Maitê Dutra
RECIFE, PERNAMBUCO.
8:12am |Terça-FeiraCaminho pelo hall de porcelanato tentando conter o nervosismo que se instala em minhas veias a cada passo que dou para dentro daquela luxuosa empresa. Pela manhã recebi todas as informações necessárias para a entrevista, e Natalia me informou que a empresa fica no centro de Recife e que o uso de um terninho é indispensável.
Eu não tinha um terninho.
No auge das seis da manhã fui atrás da minha vizinha que eu sabia que trabalhava como assistente em um banco, ela salvou a minha pele ao me emprestar um tubinho, não era um terninho mas também não era a calça jeans que eu pretendia usar, seu comprimento bate acima do joelho com um corte de três centímetros na lateral e o único problema era que eu tinha certeza que ficou um pouco justo na coxa, percebi assim que entrei no lobby e os olhares se voltaram para aquela região.
Caminho em cima dos Scarpin tentando não cometer um gafe aqui no meio do pessoal. Consigo chegar até a recepção em cima dos saltos mas com as coxas prestes a ficarem assadas. Deveria ter passado um óleo corporal.
— Olá, bom dia. — Desejo a loira atrás do balcão, seu olhar se volta para mim e ela inspeciona minhas vestes antes de focar seu olhar em meu rosto. — Tenho uma entrevista com a recrutadora Barbara Queiroz.
— Bom dia, pode me informar seu nome por favor? — Pede fixando seu olhar na tela do seu computador.
— Maitê Dutra da Assunção.
A recepcionista me olha com uma das sobrancelhas pintadas erguida, indago em silêncio se há algo de errado e me pergunto se pode ser o meu batom que está borrado.
— O documento, por favor.
— Oh, claro. Desculpe-me. — Abro a minha bolsa, agarro minha carteira e retiro de lá o meu documento RG.
Aguardo em silêncio que os meus dados sejam passados para o computador, em determinado momento ela aponta uma mine câmera para o meu rosto e pede para que eu permaneça parada e assim eu faço, quando a foto é tirada a minha credencial é entregue já com a minha foto nela. Não preciso nem comentar que eu estou parecendo um bicho do mato, apesar de está maquiada aquele ângulo não me favoreceu em nada.
— Segundo andar, setor três. — Ela aponta para os elevadores, agradeço e recolho meu documento e sigo até o elevador.
Percebo que para chegar até o mesmo é necessário passar por uma catraca e me identificar com a minha credencial através de um código QR, só para assim conseguir chegar aos elevadores. Achei a segurança bastante avançada e profissional.
Em poucos segundos estou no segundo andar do que imagino ser o RH, peço informações e sou indicada até uma sala amarela no final do corredor. Sigo até ela e não consigo conter a surpresa quando vejo cinco pessoas aguardando para serem entrevistadas, o olhar dos cinco passam por mim e percebo a hostilidade pairando no rosto do primeiro, a segunda parecia um pouco aliviada, a terceira esta com uma cara de quem iria vomitar em breve, a quarta me olhou com inferioridade e o último é um homem cujo por debaixo da camiseta social é possível notar alguns contornos de tatuagens, o mesmo me olhou com visível interesse.
— Bom dia. — Desejo brevemente me acomodando na cadeira da fileira, pouso minha bolsa em meu colo e aguardo ser chamada.
Foram incontáveis minutos, todos foram entrevistados antes de mim e eu acompanhei a expressão cabisbaixa de todos que deixaram a sala da recrutadora me deixando um pouco aflita só em pensar na possibilidade da minha vez não ser diferente.
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Armações do amor (Fazenda dos Alcântaras)
RomantikDono de uma das maiores redes de alimentos agriculturas do Brasil, Miguel Alcântara é conhecido por ser um dos empresários mais bem sucedidos do estado de Goiás e um dos mais cobiçados também. É destemido e não mede esforços para ter aquilo que quer...