Às vezes acho que minha família está testando a minha paciência, não é possível toda essa lição de moral porque decidir terminar meu noivado, afinal quem iria passar o resto da vida com a Tifanny seria eu, não eles, não é como se meu namoro de seis anos com a minha amiga de infância não significasse nada, mas definitivamente decidir que não quero viver a minha vida preso a outra pessoa que nem sinto mais atração, não foi uma decisão fácil, finalmente tomei coragem para sair fora e deixar ela viver em paz, não queria viver uma vida morna, não seria infeliz com ela, porém também não seria feliz, mas a falta de felicidade já não significa infelicidade? Ah nem sei mais o que estou pensando.
- Pierre meu filho estamos falando com você, sua mãe te fez um pedido - diz meu pai com toda mansidão que já é de costume.
- Não custa nada Pi, se sua família realmente importa para você, você precisa voltar com ela. - articulou minha mãe.
- Foi mal estou sem fome, vou para o meu quarto - digo já me levantando.
Enquanto subo as escadas ouço a minha mãe gritar algumas frases, mas não consigo entender quais são, acho que é o de sempre, que eu sou a vergonha da família e nem pareço que sair dela, pego meu celular e ligo para o Cícero. Ele sempre está disponível.
- E aí cara, bora arrumar um rolê? - digo me jogando na cama
- Fala Pierre, é pra já, lembra daquelas donas brasileiras? São suas favoritas - responde ele assim que atende.
- você sabe me agradar, passo aí em dez minutos.
Moramos no mesmo condomínio, passo na casa dele, depois no hotel para pegar as meninas, enquanto arranco com toda velocidade elas se divertem no teto solar da minha Ferrari. Chegamos na melhor balada de toda a cidade de Malta, somos muito bem recebidos, pegamos o camarote que já estava reservado com o meu nome, pedimos algumas bebidas, sentamos enquanto as brasileiras rebolam na nossa frente, Cícero tem razão são as minhas favoritas.
As frases da minha mãe retornam invadindo a minha mente, por mais que eu saiba que ela sempre foi assim, por mais que eu queira não me deixar afetar com tantas palavras ruins, é inevitável que eu não me sinta impotente ouvindo sempre que não sou o suficiente, talvez seja por isso que não me dedico, nunca vou chegar ao nível suficiente para merecer o afeto dela. Eu sei do meu potencia e mesmo assim duvido o tempo inteiro dele, é um sentimento de frustração e impotência que eu não gostaria que ninguém passasse, é como se eu não tivesse motivos para odiar a minha vida e mesmo assim a faço, esse é o motivo para que eu beba e saia tanto, eu sempre estou ansiando por me rodear de pessoas toscas, medíocres e superficiais, porque elas parecem ter interesse em algo que eu digo, mas eu sei que é só fingimento. A Tifanny já enfatizou diversas vezes que nunca entendia essa necessidade que eu tinha de me rodear de pessoas, ela nunca vai entender o que é precisar de validação humana para fazer sentido viver.
- O que seus pais acharam do pé na bunda que deu na Tiffany?- Cícero pergunta intrigado.
- fratello, meus pais estão completamente revoltados, na verdade esse namoro para eles sempre se tratou de negócios mesmo.- declaro olhando fixamente para a tela na minha mão.
- Você está exagerando, ela é perfeita, eles se importam com você.- manifestou Cícero.
- Eles não se importam com o que eu sinto senão estariam felizes agora, e sim ela é perfeita, até demais eu diria, não tinha emoção, não dá para permanecer na vida de alguém sem sentir nada além de carinho, eu sinto que mereço mais, eu quero viver, Cícero. Na verdade nem sei se um dia realmente amei ela, meus pais só se importam com a aliança com a família mais poderosa da Itália - Digo enquanto uma das meninas sobem no meu colo.
- Joias dá muito dinheiro e eles fizeram um verdadeiro império, você deveria levar em consideração a opinião dos seus pais, eu não sei do que você tanto reclama, eles são perfeitos. - Afirma Cícero.
Olho para a tela que está escrito chamando e claro que é a Tiffany, eu resolvo que não é o momento agora de nos falarmos. Eu gostaria muito de um contato e uma amizade de verdade com ela, que é uma das pessoas mais incríveis que pude desfrutar da presença, mas nesse momento preciso que ela não nutra mais nenhum sentimento por mim, como eu, é claro que terminei com elas meses na minha consciência antes de terminar de fato.
- São sim perfeitos, sou eu quem atrapalho, quer saber talvez sem a minha presença eles possam ser mais felizes. - afirmo pensativo.
- Vamos passar um final de semana fora? Posso levar elas com a gente?- pergunta Cícero.
- Na verdade eu tenho uma ideia bem melhor que essa. Vou me mudar para o Brasil, eu amo aquele lugar me sinto verdadeiramente livre, as pessoas não são preconceituosas e ninguém se importa com qual família você pertence, não fazem acepção de pessoas em nenhum momento- digo imaginando já a minha chegada no Brasil.
- Você está maluco vai se mudar para o Brasil?- diz Cícero espantado.
- Eu ouvir bem? Que incrível, precisamos comemorar - afirma uma das brasileiras chamando o garçom.
- Vou assim que possível- digo com convicção.
- Seus pais não vão topar, fratello - Cícero pega as tequilas.
- Relaxa Cícero você vai junto - digo segurando minha dose.
- Vamos convence-los, afinal você é Pierre Ferrari, você consegue tudo. - Todos viramos uma dose de tequila.
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Aerofólio
RomanceUm romance cheio de velocidade. Ele um piloto de formula 1, recém chegado ao Brasil, charmoso, misterioso e intrigante. Ela uma menina esforçada que nunca namorou, marrenta, discreta e decidida. Geralmente o amor basta para duas pessoas ficarem junt...