Capítulo 4

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Ouvi um barulho chato e insistente, era o despertador, levantei meu tronco e em vez do chão, senti meu pé tocar algo estranho. Abri os olhos rapidamente e vi um garoto, mas que porra um garoto estava fazendo no meu quarto? Meu quarto? Olhei o cômodo e não reconheci nada ali, minha visão estava meio embaçada por ter acabado de acordar. Onde caralhos eu estava? Esfreguei os olhos com as costas das mãos e olhei melhor a pessoa ao pé da cama, suspirei pesadamente por aquilo não ter sido um sonho, era real mesmo.

- Desliga essa merda, Izuku. – Falei chutando sua perna de leve.

- Quê...? – Ele levantou assustado e demorou um tempo para recobrar a consciência. – Ah, bom dia, Marina.

- Que barulho do cão, desliga isso, quero voltar a dormir. – Me joguei de volta na cama quentinha e cobri a cabeça com o lençol.

- Temos aula, levanta e vai se arrumar. – Escutei o barulho de lençóis e imaginei que ele tinha levantado.

- O caralho, sou velha demais para fazer ensino médio de novo. – Também ficava bastante insuportável pela manhã.

- Velha? Quantos anos você tem? – Merda, ele não sabia. Abandonei minhas cobertas e o encarei.

- Dezoito. – Mesma expressão de surpresa que as meninas fizeram. – Não é grande coisa, mas por via das dúvidas, terei dezesseis.

- Então tenho que te chamar de Marina-san. – O fuzilei com o olhar.

- Nem pense nisso. – Ele sorriu e alonguei as costas. – Nem uniforme eu tenho.

- Na verdade, enquanto você estava dormindo, Momo veio entregar isso. – Ele puxou um cabide com um uniforme feminino e choraminguei.

Peguei a roupa e fui para o banheiro, cumprimentei a todos da melhor forma que meu mau humor matinal permitia, entrei em uma das cabines e tomei um banho gelado para espantar todo resquício de sono em meu corpo. Peguei o uniforme e avaliei, uma camisa de botão branca, uma gravata vermelha, uma saia verde e um blazer... Coloquei a blusa, deixei os últimos botões abertos e juntei as pontas da blusa em um nó. Vesti a saia e percebi que ficava na metade das coxas, talvez Momo tivesse errado o cumprimento; coloquei o blazer e dobrei as mangas, a gravata seria impossível de ser colocada. Pensei no que fazer com aquele pedaço de pano vermelho, tive a ideia de usá-la como prendedor de cabelo, fiz um rabo de cavalo e amarrei bem firme com a gravata. Me olhei no espelho do banheiro e não estava tão ruim, voltei para o quarto para pegar meu tênis novo e Izuku me olhou da cabeça aos pés de boca aberta.

- Que foi? – Perguntei sem entender.

- Nada não, isso é a gravata em seu cabelo? – Afirmei com a cabeça e calcei meu sapato com calma.

- Estou pronta. – Falei ficando de pé e testando o conforto do calçado. – Vamos?

Ele pegou a mochila e descemos pelas escadas, estava com trauma daquele elevador, percebi os olhares dirigidos a nós dois e ignorei. Mas não estava preparada para a onda de sentimentos que me atingiu, de repente fui inundada por emoções mistas de inveja, desejo, vergonha, cansaço, surpresa e até remorso... Engoli em seco e respirei profundamente tentando fingir que não estava acontecendo um tsunami estranho dentro de mim. Fui até a cozinha e peguei uma banana, só então percebi o tremor nas mãos, então desisti da ideia de comer alguma coisa. Meu estômago provavelmente não aguentaria nada com o furacão em meu interior. Vi as meninas conversando perto da mesa de jantar e fui até lá cumprimenta-las.

- Bom dia! – Falei forçando um sorriso, algumas das emoções que eu estava sentindo intensificaram e ficaram quase sufocantes.

- Adorei o que fez com o uniforme. – Mina falou e sorri em resposta.

Estou em um ISEKAI?!Onde histórias criam vida. Descubra agora