Capítulo 11

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OLIVER

Me levantei as seis da manhã como de costume, tomei um banho quente, fiz a barba e me vesti. Hoje a diarista vem arrumar a casa. Está toda empoeirada e não quero que Matteo fique doente. A ideia de ser pai estava finalmente me fazendo bem e me dando razões para apreciar mais a vida. A presença de Amelia me incomoda de um jeito bom. É inquietante estar ao lado dela. Nunca sei quando ela vai falar e falar e então derrubar algo no chão. Eu observo cada detalhe dela. O bom humor, o fato de amar os costumes italianos, o pequeno sinal atras da orelha que aparece sempre que ela faz um coque enquanto cozinha, nossos olhares em direção ao outro. Nós sabemos que está acontecendo e ainda sim nenhum de nós consegue dar um passo adiante, estamos sempre nos mantendo onde é seguro.

Matteo e Amelia parecem melhores amigos. Ela está aqui há uma semana. Prepara o café da manhã todos os dias e insiste que eu coma frutas e ovos além de café puro. Me ensinou a trocar as fraldas e preparar o leite do bebê. Eu passo o dia ansioso para chegar em casa e ver os dois. Não me canso de ficar escondido observando enquanto ela prepara o jantar e conversa com Matteo como se ele fosse gente grande, ela compartilha tudo e faz perguntas retóricas sobre fazer carne ou peixe, macarrão ou risoto.

Minha vida melhorou nos últimos meses, embora eu não consiga me livrar dos fantasmas do meu passado. Os negócios da minha família não me trazem orgulho e por mais que eu tente esquecer, a simples existência deles me deixa inquieto . Amelia abriu espaços para sentimentos que pensava ser impossível sentir novamente. Cada detalhe dela me encanta, o cabelo bagunçado pela manhã, as risadas quando lembra de algo que nunca sei, o carinho que cuida do meu filho, o sorriso, os olhos cor de mel e até as pantufas de unicórnio. Um dia pela manhã ela esqueceu de tira-las e foi até a cozinha com elas. Preparou tudo enquanto eu ria das pantufas. Até que ela percebeu e ficou vermelha como um tomate.

- Meu Deus. Eu não tirei as pantufas, que vergonha! – disse ela antes de cair na gargalhada.

- Vergonha de que? Até que são fofas.

- Sei. Foi meu pai que me deu no mês passado. Ele nunca foi muito bom com presentes.

- Nem com as flores que dava pra sua mãe?

- Você lembra disso?

- Claro que sim. Lembro de tudo daquele dia. Por isso trouxe aquelas gardênias.

Ela olha para baixo muda de assunto rapidamente.

- As flores eram presentes que ele não conseguia errar. Minha mãe amava todas.

- Eles deviam ser um belo casal.

- Sim. Me mostraram como é estar com alguém de verdade.

- Como?

- É estar com raiva e perdoar, é reparar no detalhes. Agradar, se doar. Se você ama alguém, todo dia você perde um pouco de você quando se doa para aquela pessoa,mesmo com pequenos gestos.. Essa parte "perdida" você entrega a quem você ama. Se vocês dividem o mesmo coração então significa que o que você doa permanece dentro de cada um.

Enquanto ouvia tudo aquilo eu pude ver a razão dela ser tão incrível. Eu quero conhecer tudo sobre ela. Só não sei se quero que ela saiba tudo sobre mim.

Desci para tomar café e enquanto descia a escada percebi o silêncio. Eles sempre acordam antes de mim. Fui até a cozinha e eles não estavam lá. Senti todo o ar sair dos meus pulmões. Pensei em várias coisas ruins corri até a porta para ver se Owen estava lá. Ele estava encostado no carro me esperando quando apareci aos gritos.

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