14

947 58 9
                                    

CHARLOTTE

Andando pela rua, com o vestido godê que tinha ganhado da minha tia,  percebi que o vento é homem e minha mãe teve um bom motivo pra não me acostumar a isso.

- Argh! Odeio esse vestido!
- por que?
- acho que ele quer ser um paraquedas!

O loiro ao meu lado riu enquanto abria a porta da loja. Cumprimentamos o casal, que se não fosse pelo local com certeza estaria se engolindo, e descemos pelo elevador para a caverna.

- Hey, casal.
- Bom dia, Ray.
- PORQUE O VENTILADOR ESTÁ LIGADO?
- Qual o seu problema com ele?
- O problema é que não tem necessidade de ligar o ventilador já que aqui tem ar condicionado.
- Ela tá com raiva do vestido novo.
- Não devia, é bonito.

Ele desligou o ventilador e pegou mais um pedaço da pizza que estava comendo. Schwoz entrou e me olhou com aquele olhar desaprovador.

- Charlotte Page, na minha sala.
- É pra entrar no personagem e caminhar tristemente?
- por agora, faça o que quiser.

Ele saiu na frente enquanto eu ia atrás dele. Já tinha pré-ouvido todo o seu sermão em minha mente. Parte de mim se orgulhava por ele levar aquilo a sério.

- vai sair com ele?- hesitei e abaixei a cabeça - Não preciso te dizer não é? Char você sabe do perigo, não posso te expor a isso espere até que tudo se resolva.
- Eu sei mas....

Apertei os lábios indecisa.
Porque minha vida não pode ser normal? Eu sou tão legal!

- E se der certo? Eu estou disposta a tentar.- ele bufou.
- Por sua conta e risco. Saiba que eu avisei e não vou te consolar se algo acontecer.
- Valeu Schwoz!

................................

Ao sair do trabalho fomos direto até minha casa, tentei não me irritar com aquela saia do demônio. Henry me contava piadas, das mais ruins até as que me faziam rachar de rir.

- Qual o site do cavalo?
- Não sei.
- WWW "pocoton" "pocoton" "pocoton"- eu ri.
- Essa foi nota sete.  Você é cheio de piadas ruins mesmo.
- Não vai dizer que você não gosta- ele me olhou irônico e levemente, leve mesmo, malicioso

É claro que eu gosto! Quer dizer..... ah é meu pensamento mesmo.

- Gosto quando você não é tão exibido.
- Haha. Engraçadinha, eu sou humilde você que não aceita a realidade.
- ok sr. Humildade, vai fazer a pipoca pra gente.- falei me jogando no sofá- e não quebra a cozinha, se não minha mãe te mata quando chegar.
- Ei eu sou a visita.
- Vou te lembrar disso quando eu pegar a chave da minha casa que você escondeu no bolso e levou pra sua casa.

Ele entrou na cozinha a contragosto e pegou a pipoqueira que ele sabia exatamente onde era guardada.
Ver ele se movimentando pela minha cozinha era uma visão familiar, porém, era agradável quando acontecia.

Quantas vezes sonhei com essa cena! A única diferença era que a cozinha do sonho era a nossa cozinha, a cozinha da nossa casa.

Selecionei o filme, e esperei ele chegar  pra dar o play. Acostumada a assistir abraçada, senti um vazio me dominar porquê ele tinha que me acostumar tão mal?

No meio do filme ele parou pra me olhar e me surpreendi quando ele disse.

- Senti saudades. Muita saudade- ele falou me abraçando. Seu coração batia forte, e somente acelerava. Senti um frio na barriga e engoli em seco estavamos próximos o suficiente, seus olhos brilhavam.

- Porque o seu coração está batendo tão forte?
- Foi mal.

Ele se virou pra TV novamente. Segurei meu grito de frustação. De novo não, Henry.

O puxei pra mim e beijei-o, por um momento de loucura. Como ainda não tinha feito isso antes? Os lábios rosados dele eram bem mais saborosos do que eu pensava e como ele beijava bem! Ok houve um equívoco, sua língua entrou no jogo pra fazer seu belo trabalho.

Senti que ia vomitar de felicidade, por medo disso acontecer, e por precisar  de ar, recuei mas ele mordeu meu lábio me fazendo soltar um grunhido rouco.

- A gente deixa o filme pra depois?
- Com certeza.































- Ok. houve um equívoco, precisamos desacelerar.
- Mas isso quer dizer que vamos fazer isso?
- Não.

Só Por Obrigação- continuação (Em Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora