Capítulo Vinte e Dois: parte II

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*Luna*

–Eu... eu não sei... – digo olhando com olhos muito abertos para suas asas, pareciam bem maiores agora durante o dia, e ele nem ao menos parece se importar se passaria ou não alguém por essa estrada e o visse. – tem certeza de que isso é permitido?

–Não, mas não deve ser proibido também – diz sorrindo levemente, mordo o lábio inferior com força enquanto olho entre ele e o penhasco.

–Eu posso...? – digo dando um passo na sua direção e estendendo a mão na direção de suas asas, Calleb se aproxima ainda mais de mim cobrindo o sol, minha respiração fica difícil, mas tento manter o máximo de controle que consigo.

–Claro! – diz num tom baixo e ele mesmo pega minha mão, ele move sua asa esquerda mais para frente me assustando e suspiro alto dando um passo hesitante para trás, mas não tentei fugir agora.

Quando Calleb colocou minha mão sobre sua asa foi como se tocasse veludo, era macia, lisa e deliciosa poderia tranquilamente dormir sobre ela, era tão macia que me empolguei e abrindo mais meu sorriso deslizo minha mão e dedos por entre as penas até onde meu braço alcançava.

–Pode sentir isso? – pergunto voltando-me para Calleb enquanto acariciava sua asa com as duas mãos com uma vontade imensa de encostar meu rosto ali também, mas me contive. Calleb me olhava com estranhos e intensos olhos escuros que me fez tirar as mãos dele escondendo-as atrás de meu corpo.

–Pode apostar que eu sinto! – diz um pouco rouco, fiquei surpresa e até corada por ter causado essa reação nele...

–Desculpe eu... eu não sabia...

–Nem eu! – diz rindo – ninguém tocou minhas asas antes – diz movendo-as levemente.

–Como faz isso?

–O que?

–Movê-las...

–Ah... bem é como mover seus braços, é exatamente o mesmo mecanismo... quando quer erguer o braço esquerdo – diz levantando o seu próprio e movendo também sua asa – ou o direito – diz fazendo o mesmo com a direita. – ou os dois – diz movendo suas asas para trás e depois abrindo-as de volta.

–Oh... isso é mesmo... incrível!

–Voar é melhor ainda!

–É claro que é! Mas acredito que eu não tenho tanta coragem assim... e você disse que conversaria comigo sobre tudo o que está acontecendo então não tente mudar de assunto ou me enrolar com essa coisa de voar...

–Ok! E eu não estava tentando enrolar você, queria mesmo mostrar a você como é enquanto ainda tenho asas...

–Como assim ainda? – pergunto surpresa, será que ele foi punido por estar fazendo toda essa coisa de se mostrar para mim e tudo o mais? Eu jamais me perdoaria se eu fosse a culpada por ele ter sido... sei lá, expulso do céu ou algo assim. Calleb arqueia uma sobrancelha para mim abrindo um pequeno sorriso parecendo não estar preocupado em estar prestes a perder suas lindas e magníficas asas.

–Você ouviu a música? – diz dando mais um passo para perto de mim me fazendo parecer ainda menor com aquelas coisas ainda abertas.

–Ouvi, mas...

–Eu quis dizer cada palavra! Do começo... principalmente do começo, até o fim! Será que ainda não entendeu Luna? Eu amo você e essas asas não me serviriam de nada se eu tivesse que perdê-la! – diz estendendo sua mão e tocando meu rosto com leveza se aproximando os centímetros que faltavam para ter seu corpo descamisado praticamente colado ao meu.

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