Julia Martins

6-Dono do morro e do meu ♡

Assim que ele saiu eu liguei a televisão, eu não sou burra sei muito bem o que ouvi e espero ter ouvido errado. Assim que coloco no jornal daqui o coração despara legal.

Na reportagem mostrava que o Vidigal estava invadindo a Rocinha, não pode ser coincidência, eu sei o que ouvi mas n quero acreditar que ele é traficante e muito menos dono de morro. Eu so posso ter ficado loca cara não é possível, e o pior o que mais me deixa nervosa agora não é nem isso é que tem 2h que eu n tenho notícias dele e isso me deixa muito aflita.

Fui dormir, dia seguinte eu acordei e fui trabalhar pensamento tava lá no desgraçado, mas n posso parrar minha vida por isso né.

Cheguei do cerviço já ia dar 18h quando percebo que a porta estava destrancada, que estranho tenho certeza que tranquei.

Quando cheguei na cozinha o desgraçado tava lá sentado de cabeça baixa, tomando vinho.

- Caralho um dia vc me mata de susto.

-desculpa, mas eu não podia te esperar lá fora.

falou super triste o olho chega tá fundo, parece que ele andou chorando, será que aconteceu alguma coisa?

-vem cá, me deixa te ajudar.

abracei ele que retribuiu como se isso fosse a coisa que ele mais precisasse no mundo, ficamos um tempo assim.

-quer conversar? falo sem sair do abraço

-Não

-Só quero que saiba que to aqui pra te ouvir falar, ou te ouvir ficar em silencio, mas não vou sair de perto.

-Não quero que saia

Sua voz saiu tão baixa que eu quase não ouvi. Peguei na mão dele e o guiei pro sofá, sentei e ele deitou sua cabeça no meu colo deitando no sofá. Fui fazendo um carinho no seu cabelo e ele abraçou minha cintura e escondeu seu rosto ali.
Minutos depois senti que ele estava chorando, ficamos assim um tempão acho que passou mais de 1h.

Ele levantou e sentou do meu lado

-A gente prescisa conversar

Falou sem olhar pra mim, ele estava olhando pro chão pensando em cada palavra antes de falar.

- Sobre o que exatamente?

Perguntei ja sabendo a resposta.

- Quando eu nasci minha mãe entrou em depressão pós parto, ela não comia, não tinha condição física e nem mental pra cuidar de um bebê, ela abandonou tudo mas continuou morando na mesma casa que eu e meu pai. Meu Pai tinha sido demitido, a empresa que ele trabalhava tinha acusado ele de roubo, mas isso foi armação fizeram ele de escapatoria de uma roubalheira de anos. Ele não tinha mas o que fazer, se viu sem solução quando foi demitido. Ele tinha que cuidar de um recém nascido, e cuidar da minha mãe que na época tinha ficado muito loca. Ele tinha 23 quando se emvolveu com o tráfico, apesar de nunca ter gostado ele cresceu muito dentro desse mundo quando eu fiz 10 anos ele ganhou o posto de dono do morro. No mesmo dia eu vi ele chorando dentro de casa, ele me disse tudo que ele tinha planejado pra vida dele, mas esse mundo injusto não deixou ele conseguir. Então eu fiz o compromisso perante todos os aliados que seria treinado e aos 17 assumiria o lugar do meu pai. Dando a aposentadoria desse mundo fudido. Quando um fiz 17 eu assumi a Rocinha, minha mãe morreu em uma invasão que teve 2 meses depois. Abri uma lanchonete pro meu pai ele foi levando, hoje ele tem uma lanchonete e um bar em todos os morros aliados.Hoje eu com 26 quase dez de comando chorei de novo e foi por que ontem eu perdi minha segunda mãe. Tia Vânia.... me amou com filho de monstou mas amor por mim do que minha mãe. E ela morreu ontem na invasão. Morreu protegendo meu filho.

Cada palavra que ele falava eu chorava, nunca imaginei tudo isso. Nunca.
Ele falou tudo isso muito sério mas na suas últimas frases desceram lágrimas.

Eu não consegui falar nada eu só sabia chorar, eu o abacei bem forte.

- Eu descubri que a invasão de ontem foi pra pegarem o Lucas. Eles não queriam a mim, eles queria pegar meu filho. Eu não sei o que eu vou fazer pra manter ele em segurança, não sei. Eu tenho medo de deixar ele no morro. Pelo menos agora que tá tudo muito recente.

- Eu n sei o que dizer

Eu disse enfim

-Ohh moreninha eu só preciso saber se você vai continuar do meu lado mesmo sabendo quem sou.

Nos seus olhos eu via medo. Medo do que ele ouviria.

-Pode ter certeza que eu nem pensei nisso, eu só não quero conhecer o LM dono do morro nunca. Quero sempre ter a imagem do LM que sentou pra ver série e comer Pizza comigo sem nem me conhecer, o LM que eu n conheço a mais de 3 dias mas que eu confio de olhos fechados. Vamos fazer assim- falo colocando uma mão no seu rosto fazendo ele olhar nos meu olhos- Da porta pra rua você é quem vc quiser, dentro da minha casa vc será só o cara que acho que estou apaixonada.

Cara eu to ficando loca, da onde surgiu essa coragem toda.

Ele abriu aquele sorriso que consegui molhar qualquer calsinha

-Meu maior medo era que você se afastasse de mim, mas seu jeito me deixa louco de vontade de ter você só pra mim

Mal deixei ele terminar de falar e já sentei no colo dele com uma perna de cadalado virada de frente pra ele, me aproximei de vagar e o beijei, um beijo calmo que tinha sentimento. Confesso que to na intenção tem tempo desse homem. Terminamos com um celinho.

-eu to me odiando por ter que dizer isso agora, mas precisamos falar sobre mais um probleminha.

Disse me olhando nos olhos suas mãos que antes apertavam minha bunda agora estavam na minha coxa.

- huhum sobre oque?.

-To com medo que eles achem você ou meu filho.

- Mas a gente se conheceu a pouco tempo eles não vão descobrir nada.

-pensa comigo gata eles querem me atingir de qualquer forma pra eu ficar fraco e eles tomarem o morro, eu nunca saio de lá pra nada desnecessário e eu já vim pro mesmo endereço duas vezes, vai demorar neguim ligar uma coisa com a outra não.
E eu n pretendo parar de te ver não. Eu só te peço um mês morando no morro é o tempo que eu preciso pra acabar com o vidigal.

-Tá bom mas eu não vou morar na sua casa LM, e Lucas pode morar comigo é só ninguém saber aonde ele mora deixa todo mundo pensando que ele mora com você.

-Obrigado por pensar nele ju. E ... Bom.. eu não deixo ninguém me chamar pelo nome -disse coçando a cabeça- mas você é diferente. Prazer Luiz Felipe.

◇ eai gente o que estão achando da história?
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