Olhando para as ondas que se formavam no mar, Brendo e Fiona, estavam sentados nas pedras. Onde, o mar e eles, eram divididos pelas grades da grande prisão que, os mantinha longe da liberdade e, totalmente, perto da exploração.
Mais uma vez, estou aqui... mais uma vez perdido, nesse desvaneio... mais uma vez sem rumo e sem direção... Ajuda? De quem? Família? Não, não tenho e muito menos sei o que é isso de fato. Estou sozinho e ninguém virá me ajudar. É sempre assim, quando você precisa, nunca tem ninguém para te socorrer, te estender a mão e aos poucos, falar que vai ficar tudo bem, meio que é uma ilusão, mas funciona, isso nos acalma, não é mesmo?- Pensa Brendo em voz alta.
-Bem Brendo, hoje você tá muito filosófico.-Fiona ri. - Eu não sei bem, mas acredito que alguém irá vir, nada é pra sempre e você sabe.
-Será mesmo Fiona? Quantas vezes você chegou chorando no nosso "quarto", porque mais uma vez tinha sido vendida, tinha sido negociada como objeto sexual para aqueles filhos da puta, quantas vezes eu tive que forçar um aborto em você, para que a criança não pudesse vir a esse mundo e que, também, não fosse traficada também? Você acha que isso vai ter fim? Com esses cretinos lucrando em cima do nosso sofrimento? A gente ta fundido pra caralho e se tentar fugir, você sabe o que acontece, não é atoa que aquelas pessoas morreram e você sabe muito bem disso.
-Mas Brendo... Me deixe pelo menos, imaginar um futuro diferente, sonhar com o impossível, por favor. -Fiona começa a chorar. -É isso o que me mantém viva, não sou tão forte como você. Ao menos, me deixe sonhar com a minha liberdade.
-Não chore Fiona, me desculpe por isso, só estou cansado de tudo isso, tanta injustiça... Ninguém desconfia de nada, ninguém procurou por nós... Me perdoe, eu só não entendo. -Fala Brendo comovido.
Fiona e Brendo, assim como outras pessoas, foram traficadas e deportadas de seus países de origem, a mando de um empresário de alto escalão, o qual o chamam de M7000. Poucos de seus funcionários, tem contato direto com ele. Essas pessoas, são traficadas, para servir de diversão ou fazer serviços ilegais. Caso recusem, podem pagar com a vida, como ocorreu com as outras pessoas que iniciaram a rebelião, para tentar fugir.
-Ei! Vocês dois ai, venham cá! -Fala um homem, vestido com uma jaqueta de couro preta, com uma tatuagem na perna.
Logo, Brendo e Fiona, vão até o homem, cabisbaixos e retraídos, com medo do que poderia acontecer.
-Você ai. -Aponta o dedo para Brendo. - Seu Querubim quer falar com você, ande logo, bora! E você gracinha, quero que me satisfaça.
-Por favor, eu não... -Suplica Fiona.
-Deixe-a em paz, seu Marco! -Fala Brendo.
Marco, dá um soco na cara de Brendo e Fiona começa a chorar.
-Não... Por favor, deixe-o ir, eu faço o que você quiser.
-Assim é melhor, se não, você iria ver seu assassino de costela quebrada, novamente.
-Vai se foder, seu filho da puta! -Grita Fiona.
Nesse momento, Fiona leva um tapa na cara e é arrastada pelos cabelos até um quarto. Mais uma vez, foi violentada. E mais uma vez, ela teve que se sair de si, para não ter que sentir a dor de ter seu corpo sendo tomado e domado, violentamente, como um mero objeto. Brendo, sem muita alternativa, teve que ir ver Querubim.
Brendo, ao chegar no local, ele se direciona até a sala de Querubim e bate na porta. Após a confirmação de que poderia entrar, ele abre.
-Bom dia, senhor Querubim, o que o senhor deseja?
-Olá rapaz! -Fala animado. -O que houve com o seu rosto?
-Nada, senhor Querubim. Eu só cai e acabei machucando meu rosto.
-Sei... ou você inventou de defender aquela meretriz de novo?
-Não a chame assim!
-Olhe seu tom de voz comigo! Você não é nada e nem ninguém!
-Desculpe senhor...
-Certo, certo. Espero que não se repita. Bem, lhe chamei aqui, porque tenho outro servicinho pra você. São ordens, lá de cima e espero que, você faça perfeitamente, sem erros.
-Entendi, só faço esse serviço, se me prometer e garantir que Fiona, não precisará mais se deitar com nenhum homem contra a sua vontade.
-Você não está em posição de discutir o que quer ou não fazer. Vai fazer e pronto!
-Só faço com essa condição.
-Humm... Você que sabe.
-Está bem, como você mesmo disse: "São ordens, lá de cima". Você não quer erros, não é?
O celular de Querubim toca. O mesmo, pede para Brendo sair e o avisa que, depois irá passar, todas as informações necessárias, para o serviço.
Brendo, foi ver Fiona, todo contente, para lhe contar o que havia conseguido. Ou pensava, ter conseguido. Todavia, não a encontra de imediato. Algumas horas se passam e ele decide ir, até o lugar que se viram pela última vez.
-Fiona...
Brendo se aproxima, lentamente, de Fiona.
-Não!!! Fiona!!! O que fizeram com você?! -Brendo entra em desespero e começa a chorar, incessantemente.
Brendo, ao se aproximar, o bastante de Fiona, ele ver seus olhos, apagados e sem vida. Seu corpo, posicionado, em uma grande poça de sangue. Quando, começou a olhar o seu corpo, viu vários hematomas. Marcas profundas de chicote. Suas unhas, estavam com pedaços de pele e seu couro cabeludo, totalmente perfurado, como se tivesse, utilizado uma furadeira, para fazer os buracos.
Querubim, Marco e outros capangadas, se aproximaram de Brendo.
-Ouse, novamente, me contradizer. -Fala Querubim.
-Ora... Seu filho da puta!!!-Brendo, dá um soco no rosto de Querubim.
-Rapazes, por favor, cuidem dele. Mas, ainda preciso dele.
Marco, junto com os outros, espancaram Brendo. Porém, não o suficiente, para matá-lo.
Alguns dias se passam e Brendo, um pouco melhor, recebe as instruções para o seu serviço.
-Você terá que matar um delegado. O chamam de Cabral.- Fala Querubim.
-Mas...
-Esqueceu já? Olhe... Preste muita atenção, se você fizer qualquer merda e o serviço der errado, você vai se foder na minha, vai implorar pela sua morte. Está avisado.
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Faces superficiais
Ficción GeneralLeona, uma garota presa ao seu passado. Crimes, supostamente, sem culpado. Vidas, ilusões e esperanças afundadas, nas profundezas do pélago.