Eu não sabia exatamente quanto tempo havia se passado desde AQUELE dia, e sentia-me mal só de lembrar.
Passei algumas semanas na Toca para consolar a Molly, mas eu mesma pouco sabia o que estava sentindo. Era tudo muito triste, apesar da vitória final e da destruição de Voldemort (depois do que passamos, não fazia sentido continuar o chamando de você-sabe-quem, apesar de bruxos mais velhos ainda não terem se acostumado e darem pequenos tiques quando mencionado o nome) e toda a força que eu passava para ela era uma fachada.
Eu não sabia como era a perda de um filho, mas havia vivenciado a morte de amigos e professores e às vezes tinha pesadelos com a imagem do Harry "morto" sendo carregado por Hagrid. Harry me explicou depois o que realmente havia acontecido, mas eu não consegui apagar a cena da minha cabeça de forma alguma. Ele não sabia, mas não era raro eu acordar no meio da noite e ir checar sua respiração nos momentos que estávamos na Toca. Certa vez, o Sr.Weasley me perguntou baixinho no café da manhã se estava tudo bem, pois ele me ouvira sair do quarto de Ginny quando fora beber água no meio da noite. Quando eu expliquei o motivo, ele somente acenou com a cabeça e pareceu distanciar-se nas próprias lembranças. Eu não duvidava que ele checasse o quarto dos gêmeos às vezes, mas desde que Jorge havia se mudado, ninguém mexera no cômodo.
Esse era outro ponto complicado: o gêmeo não conseguira voltar à normalidade após ter perdido seu irmão e logo mudou-se, levando apenas alguns Galeões e sua vontade de honrar as "Gemialidades Weasley" com tudo que os dois sempre quiseram: diversão.
Molly não lidou bem com essa mudança também, mas os outros filhos e eu e Harry ficávamos perto o tempo todo para não deixá-la sozinha.
E Rony, ah, Rony...Depois do beijo que nós demos em meio ao caos, conversamos e decidimos levar para frente tudo o que havia sonhado há tanto tempo! Descobrimos que todos já sabiam do relacionamento e estavam felizes por nós, antes mesmo de termos a coragem de oficializar. Olhando agora, parecia bobagem nós não termos nos declarado antes, mas aconteceu e nossa história de amor que lute!
Enfim, tudo estava voltando ao "normal", mas...O que é o "normal" para alguém que havia passado semanas fugindo e se preocupando a cada passo dado? Eu não sei. E é muito raro eu não saber.
.•.
"De volta ao lar.", minha mãe exclamou três minutos depois de ter sua memória restaurada e me notar na porta de casa, mal enxergando por causa das lágrimas.
Ela não sabia o peso daquelas palavras para mim e eu jamais a deixaria saber o que havia acontecido. A ignorância às vezes é uma bênção.
Meu pai havia se levantado com a minha entrada e sorria para mim. Meu Deus, como eu senti falta desse sorriso. Abracei os dois como nunca pude e ri enquanto eles enxugavam minhas lágrimas dizendo que estava tudo bem e brincando que, não importasse o tempo, eles ainda se lembrariam de mim. Ah, se eles soubessem.
Voltar à casa em que eu cresci foi uma decisão minha. Eu só precisava do meu cantinho, dos meus livros e dos meus pais bem para colocar a minha cabeça no lugar. Harry estava determinado a passar por essa fase comigo e viria em algumas horas. Rony, por outro lado, decidira continuar na Toca com a mãe por mais um tempo antes de tomar qualquer decisão. Nos despedimos sem ter muita certeza do futuro, mas com muito amor no coração.
.•.
- Faculdade, Mione? Não acha isso um pouco estranho? - Harry me perguntou quando comentei sobre a confirmação da entrada em Oxford no próximo semestre. - Você sabe que não precisa de faculdade, ainda mais uma trouxa. Ainda mais você.
Ri enquanto ajeitava o travesseiro no tapete em que estávamos deitados. Realmente, eu não precisava de ensino superior no mundo bruxo, e essa parecia uma decisão "humana" demais depois do que havíamos passado. E era exatamente por isso que eu queria.
