Capítulo 9

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OLIVER

A imagem dos olhos dela ainda estão na minha mente. Depois que saí da padaria meus pensamentos estavam fora de ordem. Eu a teria perto de mim e ao mesmo tempo tão longe. Não poderia dividir com ela meus problemas e meu passado, mas a presença dela me faz sentir no melhor lugar do mundo, em casa. Era como se eu tivesse achado meu lugar e ele era perfeito.

Hoje meu filho recebe alta e finalmente vamos pra casa e espero ser tudo que ele precisa. Cheguei ao hospital e a médica me entregou o bebê. Ele parecia saudável e dormia como um anjo. Ouvi todas as dicas pra cuidar dele e recebi algumas cartilhas de cuidados com bebês prematuros.

 Chegamos em casa e Amelia estava parada de braços cruzados olhando para os fundos da casa. O sol entrava pelas portas de vidro e refletiam em sua pele e cabelos, exatamente como da primeira vez que a vi. Ela se virou, olhou pra mim e sorriu. O sorriso mais lindo e sincero que já vi. O bebê estava em meus braços ainda desajeitados. 

- Bom dia Sr. Oliver.

- Senhor não. Pode me chamar só de Oliver

Caminhei até o sofá e coloquei a bolsa. Deixei a cadeirinha no carro já que será necessária quase sempre.

- Então esse é o pequeno.... – ela se aproximou querendo saber o nome dele.

- Esse rapaz ainda não tem um nome. Não consegui escolher.

- Como assim? Precisamos escolher logo, assim você pode marcar o batismo.

- Eu sei, mas não consegui. Muita coisa aconteceu nas últimas semanas.

- Posso segurar ele?

- Claro. Ele será sua companhia de agora em diante.

- Verdade.

Entreguei o bebê a ela. Ficamos tão próximos. Nossa diferença de altura era significativa, o topo de sua cabeça fica na altura do meu queixo e eu pude sentir o cheiro dos cabelos dela, cheiravam a lavanda.

- Ele é tão pequeno ainda. – disse ela enquanto o aninhava nos braços.

- Sim. As vezes tenho medo de machucar ele.

- Você não vai. Ele vai ficar bem.

Nesse momento ele abriu os olhos e a encarou por um tempo. Seus são olhos grandes e azuis, iguais aos da mãe. Eles pareciam fascinados um com o outro pois não pararam de se olhar. Amélia sorriu com afeto e beijou suas mãozinhas. Aquela cena me deixou com o aperto no peito, mas  um aperto bom. O silêncio tomou conta da casa enquanto eles se olhavam. Eu poderia ficar olhando a cena por horas, até que Amélia começou a falar. A voz saiu um pouco presa. Pigarreou e me pediu pra mostrar o quarto do bebê.

- Então, acho que podemos conhecer o resto da casa.

- Sim, claro. Vou pedir que Owen leve suas malas para o seu quarto.

- Ah, ele já levou.

- Perfeito.

Subimos as escadas e fomos até o quarto de Amélia. Ela ficou encantada e não parava de agradecer. O quarto é a cara dela e fica entre o quarto do bebê e do meu. O quarto do meu filho tinha sido decorado pela mãe. Ela ajudou em cada detalhe. Espero que ela esteja em paz. A decoração era elegante e digna de um príncipe, mas também tinha detalhes sutis e delicados.

Depois de tudo organizado o bebê dormiu e agora só deve acordar na hora da mamadeira. Amélia resolveu descansar uns minutos e eu fiquei na cozinha com um copo de whisky. A presença dela me inquieta e me tira do eixo. Depois de anos ela seria a única pessoa a qual eu abriria meu coração novamente, mas agora ela trabalha para mim e não posso permitir que o que aconteceu no passado aconteça de novo.

Algumas horas depois ela desceu do quarto. Seus cabelos estavam molhados e ela usava uma legging preta e um casaco de moletom vinho. De todo jeito ela fica perfeita e extremamente sexy. Fiquei parado observando a se aproximar. Percebi que estava encarando e desviei o olhar.

Conversamos um pouco, expliquei o trabalho como assistente e entreguei a agenda do bebê com todas as consultas ao pediatra pelos próximos 4 meses. E então ela começou a reclamar da falta de flores na minha casa.

- Como o dono de uma empresa de cosméticos não tem uma florzinha em casa?

- Elas exigem cuidado e eu não tenho muito tempo.

Foi então que ela notou o jarro com as gardênias que tenho carregado para cima e para baixo desde o fim de ano. Elas estavam em cima da mesa de jantar e estavam mais lindas do que nunca.

- Essas flores são as que você comprou naquele dia?

- Sim. Normalmente nenhuma delas sobrevive comigo mas essa daí é persistente e não consegui deixar ela morrer.

- Está vendo? Algum tempo você tem.

- Mas é a única. Não dá tanto trabalho assim.

Ela se debruçou na bancada da pia toda sorridente.

- Você se importa se eu arrumar o seu quintal?

- Nem um pouco, ele é todo seu.

- Perfeito!

Mostrei a cozinha e onde estavam guardados os utensílios. Decidi pedir comida e ela quase me matou. Disse que a melhor refeição é feita em casa. Não discuti. Me parece impossível discutir com ela. Sentei no banco próximo a bancada enquanto a observava dançar e cantarolar. Em minutos tinha massa fresca no fogo, tomate, cebola e manjericão deixando o ambiente com um cheiro delicioso. Ela falava sem parar ao mesmo tempo que comia lascas do queijo parmesão. Agradeci por ter ido ao supermercado e pelo que vejo vou precisar ir mais vezes. As comidas por delivery acabaram.

Chegou a hora da mamadeira do bebê e ela me fez prometer que escolheríamos o nome dele hoje. Baixei uma lista de nomes na internet mas ela disse que se eu olhar bastante para ele eu vou saber o nome ideal. Subi para pegar o bebê e ela ficou terminando o jantar. Parecíamos uma família normal.

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