorinha. Como foi? - perguntou Grag com um olhar pervertido no rosto.

- H o r r i v e l - soletrou Eva com todas as letras.

- Como assim horrível, filha? Não pode ter sido tão ruim- Greg diz confuso.

- Ah, pode sim. Ela é um amor Greg! Um doce de senhora, ela gostou do lugar e eu até pensei em apresentá-la a Sra. Cooper. Patético foi o filho dela.

- O galã de terno? Mentira...

* Mason tinha uma aparência bastante chamativa, talvez pelos seus cabelos negros lisos em corte degradê ou pelos seus olhos cor de mel. O sorriso de Mason poderia ser comparado ao brilho de uma pérola. Ele era moreno, alto e encorpado, na visita ao asilo estava usando um terno preto com um sapato social. Poderia sim, ser comparado a um galã de novela *

- Que galã? Ele é arrogante, grosso e cruel- Eva fala com toda a certeza do mundo de que nada mudará Mason.

- O que esse monstro fez de tão terrível? - pergunta com um sorriso sarcástico estampado no rosto.

- Você precisava ver como ele tratava a mãe Greg, os olhinhos dela encheram de lágrimas pedindo para que ele arranjasse mais tempo pra ela.

- E o que ele disse?

- "Ah, mas eu sou ocupado, trabalho feito mula, talvez por que eu seja uma" - diz Eva imitando uma voz grossa e ao mesmo tempo tosca, o que à deixa engraçada fazendo Greg rir enquanto dirige.

- Cruel.

- SIM, e outra, me tratou na maior frieza, como se eu fosse inimiga dele ou algo parecido, nunca vi igual.

- Deixa ele pra lá, o que importa é que ela, que é quem realmente precisa de você, te tratou super bem.

- Você tem razão, se for pra ficar com dores de cabeça, vai ser por algo que realmente valhe a pena.

Chegaram na casa de Eva, ela desce do carro e agradece a Greg, mas diz que hoje faltará a faculdade, precisa organizar a lista de remédios da Sra. Davis e nem sabe qual o horário que o "Babaca arrogante" - pois é assim que chamará ele de agora em diante- mandará. Ele concorda sorrindo e sai com o carro.
Quando Eva entra em casa, sua mãe está cozinhando, ela conta sobre seu dia, com todos os detalhes e diz que vai subir para descansar um pouco.