Maitê Dutra
RECIFE, PERNAMBUCO.
11:55 | Segunda-feira.Observo as pessoas caminharem pela orla da praia com seus biquínis da moda, saídas de praias coloridas e conversas animadoras. Um pouco distante é possível enxergar os guarda-sóis abertos na areia clara, um pouco mais a frente as ondas chamam minha atenção naquela tarde de sol escaldante, talvez eu venha mergulhar pelo fim da tarde.
Seguro no volante do meu carro e foco meu olhar no semáforo, não podia me dar ao luxo agora pois preciso levar as menina até a escola e depois volta para casa e começar a procurar emprego logo.
— Mãe, a gente poder ir na praia semana que vem? — Duda pergunta do banco de trás aguardando o semáforo abrir junto comigo.
— Fomos na praia semana passada, Duda.
— Mas a gente mora do ladinho da praia, mãe.
— Eu sei, mas o nosso dinheiro está pouco, quando a mãe tiver um pouco mais prometo que vamos.
Elas não insistem nisso, apesar da decepção no seus rostos infantis elas sabem que eu só digo não a um pedido delas quando realmente a situação não esta favorável para mim.
Em poucos minutos estou estacionando o carro em frente a escola das duas, destravo as portas e deslizo para fora do banco e abro a porta de trás para que elas saiam.
— Se comportem — peço beijando o rosto de Duda —estudem muitos e nada de brigas. — finalizo com um beijo na testa de Maria Luiza, elas me dão um abraço breve e correm para dentro da escola.
Aceno para a Sônia, uma das inspetoras da escola que sempre está no portão aguardando as crianças. Ela acena de volta e eu lhe dou as costas voltando pra dentro do carro e seguindo rumo ao apartamento.
Passo a tarde inteira na rua entregando currículos em lugares de fácil acesso, sempre ouvindo que o estabelecimento está sem vagas e isso me frustrou bastante pois sei o quão difícil é arrumar emprego no meio do ano. Tive sorte de conseguir deixar três currículos em farmácias que estava pegando sem experiência e em um supermercado da região.
Por volta das quatro resolvi entrar um pouco na praia, acompanhei os movimentos das ondas enquanto me aproximava e quando encontrei um lugar disponível na areia me sentei e observei o quase pôr do sol em andamento.
Estava tão focada em contemplar o pôr do sol que nem ouvi quando meu celular começou a tocar, demorei alguns minutos para sentir o aparelho vibrando em meu bolso e atender, verifico o identificador de chamadas e noto que se trata da Natália.
— Oi, Na. Tudo bem?
— Oi, Má. Tá tudo ótimo e contigo? — Ela diz animada, me sento direito na areia imaginando o que ela tenha para me dizer.
— Passei a tarde inteira fora e consegui entregar só três currículos, cinco foram recusados porquê o estabelecimento não tinha vaga. Já dá pra imaginar como estou, não?
— Pelo menos conseguiu entregar três.
— Dois em uma farmácia e um como caixa em supermercado, você deve saber o quão exigentes esse pessoal de farmácia são com os funcionários, se pedirem carta de recomendação tenho certeza que não vou ter oportunidade nem como faxineira.
— Amiga, eu já não falei pra você parar de ser pessimista?
— Como Natália? Arthur fodeu com todas as minhas chances de trabalhar novamente ao escrever aquela carta de referência péssima.
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Armações do amor (Fazenda dos Alcântaras)
RomansaDono de uma das maiores redes de alimentos agriculturas do Brasil, Miguel Alcântara é conhecido por ser um dos empresários mais bem sucedidos do estado de Goiás e um dos mais cobiçados também. É destemido e não mede esforços para ter aquilo que quer...