only then

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o jeito para me amar não é difícil, apenas me abrace forte como agora. nós não sabemos o que nos acontecerá mais tarde, mas eu gosto que não há nada decidido.

[only then by roy kim]

Como estão as coisas? — Taehyung suspirou quando Namjoon fez a pergunta pelo que parecia ser a milionésima vez no dia.

Como estavam as coisas? Bem, em resumo, um completo desastre. 

Quando o relógio marcou a primeira hora do primeiro dia de dois mil e vinte, Taehyung prometeu a si mesmo que faria daquele ano, o seu ano. Ok, ele basicamente prometia isso em todas as viradas de ano, mas estava otimista daquela vez. Não estava só se baseando em expectativas e desejos, dessa vez ele tinha fatos: já tinha uma peça de teatro marcada para o final de Fevereiro, conseguiu papel em dois pequenos comerciais, estava muito perto de alcançar a quantia almejada para a viagem que estava planejando fazia quase dois anos e, não menos importante, ele tinha passado na pré-seleção da KeyEast, uma agência de entretenimento sediada em Seul, e estava aguardando o chamado para concorrer a uma vaga entre a enorme lista de atores e atrizes que a empresa gerenciava.  

Era tudo tão surreal que chegava a sobrecarregá-lo, mas ele estava completamente positivo que as coisas dariam certo. Podia não ter o diploma de uma universidade renomada da Coréia do Sul e ter passado todos os quase dois anos, desde a sua formatura, sobrevivendo de papéis mixurucas e trabalhos de meio-período, mas Taehyung tinha talento. Sabia disso. Talento esse que foi reconhecido por aquela senhora de sorriso retangular, muito parecido com o seu, que estava na platéia da última peça que o Kim estrelou e, no final da apresentação, ofereceu-lhe um cartão de visitas com o nome da sua empresa e uma oportunidade de fazer parte. Então sim, aquele tinha tudo para ser o seu ano.

Era uma pena que o universo não concordava consigo.

Quando a pandemia se alastrou pela Coréia do Sul e os casos atingiram números preocupantes, Taehyung estava hospedado no apartamento do seu primo favorito — Kim Namjoon — em Seul. Ele tinha viajado de Daegu para a capital porque sua audição na KeyEast tinha sido finalmente marcada. Por puro descuido, o jovem ator acabou comprando uma passagem de trem antecipada e, devido a dias ocupados, não conseguiu trocá-la a tempo. Então lá foi ele, uma semana antes da entrevista, passar boas horas sentado em um trem, tentando não pensar no momento decisivo que o aguardava a pouco menos de sete dias.

Namjoon não estava em casa. Ele estava no meio do seu mestrado de Psicologia na Universidade de Seul e tinha passado em uma seleção para se juntar a um grupo disputado e pequeno, que sempre participava de uma espécie de conferência histórica em Londres — algo assim, Taehyung não entendia muito bem e preferia não perguntar ao mais velho porque acabaria ouvindo o mesmo discurso intelectual e confuso de sempre. De qualquer forma, era para Namjoon voltar dois dias depois da chegada de Taehyung em Seul — essa que não era um problema porque o Kim mais velho tinha um colega de apartamento, então o mais novo não estava sozinho. E estava tudo nos conformes, até o governo de Seul declarar a quarentena obrigatória.

Os aeroportos foram fechados, então Namjoon não pôde voltar no tempo estipulado, assim como as estações e entradas de várias cidades. Taehyung também não conseguiu voltar para casa porque Daegu foi a primeira cidade a declarar o isolamento e, além disso, sua audição ainda não tinha sido cancelada oficialmente. Ele passou três dias em total apreensão, trocando mensagens ansiosas com os pais — que o aconselhavam a voltar logo — até receber um email no último minuto da agência, avisando que a entrevista estava cancelada temporariamente. Nessa altura do campeonato, Taehyung não tinha mais nenhum meio para ir embora da capital.

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