subterfúgio de um universo em colapso

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Meteoros chovem dos teus olhos de galáxias, as elipses já tontas pelo centro escuro de solidão molhada. O hidrogênio machuca e eu disse-lhe que trouxesse um guarda-chuva.

O planeta vermelho está morto e se põe sobre o gigante - mais uma lua, que diferença faz? Eu disse que varreria todos os empecilhos até que se tornassem poeira de Saturno.

O problema era que o problema não era esse. O malquerer do deus sangrento não era o nosso inimigo, era o próprio Amor que girava contra nós, fazendo a luz se perder pela translação errônea e de nada mais a gravidade se valia.

Fugir é o que me resta. Velae vai a frente, prometi-lhe, pois, que subiríamos a bordo de Argo Navis. Mas a constelação se foi, assim como a lua do Amor, absolvida pelo sol invejoso, dobrando tudo a seu próprio centro, mas eu te juro que não vai afetar a magnitude do que sinto nas minhas entranhas.

Mas o calor rachou-me no meio, desintreguei em farelos e beijo o mar indômito, sedento por ser privado da paixão além da aurora. E assim, vou-me acabando, passo o dia a gemer e então vem o crepúsculo a gelar-me até a medula dos ossos e triturar o meu âmago incadescente.

Vivo de promessas e essa é a última que farei - estou tão perto do fim, esqueça todas as outras que te fiz, admito que fui perfídia e estive me enganando esse tempo inteiro. Dessa vez acredite e só assim poderei cumprir: prometo que haverá um Universo onde tudo dê certo.

✦ O ÚLTIMO SUSPIRO DO COSMOOnde histórias criam vida. Descubra agora