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Comentem coalas!

             Aquela já era a décima primeira reunião que Castiel presidia apenas naquela semana. Não aguentava mais aquele bando se velhos corocas que insistiam em implementar regras sem pé e nem cabeça, além de totalmente ultrapassadas. Assim que se viu livre daquela tortura voltou a sua sala, removeu seu paletó, afrouxou a gravata e se sentou em uma grande cadeira.

              Tomou a linha telefônica direcionando para o ramal de sua secretaria e pediu para que ela buscasse um lanche e um Tylenol para ele. Enquanto Jô fazia isso, o homem debruçava sua cabeça sobre a mesa, há quanto tempo ele não sabia o que era descansar? Dar uma gargalhada ou ter alguém com quem dividir seu tempo? Há quanto tempo ele não tinha alguém em seus braços que se preocupasse mais com seu coração do que com sua carteira?

            No auge dos seus 28 anos ele alcançara uma posição elevada dentro da empresa da família, mas isso não quer dizer que ele era feliz. Estava pensando em tantas coisas e só cortou seu raciocínio quando a loira bateu na porta tendo sua entrada permitida. Ela prontamente lhe entregou seus pedidos, dispensou-a e finalmente pode forrar seu estômago antes de tomar o comprimido com o fim de aliviar a dor em sua cabeça.

           Cuidou de mais alguns documentos até que seu horário estava no fim conforme estabelecera, hoje ele não se mataria tanto. Tomou o elevador junto a sua secretaria e ao chegar na garagem despediu-se dela, partiu para o seu carro, em sua cabeça só se passava seu chuveiro e sua cama, mas quanto tentou ligar o automóvel 1,2,3,4 vezes nenhuma tentativa deu certo. Ele abriu o capô e saiu do carro, escorou aquele com a peça e encarou aquilo tudo sem entender nada.

— Sério? Logo hoje? — Resmungou batendo no capô com raiva.

           A loira parou com seu carro ao lado do patrão e abaixou o vidro.

— Problemas?

— Não dá partida!

                  Ela desceu do seu carro e deu uma olhada em tudo. A garota analisou o que poderia ser o problema, eles tentaram ligar novamente sem sucesso e então ela chegou a duas conclusões.

— A bateria morreu de vez, está gasta demais. Tem levado esse carro na oficina? — Ela perguntou olhando diretamente para o chefe.

              Ele riu em um misto de desespero e impaciência, afinal não tinha tempo nem para respirar direito, quiçá deixar o carro no mecânico.

— Na verdade não. — Respondeu respirando fundo, posto que a mulher estava tentando ajuda-lo e não merecia lidar com raiva gratuita.

— E tem outro problema na parte elétrica. — Ela comentou apontando para um monte de cabos que ele não tinha noção de para que prestava.

           A garota foi até a torneira que ficava na lateral do prédio e lavou suas mãos.

— Olha isso é coisa que resolve em meia hora, eu só não resolvo porque tenho prova agora na faculdade. — Ela respondeu ao retornar e ir até seu carro pegando sua bolsa.

— Desculpe te atrasar, pode ir. — O Novak respondeu liberando a funcionária, pois estava ocupando o tempo dela.

                  Ela sorriu e vasculhou a bolsa pegando um cartão e o entregando.

— Esse aqui é o meu padrasto Bobby, liga para ele e diz que foi uma emergência, pode falar que eu pedi. Basta trazer uma bateria nova e a maleta de ferramentas. Caso contrário vai ter que chamar um guincho, vai levar umas três horas e vai ser pior. — Jô explicou fechando o zíper e jogando a bolsa no banco de passageiro entrando no seu carro.

— Obrigado, ligarei agora. Boa prova. — Ele agradeceu profundamente.

— Por nada, ah e peça pelo Dean se ele estiver trabalhando. Ele é um dos melhores mecânicos. — Ela disse sapeca ligando o carro e acenando.

                A garota partiu e Castiel não tardou a ligar para o número no cartão, no segundo toque foi atendido.

— Mecânica Singer & Company, boa noite. Bobby falando, como posso ajudar?

— Boa noite, sou Castiel Novak, meu carro parou de ligar e preciso dos serviços emergenciais. — O empresário pediu ainda analisando o cartão.

Encaminharei um guincho. — O mecânico avisou pronto para pegar a chave no quadro ao lado do caixa.

— A Srta. Jo que me deu esse número, ela falou que bastava uma bateria nova e uma mala de ferramentas. — Ele disse se lembrando dos itens que ela havia instruído.

— Ah Jo está onde? Ela deveria estar no trabalho. — Bobby questiona olhando para o relógio na parede.

— Eu sou o chefe dela, mas ela já foi para a faculdade. — Castiel responde se acalmando.

Entendi. Passe o endereço que encaminharei um mecânico.

             Castiel passou o endereço do prédio e as informações que iam sendo pedidas.

— Logo um mecânico chegará. — O Singer avisou prestes a desligar.

— Espere! A Jo falou que se um ... qual o nome... Dean estiver trabalhando que ele entenderia a situação.

              Claro que imediatamente Bobby entendeu a jogada da enteada e rolou os olhos, ela sempre querendo bancar o cupido.

— Em breve o mecânico estará aí.

               Cerca de 20 minutos depois Dean chegou ao local e quase caiu para trás com o tamanho da beleza que era o homem de olhos azuis. Quando Jo dizia que ele era lindo ela não brincava. O Novak guiou o mecânico até seu carro e ele pôs a fazer seu serviço.

            Seria mentira dizer que Castiel durante algumas conversas triviais não deu umas olhadas a mais naquele homem, Dean Winchester como descobriu ser o nome dele, apesar de um pouco magro não escondia ser o dono de uma perfeição única, seus olhos verdes pareciam brilhar a medida que executava seu trabalho, como o suor tomava conta de sua face e como sua expressão mudava a cada movimento era até mesmo sexy. Castiel não deixou de prestar atenção quando Dean dobrou o corpo para frente a fim de alcançar uma parte específica e como sua bunda ficou marcada na calça.

— Pronto, pode dar partida agora.

               Após entrar no veículo, Castiel virou a chave e o carro ligou até melhor que antes.

— Incrível. — Murmurou ao ver a diferença dos sons do antes para o depois.

— Olha recomendo que leve o carro ao mecânico para uma avaliação geral. Seria um grande azar ficar na mão. — Dean disse enquanto limpava suas mãos em um pano.

— Sim, farei isso ligo. Aceita cartão?

               O Novak fez o pagamento e agradeceu o serviço, então ele teve que ver o Winchester dar um sorriso tímido e partir.

               Naquela noite eles tomaram caminhos opostos, porém mal sabiam que estavam próximos a se convergirem novamente.

Dog's lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora