Manhã

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  Acordei cedo, a Túlia dormia como uma pedra. Tava uma manhã fresca e gostosa fui até o alpendre e senti a brisa. Minha mãe já devia tá na cozinha preparando o café. Me senti igual quando era criança. Uma sensação de paz. Lembrava de algumas coisas de minha infância.

  Eu sentei numa cadeira de balanço que antes não tinha, e olhei pra rua pela grade. Não tinha ninguém na rua. Fiquei olhando para as duas árvores a frente da casa. Eram as mesmas árvores da minha infância. Eu sempre gostei de ficar olhando pra elas. Elas pareciam duas namoradas. Seus galhos agarrados uma na outra. Despidas de folhas. O chão forrado, parecendo um tapete. Elas nunca iriam se separar, estavam unidas pra sempre. Na alegria e na tristeza, até que a morte a separassem. Eram amigas, companheiras, estavam presas ao chão.  Seus destinos estavam unidos.  Quando o vento batia as duas árvores se mechiam com suavidade, como se dançassem uma suave melodia.

Minha mãe me chamou, me fez sair daquela sintonia que as duas árvores me traziam.

_Sarah, vem tomar café, que acabei de fazer. - mãe.

_ To indo mãe.- falei, sentindo um cheirinho gostoso.

Minha mãe faz umas coisinhas bem gostosas. Sentei na mesa com minha mãe e batemos um papo.

_Eu não te falei filha, mas parece que seu amigo está em coma.

_ O quê? Coma?

_ Isso mesmo.

_Eu vou esperar a Túlia acorda pra ir ao hospital.

_ O horário de vizita é só depois do almoço.

_ Mas eu tenho que ir. Talvez eles me informam se ele teve melhoras.

_Pode ser filha. Espero que ele consiga sair dessa. Mais mudando de assunto. Você tá de férias.

_ To sim mãe.

_Então vai ficar conosco o mês todo?

_ Ainda não sei.

_ Eu ia gostar muito que ficasse essas semanas aqui filha. Você quando aparece fica no máximo dois dias.

_ É minha vida, é corrida. Você entende nê?

_ Entendo que você mal nos visita. Se não fosse eu te ligar nem saberia o que acontece com você.

_ Desculpa mãe. Acho que não sou uma boa filha.

_Só queria que você viesse aqui mais nos ver.

Meu pai chegou, e interrompeu nossa conversa. Minha mãe cobra muito, mas ela não entende que minha vida é lá na capital. Ela tá certa eu só penso em mim, no meu emprego, nos meu sonhos, sou uma egoísta.

Destino de SarahOnde histórias criam vida. Descubra agora