Lia Mannavegr

CAPÍTULO IV - Sonho ou pesadelo?

Hoje a manhã está esplêndida, os passarinhos acordaram cedo cantarolando para o nascer do sol. Sinto-me tão feliz a ponto de querer cantar com todos eles. Mas tem algo que está me deixando fora de minha realidade, foi um sonho que tive essa noite.

Eu estava em um jardim enorme e encantadoramente lindo, até as coisas mais perfeitas do mundo de fato não chegavam nem aos pés daquilo. Naquele lugar habitavam flores de todos os tipos e a paz reinava entre as árvores, de longe eu conseguia ouvir o som do riacho e os anjos cantavam em cima das águas. Eu escutava a voz dEle, Ele me chamava... e eu corria, corria para Ele. E cada passo que eu dava, me aproximava cada vez mais do meu Pai, e meu coração estava tão acelerado quanto um trem em velocidade máxima. Tudo que eu mais queria era estar com Ele. Até que eu o encontrei, e me aconcheguei em seus braços... em seus braços de amor. Lá eu não sentia dor, angústia ou aflição. O sofrimento não existia e a alegria era abundante. Ele segurou a minha mão e nós corremos juntos no meio das árvores. Eu estava muito feliz ali, com o meu Amado.

Os seus cabelos eram brancos como a lã, seus olhos eram como chamas de fogo. Da sua boca saia uma espada e sua voz... Ah, era como a voz de muitas águas e os seus pés eram como o bronze polido... O seu rosto brilhava como sol e o sentimento ardente que sinto em meu coração toda vez que o Espírito Santo vem, estava presente ali como nunca esteve antes. Ele veio, como nunca veio antes e foi então que eu percebi que nunca mais seria a mesma.

Pois depois que Ele vem, é impossível ser a mesma pessoa. Deus me mostrou o quanto sou amada por Ele. Ele sempre está comigo, quando eu estou perto ou quando estou longe dEle, mesmo assim Ele ainda está comigo. E isso me faz pensar... O quão grande é o amor de Deus por nós! Pois muitas vezes eu me afastei e frustei-me com as coisas desse mundo, e quando pensei em voltar para casa lá estava Ele. No mesmo lugar. Me esperando de braços abertos. Com um esplêndido sorriso no rosto, olhando para mim. Sem julgamento. Sem condenação. E sim com alegria e muito amor.

O amor de Deus nos constrange, pois Ele perdoa coisas que nós jamais perdoaríamos, e esse amor faz com que nós nos arrependêssemos dos nossos erros. Porque não vale a pena viver uma vida sem Deus. E é esse amor de Deus, que me da segurança para viver em paz... Todos os dias...

E no jardim foi isso, Jesus estava comigo, e eu ficaria para sempre naquele lugar. Completamente sem nada, sem dinheiro, sem casa, sem meus pais, sem amigos, sem pessoas, sem nada! Só com Ele. Porque sei que tendo Ele, eu já tenho tudo!

- Sunflower é parecida com o meu sonho, Valente. - Digo para o cavalo a minha frente, fazendo carinho no mesmo - Ah, não vejo a hora de estar nesse jardim. - Valente mexe a cabeça e entendo como um sinal positivo, sorrio - Agora eu preciso ir... - Abraço-o - Você acha que eu me sairei bem hoje? Oh me deseje sorte! - Olho mais uma vez para ele, antes de me virar e afastar-me do celeiro.

Respiro fundo e tomo coragem para seguir em frente. A casa de Hanna é a caminho da escola, por conta disso, ela sempre me esperará para irmos juntas. Estou contente por saber que ela vai enfrentar isso comigo, e mesmo sabendo de suas dificuldades darei o melhor de mim para ajudá-la.

No caminho, vejo uma cerca grande com alguns bezerros por perto, mas distante avisto uma casa grande com portas e janelas bem amplas ao lado, um celeiro e mais distante alguns gados. Presumo que seja a fazenda dos Blake. A minha curiosidade de entrar e observar melhor as coisas é maior do que as árvores mais altas do bosque, mas não posso perder o foco, deixarei isso para trás. E em breve descobrirei mais sobre essa família.

Acelero meu passos e em pouco tempo consigo ver Hanna segurando seus livros e com um sorriso tímido no rosto. Corro e nos unimos em um abraço forte e apertado, digo:

- Oh Hanna, estou tão feliz em vê-la.

- Meu coração está tão acelerado que é capaz de sair pela boca. - Diz ela enganchando em meu braço, começamos a andar.