Capítulo 7_Glória é para Maçãs

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     Senka e Aknes imediatamente tinham partido em sua busca e tarefa designadas pelo Mestre. Seguindo suas ordens, por mais questionáveis que fossem, as duas chegaram ao cair da tarde na floresta. Iriam vasculhá-la e depois retornariam de volta ao local em que tinham sido brutalmente expulsas. A rebeldia sem sombra de dúvidas era uma característica comum em ambas às gêmeas e não estavam nem ai para o que pudesse acontecer caso descobertas novamente:

     — A Floresta dos Morcegos... — Senka sussurrou mórbida quando as duas surgiram por um portal em alguma parte da floresta num piscar de olhos, o local estando pouco iluminado e sombrio como gostavam.

     Valt as havia enviado para essa missão justamente por esse motivo, as duas eram rápidas... desengonçadas, mas rápidas, e também não se opunham a fazer trabalho sujo nem nos locais mais inóspitos daquele mundo:

     — Irmã? — Aknes olhou para Senka curiosa como um gato.

     — O quê?

     — Você acha que a srta. "deus" realmente está... sumida?

     Senka colocou a mão no queixo pensativa, estava tão curiosa quanto à irmã apesar de não demonstrar os próprios sentimentos com tanta frequência, e assim como a semelhante, não conseguia achar um motivo plausível para o "sumiço" de uma entidade tão poderosa:

     — Se estiver veja bem... seria muito conveniente, imagine a quantidade de anjos que poderíamos voltar a assolar.....

     — Ainda não entendi por que o Mestre quer que a procuremos... — Aknes falou em tom amargo, sabiamente o certo seria se aproveitar da situação agora que aparentemente não existia nada para impedi-los.

    — Não questione, depois daquele dia tudo é possível e não se esqueça que estamos cumprindo ordens... — Senka a encarou com reprovação, um olhar o qual lembrava que ambas eram apenas servas, além de seu Mestre já estar bravo o suficiente com seus últimos deslizes.

    — Você sente a presença da srta."deus" por aqui? Porque eu não...

     As duas se concentraram tentando sentir a enorme presença mística e angelical que aquele ser repugnante continha, uma espécie de queimor e áurea reconfortantes que apenas alguns demônios de percepção apurada conseguiam sentir. Naturalmente era para elas a sentirem a quilômetros de distância, mas naquele momento não havia nada, apenas insetos e um silêncio sepulcral...:

     — Espere! Sinto algo! — Aknes, que tinha fechado os olhos ao se concentrar, esbugalhou as duas órbitas brancas para a irmã, brusca e de forma animada.

     — E o que está esperando para compartilhar?!

     — Não, não, escute!

     Senka assim como Aknes ficou imóvel, logo conseguiu ouvir o barulho de passos apressados sob as folhas e galhos, crescendo a cada segundo e ao que tudo indicava vindo de encontro as duas entre os emaranhados de vegetação. A silhueta de um demônio surgiu entre as árvores pouco depois, andava rápido e tinha o rosto voltado para trás como se observasse se estava sendo seguido, ele empurrava os arbustos em seu caminho quebrando galhinhos e esvoaçando folhas sem se quer ligar.

      Foi com um susto que a figura virou o rosto para frente e estancou abruptamente antes que trombasse com tudo nas demônios. As duas se entreolharam sorrindo afoitas para a figura desnorteada:

     — Mas... mas o que?! — o recém-chegado soltou surpreso.

     — Calminha aí garoto. — Senka o analisou de cima a baixo procurando por armas ou qualquer outra coisa que fosse motivo de atenção.

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