Já passava da meia-noite quanto Son Hyunwoo finalmente se sentou em sua confortável cadeira marrom, tendo à sua frente um apavorado Minhyuk, que só sabia gaguejar a cada perguntar que o mais velho o fazia. Na sala, além dos dois, estavam Kihyun e o advogado do Lee, Park Seo Joon, o que assegurava a validade daquela conversa.
- Você está tentando me convencer que não cometeu nenhum desses assassinatos, Senhor Lee?
- Si-sim, senhor de-dele-gado! Por favor...confia em mim. - Grossas lágrimas escorriam caíam pelo rosto do mais novo, que não conseguia entender o porquê de estar naquela situação. Além disso, tremia de frio, como se tivesse perdido o controle do próprio corpo. Os lábios estavam ressecados, o que acreditava ser mais um dos sintomas da gripe que o acometia.
- Me ajude a te ajudar, Minhyuk. - Hyunwoo ativou seu modo policial mau. Precisa da confissão do jovem, mas pelo visto ele não estava nem um pouco afim de colaborar. - Sabe...nós encontramos o corpo do Senhor Taeil dentro da sua bela caminhonete. Vai negar que ela lhe pertence, Senhor Lee?
- Nã-nã-não....mas eu sou inocente....
- Sabe o que mais encontramos lá? O dna do Senhor Taeyong. Alguém mais usava a sua caminhonete???
O corpo do investigado tremia, como se a qualquer momento fosse convulsionar. Se Hyunwoo e Kihyun não tivessem tão focados em seu interrogatório, em não deixarem passar nenhuma mentira ou pista sequer daquela conversa, perceberiam que sua pele começava a se arroxear e que a sua dificuldade em respirar não era apenas causada por seu nervosismo.
- Senhor delegado, o meu cliente não está em condições de responder às suas perguntas no....
E foi naquele momento que o corpo do jovem Lee foi de encontro ao chão.
- E-eu-eu sou-sou ino-no-cen-te... - Minhyuk repetia como um mantra, enquanto se contorcia dolorosamente no frio chão do gabinete do delegado.- E-eu ten-tenho á-libi, po-podem conferir. Fa-faz para-parar, dó-dói tanto...
- Oh Meu Deus, Hyunwoo! - Kihyun gritou, vendo o mais novo caído no chão, seu corpo todo tremendo e sangue saindo em profusão da sua boca. - Rápido, ele precisa de uma ambulância.
Enquanto seu agora frágil corpo de Lee Minhyuk ia perdendo pouco a pouco a força, da sua boca saiu um nome. Um único maldito nome, que fez com que Son Hyunwoo e Yoo Kihyun se almadiçoarem por sempre tão dispersos.
Estava tão óbvio.
***
Pobre Minhyuk.
Traguei meu cigarro, encostado numa parede qualquer. O visor do meu celular indicava que já passava da meia-noite quando uma maca saiu da delegacia, carregando um Minhyuk praticamente sem vida. Será que eu deveria ir lá e agradecê-lo por me emprestar sua preciosa caminhonete todas as vezes que precisei? E bem, vocês sabem que precisei bastante dela nos últimos meses.
Pelo visto, o veneno que eu havia colocado na bendita canja teve efeito no tempo certo. Devo confessar que me sinto um pouco decepcionado por não estar lá para ver o meu amigo se contorcer no chão da delegacia, como tenho certeza que ele o fez. Imaginem o choque dos policiais, investigadores e principalmente do delegado ao saberem que durante todo esse tempo o verdadeiro causador de todas essas mortes estava bem ali, do seu lado, os ajudando nos interrogatórios na escola, estando presente em todos os cenários dos crimes, sendo um ótimo amigo, que consolava os familiares das vítimas, enquanto seu rosto se banhava em grossas lágrimas de tristeza?
Eu deveria ganhar um oscar.
