Addict With a Pen

Carta 4

São sete da noite. Josh bate a porta do carro e se despede de Debby. Ele checa sua carta de correio

- O Brendon esteve aqui – diz, ao perceber que a carta que escreveu já não está mais ali.

Ao entrar em casa, Jim está alegre em ver seu dono. O cão saltita enquanto sua cauda balança rápido, agitando o ar.

- Ahh garotão! Sentiu minha falta? – pergunta Josh com um sorriso no rosto. O peludo está fazendo uma verdadeira festa de boas-vindas.

Josh dirige-se ao chuveiro. É hora de descarregar tudo acumulado em um longo e estressante dia de trabalho em que não conseguiu vender nada. Mas sua cabeça é inquieta.

" Angela" "Acidente" "Morreu" "Tyler" "Suposições" "Padrasto"

Tais pensamentos permeiam a mente do vendedor de automóveis de luxo, que começa a se perguntar qual seria o paradeiro do rapaz. Ao terminar o banho, despenca em seu sofá, exausto do trabalho.

Seus sonhos são reflexo do que pensou durante o dia e das palavras que vagavam em sua mente. Ele vê um homem em um quarto escuro, em frente a um computador, com uma caneta envolta nos dedos e um sulfite sendo riscado pela tinta. O jovem veste um moletom com capuz preto. Seu rosto não pode ser visto, pois é coberto pelas vestes. O jovem murmura algo. Passos são ouvidos em sua direção e o rapaz esconde o papel sob o teclado. Uma silhueta surge e pega Tyler pelos braços, puxando-o rápida e subitamente.

Neste momento, Josh acorda em um pulo, ofegante. É sábado. A primeira coisa que ele faz é pegar seu telefone e ligar para Debby.

- Oi Debby, desculpa incomodar, mas será que eu poderia falar com a sua mãe? Isso, Angela. Ah, tudo bem, depois nos falamos. Obrigado, tchau.

A mãe de Debby estava ocupada assando biscoitos de gengibre. Josh já os provara antes. Seu sabor era delicioso, incomparável. Indescritível. Mal podia esperar para comê-los novamente.

A internet é uma poderosa aliada em buscas do dia a dia. "Por que não pesquisar por Angela Joseph?", pensou o rapaz. E assim o fez. 45 anos, viúva, mãe de um filho (Tyler), funcionária de um banco. Morta há 8 anos em um acidente de carro. Josh encontrou até mesmo seu endereço. Era o mesmo da casa em que morava. Sentiu calafrios.

- Bizarro... Como pode? O que será que aconteceu pra ela querer sair naquelas condições? E mais, o que será que houve com Tyler?

Uma breve busca por Tyler Joseph mostrava resultados desatualizados. O jovem é filho de Angela e Carl Joseph. As informações, de 8 anos atrás, mostram uma foto do menino aos 12 anos de idade em sua escola. Esboçava um sorriso alegre de criança.

- Ah garoto, eu sinto muito por você, perder a mã -

Josh é interrompido subitamente pelo ruído de um metal. Jim começa a latir alto.

- Calma, garotão – diz, tentando acalmar o cão – Eu vou lá ver o que é.

Ele caminha lentamente em direção a porta. Seus passos não podem ser ouvidos, nem menos no absoluto silêncio do ambiente. A porta range e, ao abrir, revela o quintal e a rua. Observa e não vê sinal de vida. Consulta a caixa de correio e lá está: outro envelope pardo com listras amarelas enviado por Tyler Joseph.