mirrors|| sope.

(O)men.

Min Yoongi

Outro dia se iniciava e com ele vinha a minha vontade de ficar na cama e nunca mais sair dela, pois sabia que se saísse daqui, talvez teria que ouvir meus pais dizendo as mesmas coisas de sempre, ou ter que ser acompanhado pelo tédio, já que não havia nada para fazer. Eu confesso que queria ter amigos para poder conversar e passar pelo menos um pouco do meu tempo, até porque, ninguém consegue viver sem amigos e sabendo que a única companhia que tem, são pais que são dessa forma, tão babacas e idiotas.

Parece que vou perder a cabeça a qualquer momento, minha mente está se autodestruindo lentamente e eu não consigo fazer nada em relação a isso. Eu queria ter alguém para desabafar, contar tudo o que eu sinto, como eu me sinto com essa vida, acho que apenas isso já estaria de bom tamanho para mim, mas parece que todos me querem longe, como se eu fosse um monstro, alguém muito ruim. Mas eles tinham seus motivos, eu era alguém muito frio e rude, que sempre estava demonstrando que não queria ninguém por perto, mas na verdade, eu só preciso de um abraço e um ombro para poder chorar.

A verdade é que eu não consigo ter amigo, pois tenho medo deles simplesmente me abandonarem no final e contarem tudo o que eu contei, e ficarem zombando de mim por isso. Eu apenas era dessa forma por conta dos meus pais, esses traumas foram colocados em mim por conta deles, sempre foi a culpa deles e nunca a minha, mesmo ambos sempre dizendo que tudo é minha culpa, eu me recuso a aceitar isso, pois eu nunca faço nada, sempre fico no meu canto, eles que vêm me encher o saco com suas baboseiras.

Olho para a única janela que havia no meu quarto, que estava transmitindo raios solares, que ainda estava nascendo e brotando em meu rosto, mas aquilo não me incomodava, era bom, pois eu havia conseguido sobreviver o dia anterior. Até porque, cada dia é uma luta diária, é como se eu estivesse em um jogo, onde a cada fase (dia) é um obstáculo diferente para poder vencer, mas diferente do jogo normal, esse é a vida real, eu só tenho uma vida, é vencer ou morrer.

Isso é uma coisa um tanto quanto assustadora, porém é a minha realidade, infelizmente. Espero que um dia isso ainda mude, porque sinceramente, eu estou a ponto de desistir. Já foram tantos dias lutando, que parece que estou em um loop infinito, onde estou vivendo o mesmo dia, vivendo para fazer as mesmas coisas sempre, e principalmente, sofrer pela mesma coisa. Eu queria que os dias fossem diferentes, pelo menos um pouco. Não queria ter meus pais por perto, por pelo menos um dia. Eu queria ter meu espaço, meu momento para pensar, refletir e fazer o que eu bem entender, mas isso nunca aconteceu, e com certeza, nunca vai acontecer.

O que me resta é continuar vivendo nesse loop infinito até tudo passar, ou até quando eu desistir de vez. Suspiro e me levanto da cama, pois sabia que se eu ficasse aqui por muito tempo meus pais viriam totalmente estressados, descontando tudo em cima de mim. Assim que abro a porta, vejo eles no corredor e apenas fecho os olhos, tentando manter a minha calma. Eu só queria fazer minha higiene matinal, comer algo em antes de ter que escutar eles falando várias merdas em minha cabeça, mas com certeza, isso não vai ser possível mais. Apenas fico parado, pois sei que principalmente a minha mãe, tinha algumas coisas para falar. Seu rosto já dizia tudo.

— Quero que arrume suas coisas o mais rápido possível, pois amanhã nós iremos nos mudar. — Ela diz com um sorriso de ironia no rosto. Parece que a mesma chantageou tanto o meu pai, que ficou feliz quando recebeu um “sim” como resposta.

Minha vontade era de jogar tudo o que estava preso aqui em minha garganta, para fora, mas eu precisava me segurar, ou senão, as coisas poderiam piorar para meu lado. Apenas assinto com a cabeça e saio dali em seguida. Sinto que ela ficou indignada, com certeza, queria uma reação mais diferente da minha parte, para depois, poder me diminuir e falar que estava muito rebelde, porém ela se decepcionou. Eu estava em combustão por dentro, realmente, não queria me mudar daqui.

Por mais que não vai fazer tanta diferença em minha vida, vou sentir falta daqui, por mais que eu mal saio de casa, já me acostumei com o local em si, mas não tem muito o que ser feito, a não ser aceitar tudo calado, como sempre faço. Apenas faço o que queria, de forma rápida, pois não queria receber reclamações vindo dela dizendo que eu estou enrolando demais, ou algo parecido. Eu estava completamente sem paciência para ouvir mais alguma palavra vinda dela. Sinceramente, o seu rosto já estava me dando nojo.

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Já estava arrumando tudo dentro de caixas, malas, mochilas. Tudo o que eu havia para guardar minhas coisas, estava usando, pois tinha muita coisa ali que não queria ter que jogar fora ou deixar por aqui. Por mais que eu não tenha muitas roupas, ou algo parecido, eu gostava de fazer muitas coisas - pinturas, redações e afins -, pois já que não havia tanta coisa para fazer por aqui, o meu único passatempo, era fazer esse tipo de coisa. Não era algo que eu realmente gostava, mas não é como se eu tivesse opção. Estava aproveitando para limpar as coisas também, até porque, tinha muitas coisas guardadas no fundo do meu guarda-roupa que nem sabia que existiam.

Então, eu não queria deixar nada por aqui, já que tinha muita coisa que nunca usei e que ainda gostaria de usar, mesmo nem fazendo ideia para o quê exatamente. Espero que meus pais não reclamam que sejam muitas coisas, até porque, estamos fazendo uma mudança, não uma viagem. Estava bem destraido, mesmo estando meio triste pela mudança, estava me sentindo sereno, isso era bem estranho. Decido olhar para a minha sacada, e quando faço isso, tenho a visão de um anjo. Literalmente um anjo. Ele estava parado ali, em minha sacada, apenas me olhando.

Eu devo estar realmente ficando louco.

— 4 dias para a cura.