Acorda!

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 - Ahhhhh!

 - Some da minha frente com essa moto serra!

 - Fila da curva!", [xingamento feio e palavras sem sentido] saem da boca de Liz enquanto ela dorme.

 Inesperadamente se acalma e vai relaxando até que dorme.

 "Parece que ela estava sonhando" pensa dona Ilza, sozinha no quarto olhando a filha dormir, se apega às lembranças da menina linda e irradiante, agora são só lembranças que vêem ao seu pensamento....."que menina inteligente, sorridente, bonita igual a mãe, sempre foi muito esforçada e estudiosa. Essa menina sempre foi a frente de seu tempo, uma pessoa com seus pensamentos, que sabe fazer críticas, mas também age, ela nasceu para ser livre.... Viver do seu trabalho.... Como será agora?".

 Toma um café sem fazer barulho e os pensamentos continuam lhe afligindo.

 "Tenho medo por ela, como vai superar isso? Nossa minha menininha sempre tão esperta, começou a andar com menos de 1 ano"... e as lágrimas vão embargando a voz que fala lá dentro do peito, neste momento Ilza sente sua fé questionada pela situação que a filha vive, mas continua com suas lembranças ... "com 5 anos já sabia ler (e chora muito). Após se acalmar, continua seus pensamentos: "virou uma adolescente de atitude, teimosa, adora se mostrar e provar que é mais esperta que as amigas, que os pais. Ela vai precisar muito de ajuda", e pega no sono na poltrona enquanto pensa em como cooperar com a filha nos desafios de viver sem uma perna, ainda com o coração muito pesado.

 Eu queria dizer que Liz acordou com um belo sorriso no rosto, mas infelizmente a dor não deixava ela esquecer das dificuldades que teria pela frente, a dor era justamente na perna que ela não tinha. Até que a enfermeira chegou com a medicação para dor, pouco depois foi aliviando ela pode comer e mais uma vez recebeu o banho na cama, enquanto era "lavada" pela equipe de enfermagem, mãe e filha choraram e consolaram-se mutuamente. Foi uma das cenas mais comoventes que aquele hospital presenciou. Ao mesmo tempo que apoiava a enfermeira no, chorava e consolava a filha. "A cada atividade que concluímos com a Liz é uma batalha que vencemos" disse a enfermeira.

 Os dias foram passando cada vez mais rápido para nossa amiga, ela ainda enfrente muitos problemas de aceitação, vaidade, vergonha, um misto de frustração, revolta, muito medo do desconhecido e nervosismo. Salpicado de tristeza, abandono e solidão, junte tudo no multiprocessador de Egos chamado cama de hospital, aqui onde o ultimo desejo não é ganhar na loteria, nada material. Quando está nessa cama o que se deseja é o perdão.
Não tem ego que suporte algumas horas internado por motivo grave. Liz vai rompendo os dias, algumas vezes sorrindo, a maioria se arrastando pra fora do buraco que sua alma quer entrar. Quase sempre chorando nesse início, mas sem jamais perder a esperança. No olhar e nas palavras, essa atitude encanta à todos no hospital, os médicos disseram que esse pode ser um dos motivos para ela não apresentar quadro depressivo depois de perda severa, mas que ainda é cedo para diagnóstico, que a família deveria continuar com o tratamento e reabilitação psicossocial.

 "Mãe é comum encontrarmos extremos, tristeza profunda no início ou total desconexão ou negação da perda" disse a Dra. Karla Fernandez chefe da Ala de recuperados do hospital, e continuou "sua filha está se recuperando física e psicologicamente bem? Sim, mas não significa que não haverão recaídas, a família precisa estar por perto para apoiar" disse a médica aos pais de Liz sem que esta soubesse. 

- Doutora, como funciona esse negócio de prótese? Ela vai poder usar? Perguntou Amaro, pai de Liz, expressando muita preocupação no semblante e na voz.

 - Aparentemente sim senhor Amaro e dona Ilza, mas a vontade dela é tudo. Vamos trabalhar bem essa parte e passamos para a próxima no tempo certo, disse a médica, saindo.
Os pais de Liz se entre olharam com ar de preocupação, se abraçaram prolongadamente deram as mãos e foram para o quarto da filha.

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⏰ Última atualização: Aug 19, 2022 ⏰

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