Vendo toda a comoção que se formava na delegacia, joguei a bituca do cigarro no chão, pisando em cima com meu sapato. Depois de meses, eu finalmente estava pronto para o gran finale, havia até havia me vestido apropriadamente para esse evento de grande porte.
Agora só faltava mais um.
***
- A gente vai conseguir prender esse filho da puta!! - Kihyun ligou a sirene da patrulha, cortando os carros na estrada. Ele não conseguia aceitar que havia feito o papel de bobo. Um investigador com mais de dez anos de carreira, sendo passado a perna por um adolescente de ensino médio. Queria que fosse piada para que enfim ele pudesse rir.
- Acelera a porra desse carro, Kihyun! Vamos. - Impaciente, Son Hyunwoo tamborilava impacientemente os dedos no painel do carro, ainda aflito por ter visto a morte de mais um jovem inocente, dessa vez na sua frente.
Céus, como pôde ser tão precipitado? Mas agora ele finalmente iria prender o verdadeiro culpado. Devia isso ao jovem Minhyuk e aos outros que morreram nas mãos daquele serial killer. Precisavam chegar até ele antes que fosse tarde demais.
- Você irá pagar por cada morte, Lee. Nos aguarde!
***
- Oi, amor!!! - Jooheon deu um casto beijo em Wonho, sentando do seu lado no velho banco branco. - Por que você quis vir aqui tão tarde? Eu estou morrendo de frio, e pensei em dar uma passada lá no Minhyuk para ver como ele está. Mandei umas 4 mensagens, mas ele até agora não me respondeu.
- Ele deve ter dormido, meu bem. Sabe como o Minhyuk é. - Wonho abraçou o namorado, tentando aquecê-lo com seu próprio corpo. - E vamos lá...esse é o nosso cantinho secreto. Lembra no começo do nosso namoro, quando a gente vinha para cá e nos beijávamos encostados naquela árvore ali? - Riu nostálgico, apontando uma cerejeira que estava um pouco longe dos dois.
- Vir numa praça deserta, a essa hora da noite, com um serial killer a espreita? - Jooheon se aconchegou ainda mais nos braços do mais velho. - Um gênio.
- Não precisa ter medo, Jooheon. Já te disse que...
- "Eu sou formado em não sei quantas temporadas de Law & Order e mais não sei quantas outras de umas trezentas séries policiais diferentes", já sei disso tudo. - O mais novo abriu um sorriso, vendo com curiosidade que os dois usavam luvas.
- Então... eu te protejo. - O mais velho fez a sua melhor pose de salvador, fazendo o namorado rir. - É sério, se eu fosse um daqueles investigadores, já teria prendido esse serial killer há séculos.
- Ah, claro. O meu namorado é melhor! É o mais forte, o mais bonito, o mais gentil, o mais sorridente... E acho que você deveria provar aquele ponto de que é o melhor beijoqueiro bem ali na nossa árvore.
- É pra já! - Os dois correram de mãos dadas até o local, Wonho virando o corpo de Jooheon com rapidez, as costas do mais novo chocando-se com o tronco da árvore.
Jooheon teve seus lábios tomados com tanta volúpia, que só conseguiu suspirar nos braços do namorado. As mãos de Wonho passeavam por seu corpo em uma exploração familiar e deliciosa, parando em suas nádegas para apertá-las sem dó. Suas línguas dançavam em suas bocas, tão íntimas, que nenhum dos dois queria parar o ósculo tão cedo. Tão gostoso. Eles podiam ficar ali por horas, aproveitando os toques um do outro, o prazer se tornando palpável a cada minuto que passavam. Quando se separaram, alguns minutos depois, seus lábios estavam inchados e vermelhos.
- Amor, você andou fumando?
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Youngblood └ Wonheon ┘
Misterio / Suspensoconfiança (s.f.) Sentimento de quem confia, de quem acredita na sinceridade de algo ou de alguém. Quando Jooheon e Wonho descobrem que não devem confiar em ninguém.