- Harry, é uma coisa que vai me fazer bem, sabe? - Ele se virou para mim, e eu vi em seus olhos que ele entendia. A Grande Guerra havia deixado marcas em cada um de nós e ele mesmo tinha os seus demônios, às vezes acordando depois de pesadelos sem fim. - E olha bem, eu terei a oportunidade de estudar sobre o mundo humano...
- Mais! - Ele me interrompe.
- Sim. - Ri olhando para o teto cheio de estrelas que colei aos sete anos.- Estudar MAIS sobre o mundo humano para poder tomar decisões que mudem a realidade de muitos bruxos que "se escondem" entre os trouxas por medo...
- Outro dia eu estava no supermercado perto da Rua 3 e uma senhorinha me encarou por muito tempo até perceber que eu a via e depois caminhou mais rápido. Acho que ela notou a cicatriz e pensou que logo Voldemort iria surgir ao meu lado. - Harry comentou, passando a mão na testa.
- Devia ser a Sr. Layse. Ela não acredita que Voldemort está morto. Todas as vezes que eu passo em frente à casa dela, ela fecha as cortinas e ouço algo que imagino ser uma cômoda sendo arrastado pela porta.
-Pff, como se isso fosse mudar algo se ele realmente aparecesse atrás dela.
-SIM! - Eu exclamo e nós dois rimos até a barriga doer imaginando a Sr. Layse, uma senhora de 69 anos, arrastando qualquer coisa para impedir a entrada das trevas pela porta.
Era a última semana de Harry na casa dos meus pais. Desde o primeiro dia, ele foi muito bem recebido e eu quase senti uma pontada de ciúmes com o mimo, mas a medida que o tempo passava, eu percebi que meu amigo era o único que realmente me entendia e o quão feliz eu estava em tê-lo por perto.
No domingo, ele se mudaria com Gina para uma casa que alugou perto d' Toca. O dono, quando percebeu quem estava interessado em comprar sua casa, ofereceu-a de graça, mas Harry se recusou a ser tratado diferente, e agora pagaria um valor "simbólico" todos os meses. Ou seja, quase nada. Eu mesma teria aceitado de graça, mas Rony mudou de assunto para me impedir de falar qualquer coisa do tipo enquanto olhávamos a casa com Harry.
Meu amigo estava muito empolgado e eu estava feliz por ele, mas sabia que sentiria sua falta. Rony estivera aqui algumas vezes, mas ele se sentia estranho em passar um longo tempo ao lado de trouxas e mantínhamos um relacionamento à distância. Quando consegui convencer Minerva a transformar meus boletins de Hogwarts em um histórico escolar trouxa e consegui uma vaga em uma das melhores faculdades do mundo, ele não entendeu e pareceu se ressentir de primeira. Mas quando apontei sua dificuldade em confiar em trouxas como um argumento da necessidade da união dos dois mundos, ele entendeu e, mesmo que com pouco entusiasmo, me apoiou.
Eu iniciaria em algumas semanas o curso de Ciências Sociais e não poderia estar mais ansiosa! Era o sonho dos meus pais se tornando realidade e a minha escapatória da magia, algo que eu nunca imaginei que precisaria. Marcas.
.•.
Olá, girassóis, quanto tempo!
Sim! Decidi voltar após anos com uma história de Dramione que envolverá o melhor dos dois mundos. Hanna Montana feels.
Espero que acompanhem e gostem dessa história tanto quanto "Obliviate" , pois sede é um romance mais maduro e que envolverá sentimentos confusos e crescentes em diversas oportunidades. Amo testar o coração de vocês, se preparem! hahahaha
Enfim, pessoal, agradeço quem leu até aqui e logo logo a nossa história realmente começará! 😗
VOCÊ ESTÁ LENDO
What If? | Dramione
FanfictionPassaram-se 3 meses desde a Grande Guerra e a cabeça de Hermione ainda não havia voltado ao normal. A perda de alguns amigos e professores, a sensação de ver Harry morto, o beijo tão esperado com o Rony, tudo fora demais. Ela se sentia perdida em p...