O PRIMEIRO EXTREMO

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[18 de Maio de 2020, Daech-dong, Seoul, Coréia do Sul]

Faziam dois dias desde que Yoongi e Hoseok se conheceram de uma forma não tão comum, definitivamente, mirar armas um para o outro não é a melhor forma de conhecer um parceiro. Mesmo que ainda desconfiados um do outro, resolveram escolher hoje, uma segunda-feira, para seguirem as pistas de um dos informantes de Yoongi.

Hoseok estava trocando a marcha de seu carro, quando percebeu que Yoongi ainda encarava a paisagem sem falar uma palavra sequer, ele estava assim desde que se sentou no banco do passageiro. O garoto resolveu não quebrar o silêncio por aquele instante, mas pensava em como estava se arriscando colocando alguém tão perto de si sem ao menos ter consciência da veracidade sobre ele ser o tal neto do General Min.

O detetive poderia pensar naquilo por um bom tempo se seu celular não começasse a tocar. Soltou uma das mãos do volante e procurou o aparelho nos bolsos de seu paletó, com ele em mãos olhou a tela vendo o contato da funcionária do orfanato que Haein mora, "Juli".

- Alô Juli? Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - A voz de Hoseok parecia preocupada.

-- Ai Hoseok, graças a Deus! A pequena Haein não para de falar de você... me pediu se podia falar um pouco contigo, está ocupado? - Juli parecia aliviada em ouvir a voz de Hoseok, e era possível ouvir a pequena gritando no fundo. O detetive sorriu e permitiu que Juli passasse o celular para Haein.

-- Hobi! - Haein gritou ao telefone.

-- Oi minha pequena, tá dando trabalho para a Juli né? - Hoseok deu seta no carro e continuou pela avenida.

-- Não tô não... você vai vir me visitar hoje?! - A pequena parecia animada.

Yoongi observava a conversa sem ter noção do que estava acontecendo, parecia completamente confuso. Os olhares dele se encontraram com o de Hoseok, que logo voltou a olhar para a estrada.

-- Então minha pequena hoje não... estou ocupado, mas prometo que amanhã irei.

-- Você não gosta mais de mim, Hobi? - A voz de Haein parecia triste e mais pesada do que antes.

-- Não diga isso Haein! - Hoseok tranquilizou sua mão do volante o que fez com que o carro perdesse um pouco o equilíbrio, mas logo ele estabilizou o carro na faixa. - Você é minha pequena e eu sou seu pai, não é assim? Juli vai assegurar que vou aí amanhã, e vou levar um presente para você!

-- Hoseok ela me entregou o celular, está tudo bem? - A voz não era de Haein e sim de Juli.

-- Está sim, só acho que ela ficou triste comigo... Eu vou amanhã aí ok? - Hoseok disse com uma voz mais pesada. - Agora preciso ir, tchau. - Desligou a ligação e guardou seu celular.

Yoongi olhava para Hoseok ainda confuso, parecia que esperava alguma explicação, mas o que recebeu foi o silêncio. Apenas pararam o carro quando o semáforo fechou, o detetive parecia tenso e pensativo, coisa que até então Yoongi não teria presenciado, mas não podia cobrar sem saber muito já que os dois nem sequer se esforçaram para conversarem sobre algo.

Enquanto isso a mente de Hoseok estava em Haein, pensando se deveria ou não a visitar, hoje era um dos dias de visita no orfanato então era óbvio que a pequena o esperaria, mas ele se esqueceu completamente disso. Teria passado sábado e domingo estudando sobre o caso que está cuidando e nem teve tempo de olhar para as outras áreas de sua vida.

Sabia que Haein teria que o entender, mas entendia também sua insegurança em perder mais uma pessoa que queira a adotar. Hoseok estava no processo de adoção a um pouco mais de um ano, não houve alguém que a pequena gostasse mais, mas voltando ao passado não era o primeiro processo de adoção de Haein, ela já teria passado por muitas desistências e devolução de famílias. Mesmo que muito nova ela sabe pelo o que passou, e o que sentiu durante todo esse tempo, perder Hoseok seria perder muita coisa de si mesma, e adquirir mais um trauma do mundo de adoção que praticamente nasceu no meio.

SEOUL 4-8 [ jhs + myg ]Onde histórias criam vida. Descubra agora