paixão

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oi ^ ^ muito obrigada por ler, espero que goste desse

você pode escutar arsonist's lullabye do Hozier durante o capítulo, mas é opcional

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Ainda havia tinta em suas mãos quando caminhou descalço para fora do ateliê. Havia tinta e ela era púrpura, rubra e âmbar.

Estava trabalhando em um dos últimos quadros para a próxima exposição e aquele em específico tratava da sensação de agonia que Jimin confessara ter experimentado enquanto tentava conciliar o que sentia por Taehyung com sua falta de livre arbítrio.

"— Este precisa ser solar", seu anjo lhe dissera. "Mas o torne agressivo de algum modo, por favor".

Sentou-se no chão frio, dorso nu de encontro à parede e raios de Sol sobre a têmpora. Era fim de tarde, início do Outono, e Jimin dançava lá fora.

Alcançando o maço de cigarros no aparador, levou um deles à boca e se demorou enquanto riscava o fósforo; sentindo o cheiro da pólvora e ouvindo o sussurro da ponta deslizando em uma das laterais de sua caixa de Pandora. Encarou a chama por um instante, sorrindo de modo involuntário enquanto liberava seus demônios.

A fumaça lhe corroeu por dentro ao tragar pela primeira vez; uma breve sensação de sufoco lhe acometendo quando seu ritmo cardíaco saiu do controle e ele perdeu o fôlego.

Seu mundo se resumiu a cinzas e brasas.

E seu mundo era ele.

Jimin se movia como quem cultua divindades devassas. As coxas fartas em um jeans justo, rasgado e embebido em seu próprio suor. Músculos se flexionando em ângulos que davam a Taehyung mais do que apenas duas ou três possibilidades de mandar Deus ir se foder.

Ali, todo úmido e cheirando a Sol, a bata de linho caindo por um dos ombros e se erguendo no abdômen a cada mínimo movimento... Taehyung era católico, mas tinha absoluta certeza de que aquilo lhe consumia em devoção em níveis que jamais experimentara durante qualquer das ocasiões nas quais caíra de joelhos em frente ao Santo Sacrário e ficara ali prostrado até que a dor em suas pernas fosse maior que a culpa por querer ferir alguém. Ou até que desmaiasse.

Acompanhou o movimento das mãos de Jimin, uma delas subindo sem pressa pela perna dele, aplicando força como se estivesse se apalpando. E então ambas fizeram um movimento fluido no ar para em seguida irem até seu pescoço. O anjo imediatamente lhe encarou; sobrancelha arqueada, queixo erguido. Taehyung perdeu a linha.

Tateou a cômoda em busca do cinzeiro e ouviu o tilintar leve do metal quando o pousou no chão, mas não desviou os olhos. Esmagando o cigarro para apagá-lo, expirou a fumaça para fora dos pulmões bem devagar - ainda sentia o gosto lhe ferindo a laringe; ardia.

Se ergueu e caminhou até Jimin, esperando que os movimentos dele cessassem. Quando o fizeram, Taehyung sorriu para seu anjo; uma mão deslizando por dentro da túnica, unhas arranhando a carne suada, agarrando sem dó e sem perguntar se poderia porque sabia que tudo ali tinha dono e era ele. Lhe segurou também pela nuca, os dedos em um aperto gostoso deixando ali rastros de tinta solar.

E Jimin arfou, de cansaço e desejo. Arqueando o pescoço para trás e engolindo em seco enquanto Tae lhes juntava os quadris.

— Vamos fazer aqui — sussurrou para o anjo, seu timbre soando mortificado enquanto as palavras lhe arranhavam a garganta seca. Resvalando a língua pela clavícula dele, propôs: — Ainda na luz do dia, com seu Pai podendo ver tudo. Eu sei que a proposta te agrada.

Chupou o ombro de Jimin, puxando a manga da roupa para baixo até ouvir a costura protestar. Os dedos ainda cravados na nuca dele o impediam de reagir de outra maneira que não pressionando as próprias unhas contra os antebraços de Tae, respiração entrecortada e lábios partidos arquejando em busca de fôlego.

arsonist's lullaby🔥kth + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora