Capítulo final- Lee...?

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O meu caderno verde funcionava como meu diário. Nele, eu descrevia todos os cenários dos meus crimes, as vítimas e as circunstâncias de suas mortes. Também fazia questão de contar tudo que eu havia feito no dia dos assassinatos, e o prazer que havia sentido ao ceifar suas vidas. Se eu tinha algum motivo para cometer todos aqueles crimes? E precisava? Não havia algo em particular que me motivasse, nenhuma rixa, mágoa ou dívida. Eu apenas sentia vontade, e fazia. 

Passei a mão pelas folhas, vendo-as preenchidas com minhas anotações detalhadas, como se eu pudesse me transportar para aquele momento em segundos. Um sentimento de nostalgia sádica percorreu todo o meu corpo, enquanto eu relembrava todos os sentimentos que aqueles instantes me causaram. Conforme chegava ao final do caderno, passei a ler os nomes e as causas das mortes das minhas recentes vítimas:

Lee Taemin - Asfixia.

Lee Minho- Hemorragia causada com um corte profundo no abdômen.

Lee Honbin- Hemorragia causada por punhalada no peito.

Lee Taeyong- Overdose.

Lee Taeil- Parada cardíaca induzida.

Lee Minhyuk- Envenenamento.

E bem, agora só faltava Lee Hoseok.

***

- Vo-vo-você? – Wonho perguntou, sua voz saindo em um tom doloroso e desigual. – Ma-as por-por-quê?

- Porque sim. – O assassino respondeu, com uma calma que fez com que o mais velho se arrepiasse por inteiro. Os olhos do algoz não demonstravam nenhuma emoção, a expressão neutra, como se não tivesse tirado tantas vidas inocentes. Agora, observando-o bem próximo, Wonho poderia dizer que via uma sombra de prazer naqueles olhos castanhos, um repuxar sádico nos lábios que tanto beijara. Como pôde ser tão idiota? Como não havia percebido antes?

"Tarde demais", pensou, resiliente. Sabia que estavam sozinhos naquela praça, e mesmo por um milagre a polícia conseguisse chegar a tempo, a quantidade de sangue que transbordava de si não permitiria que saísse dali com vida."Não devemos confiar em ninguém!", relembrou as palavras que saíram da sua boca, pensando em como havia sido patético. Seu namorado também deveria ter sido adicionado ao ninguém, mas havia confiado nele cegamente. E ali estava ele, agonizando no chão frio, enquanto o outro lhe olhava com um prazer mordaz.   

Lee Jooheon se aproximou do rosto do namorado, dando-lhe um singelo beijo nos lábios, sentindo o gosto de ferro tomar sua boca. O sangue continuava a escorrer pelo queixo do mais velho, misturando-se à ferida recém-aberta em seu pescoço. Hoseok era seu garoto favorito, por isso havia o deixado para o final. O prazer que sentia ali, vendo o homem grande e imponente tremendo como uma criança à sua frente, superava às noites mais quentes que havia passado com ele. 

- Ah, antes de me despedir... quero aproveitar que você ainda está vivo, e te dar uma notícia. - Jooheon passou as mãos suavemente pelos cabelos de Wonho, que mal tinha forças para se desvencilhar de seus toques. - Sabe nosso grande amigo Minhyuk? 

- O-o-o que-que- tem-tem o Min-Minhyuk? - Lágrimas começaram a cair dos olhos castanhos e bonitos do mais velho, misturando-se ao sangue que sujava seu rosto. 

- Digamos que ele deu uma de branca de neve. Mas infelizmente, nenhum príncipe irá salvá-lo. 

***

" O estudante secundário Lee Jooheon, de 17 anos, encontra-se foragido da justiça. O delegado do Distrito de Daegu, Son Hyunwoo, confirmou neste sábado que o jovem é o responsável pelas mortes de 7 jovens há quatro anos, além dos assassinatos de Lee Taemin, Lee Minho, Lee Honbin, Lee Taeyong, Lee Taeil, Lee Minhyuk e Lee Hoseok. O investigador Yoo Kihyun também falou que a polícia não medirá esforços até encontrar o serial killer e que estão estendendo suas buscas até as cidades vizinhas. Caso você tenha visto Lee Jooheon, por favor ligue para o número abaixo. Repórter Lee Sunmi para o Jornal Diário."

Abri um sorriso ao ver meu rosto estampado no noticiário. A polícia até havia se esforçado em escolher a minha melhor foto, eu me sentia grato. Levei meu americano à boca, engolindo-o para depois mastigar mais um pedaço do biscoito de leite. Mais meia hora e eu estaria no avião, aproveitando uma viagem de 11 horas até Portugal. Mal poderia esperar para tomar um bom vinho do porto e aproveitar minhas tão merecidas férias

Alguns minutos depois, a voz da atendente se fez presente, fazendo com que os passageiros formassem uma fila em frente ao portão de embarque. Levantei então, segurando minha bagagem em uma mão, enquanto na outra estavam meu novo passaporte e minha passagem. Meus cabelos agora estavam loiros, e meu rosto estava um pouco diferente. Nada como ter bons contatos para momentos como aquele.

- Boa tarde! - Cumprimentei a atendente, entregando-lhe meu passaporte e minha passagem.

- Boa tarde, senhor... Kim Hyunjin? - Confirmei, acenando a cabeça. - Boa viagem! 

Ah, pode apostar que sim.

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⏰ Última atualização: Jul 25, 2020 ⏰

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