Meu primeiro amor

7

Mais uma vez minha cabeça não me deixou dormir, tive que tomar duas xícaras de café para poder ficar desperta. Não queria que o babaca do Karlos me acordasse de novo, por que dessa vez eu ia pra diretoria por meter meu caderno na cabeça dele.
Estava frio, então usei o moletom do Luca, ele pareceu satisfeito ao me ver, ao contrário do Erick, que parecia bravo.
Eles gostam mesmo de mim? Não pode ser.
No intervalo o Luca nos contou animado de um filme que ele viu e a todo momento ele encostava em mim e até me pediu para esquentar ele. O abracei e esfreguei minhas mãos nas costas dele e recebi uma cuscuizada na cabeça, quando eu olhei... Erick.
Os amigos dele gargalhavam, mas ele apenas ria, como se estivesse satisfeito.
Luca então me puxou para o outro lado do auditório e por pouco eu consegui segurar a Brenda e arrastar ela junto.
Ao chegar do outro lado o Luca atenciosamente começa a me ajudar a limpar o cuscuz do meu cabelo.
Na hora da saída eu resolvi falar um pouco sobre o Luca com a Brenda, talvez ela pudesse me dar alguma dica sobre os sentimentos dele já que ela o conhecia a mais tempo.

—O Luca é bem legal, né? —comento
—Ele é todo tímido, mas quando se empolga vira outra pessoa. —ela ri
—O maldito do Erick não tem o que fazer, fica jogando comida na gente.
—Eu nunca tinha visto o Luca tão bravo. Foi igual quando você falou do Karlos.
—Ele é um amigo super protetor.
—Ah, isso é. É o jeito dele.
—Ele é assim com todo mundo?
—Ele é tipo você. Defensor dos fracos e oprimidos. É um príncipe por dentro e por fora.

Ri de nervosa. 🤦‍♀️
Claro... O Luca só tá sendo legal Júlia, ele não tá dando em cima de você.
Mas e o Erick?
Dessa vez torci pra ele estar na esquina, eu queria bater nele.

—Sabia que ainda tem cuscuz no meu cabelo? —digo ao encontra—lo —Entrou até na minha orelha. Sabia que não se brinca com comida?
—Por que você tava se agarrando com o Luca?
—Eu não tava me agarrando! Ele tava com frio e eu fui esquentar ele.
—Espertinho. Te deu o casaco dele só pra ter a desculpa e te pedir pra agarrar ele.
—JÁ DISSE QUE NÃO TAVA AGARRANDO! —grito
—Não faz mais isso!
—Quem você pensa que é pra me dizer o que devo ou não fazer?
—Você não percebe que esse cara tá se aproveitando de você?
—Ele não é esse tipo de pessoa. Nem todo mundo é babaca que nem você.
—Fica longe desse garoto.
—Se não o que? Vai me bater?
—Sabe que eu não bateria em você, mas ele não tem a mesma sorte.
—Isso é uma ameaça?
—Interprete como quiser.
—Se você encostar um dedo no Luca eu acabo com você!
—Como vai fazer isso?
—Posso dizer a todo mundo que você tá apaixonado por mim. —ao invés de rir, como eu esperava, ele ficou surpreso —Posso contar da vez que me beijou a força e conto que todo dia você fica nessa esquina me esperando.
—Ninguém ia acreditar em você.
—Será?

Ele vem na minha direção, parecia furioso. Fui andando pra trás, com certo medo, até bater minhas costas na parede. Ele coloca a mão na parede, à cima do meu ombro e cola nossos rostos a ponto de eu sentir sua respiração.

—Não vou deixar o Luca ficar com você.
—Isso não é você quem decide. —levanto a cabeça, encarando ele olho no olho
—Eu quero você pra mim.
—O quê?
—Para de dar moral pro Luca, isso me deixa puto.

Eu não sabia o que dizer, agora eu tinha certeza, o Erick tá afim de mim.
Eu fiquei tão confusa que não reagi quando ele segurou meu pescoço, o que me fez arrepiar. Ele parecia estar esperando alguma coisa, talvez um sinal para avançar os últimos centímetros que separavam nossa boca, então eu só fechei os olhos.
Senti seus lábios grossos de encontro aos meus, suave, ao contrário de sua mão áspera que tocava minha nuca e aprofundava nosso beijo.
A língua dele veio pedindo passagem e eu deixei. Eu não sabia muito o que fazer, apenas imitei seus movimentos.
Sua outra mão puxou minha cintura, juntando nossos corpos.
Meu coração parecia que ia sair pela boca.
Tomei a liberdade de tocar nele também, abracei ele pelo pescoço e ficamos lá um tempo, perdi a noção de quanto tempo, mas só nos separamos quando meus lábios ficaram adormecidos.