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Em uma sexta-feira ensolarada, estávamos na beira da piscina, de bobeira. Um copo de limonada foi servido, com bastante gelo e um guarda-chuva colorido.

- Sério que ele também vai cuidar do buffet?

Brad fofocava com minha irmã, que mostrou algumas fotos de Dave, além de contar algumas histórias da nossa infância. Durante esse tempo, apenas revirei os olhos e bufei algumas vezes.
Acho que nunca fiquei tão ranzinza como hoje.

- Com certeza vai! Ele é o melhor. Acredite. Ninguém cozinha como o Dave.

Fingi uma ânsia, e deixei a área da piscina resmungando. Iria até a floricultura encontrar minha mãe. Era bem mais interessante que ouvir Violet falar sobre ele.
Ninguém compreende o motivo de nós dois mantermos essa relação de ódio, mesmo após anos. Na verdade, nem a gente consegue entender. Porém, somos orgulhosos demais para dar o braço a torcer e manter um contato pacífico.
Acompanhava no Instagram as fotos natalinas com a presença de Dave, sempre sorridente ao lado das nossas famílias. Falso. Provavelmente queria jogar na minha cara que ele é super certinho e um exemplo impecável. Até minha vó adorava ele! E ela não suporta quase ninguém.
O caminho até a floricultura era curto, e agradeci mentalmente por isso. Minhas botas de salto não combinavam nada com os paralelepípedos. Pelo menos minha jardineira é linda.

- Querida, pode buscar as tulipas pra mim?

Mamãe gritou, andando de um lado para o outro com um buquê quase pronto nas mãos.
Assenti, indo até os fundos da loja. No meio de tantas flores, caixas e laços, tentei procurar as tulipas. Nunca pensei que seria tão difícil, precisei procurar no Google pra saber como eram.

- Mãe, essas são tulipas ou...?

Levei uma das caixas até o balcão, tão focada nas flores que não reparei quando alguém se aproximou.

- Lianne?

Dei um pulo ao reconhecer a voz grossa que chamou por mim, trombando em uma caixa com pétalas, e tudo se espalhou no chão.

- Merda, Dave. A culpa é sua.

Murmurei, semicerrando os olhos. Dave tinha um semblante divertido, com os braços cruzados e seus fios loiros bagunçados. Na minha cabeça, ele não era tão bonito assim.
Provavelmente fiquei muito tempo o encarando, ou babando, que fez ele gargalhar. Pisquei algumas vezes até sair do transe, e comecei a juntar toda a bagunça.

- Também é ótimo te ver novamente, Lia. Poderia dizer que você cresceu, mas seria mentira.

Dave já estava implicando comigo e não faziam nem dois minutos do nosso reencontro. Admirável a capacidade em ser insuportável.

- Ha ha ha! Estou morrendo de rir.

Mamãe apareceu novamente, com um sorriso gigante.

- Sua irmã amou o buquê. Dave! Chegou a tempo do ensaio.

Ignoraram completamente meu estado decadente, recolhendo as pétalas e descabelada. Ensaio? Nem eu sabia que teríamos um ensaio de casamento.
Quando terminei de organizar as coisas, encontrei dois pares de olhos curiosos me encarando, esperando por uma resposta. Agora queriam minha participação no assunto e sequer ouvi a pergunta.

- Que foi?

Mamãe era uma amiga da onça. Sorriu forçadamente, repetindo o comentário:

- Dave disse que sentiu sua falta. Estamos esperando uma resposta.

Sabia bem que ela estava me ameaçando internamente para retribuir com um comentário gentil, embora não fosse uma das minhas opções. Coloquei a mão direita em meu peito, fingindo estar lisonjeada.

- Sério? Isso é adorável! Uma pena não poder dizer o mesmo.

Entre gargalhadas de Dave e reclamações de mamãe, deixamos o estabelecimento, rumo ao ensaio do casamento e, a última tortura da semana.


Não Revisado.

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