Rangers - Ordem dos Arqueiros (03)

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a v i s o: Todos os direitos são reservados a John Flanagan

c a p í t u l o   t r ê s 

— Quem é o próximo? — Martin perguntou enquanto Horace, com um grande sorriso, voltava para a fila.

Alyss se adiantou com graça, aborrecendo Martin, que queria indicá-la como a próxima candidata.

— Alyss Mainwaring, meu senhor — ela disse coma voz baixa e uniforme. Então, antes que lhe perguntassem qualquer coisa, continuou:

— Por favor, solicito uma indicação para o Serviço Diplomático, meu senhor.

Arald sorriu para a garota de aspecto solene. Ela tinha um ar de autoconfiança e dignidade que a ajudaria muito no Serviço. Ele olhou para lady Pauline.

— Senhora? 

Ela concordou com um gesto de cabeça.

— Já falei com Alyss, meu senhor. Acredito que ela seja uma excelente candidata. Aprovada e aceita.

Alyss curvou levemente a cabeça na direção da mulher que seria a sua mentora. Will pensou em como eram parecidas — as duas eram altas e tinham movimentos elegantes e maneiras reservadas. Ele sentiu uma leve onda de prazer por sua colega mais antiga, pois sabia o quanto ela queria ser escolhida. Alyss voltou para a fila, e Martin, para não ser passado para trás novamente, já apontava para George.

— Muito bem! Você é o próximo! Você é o próximo! Dirija-se ao barão.

George deu um passo à frente. Sua boca abriu e fechou varias vezes, mas nenhum som saiu. Os demais protegidos o observavam surpresos. George, considerado há muito tempo advogado oficial deles para quase tudo, estava dominado pelo nervosismo. Finalmente, conseguiu dizer algo, mas em voz tão baixa que ninguém na sala o ouviu. O barão Arald se inclinou para a frente, com a mão em concha atrás da orelha:

— Desculpe, mas não entendi o que falou.

George olhou para o barão e, com enorme esforço, falou com voz ainda baixa.

— G-George Carter, senhor. Escola de Escribas, senhor.

Martin, sempre um defensor da correção, respirou fundo para repreendê-lo por sua fala truncada, mas, antes que pudesse fazê-lo e para alívio evidente de todos, o barão interferiu.

— Tudo bem, Martin. Deixe para lá. 

Martin pareceu um pouco ofendido, mas se calou. O barão olhou para Nigel, o chefe dos escribas e responsável por assuntos legais, que estava com uma sobrancelha erguida, com ar de interrogação.

— Aceitável, meu senhor — Nigel declarou. — Já vi alguns trabalhos de George, e ele realmente tem o dom da caligrafia.

— Ele não impressiona muito como orador, não é mesmo, mestre? — o barão comentou em tom de dúvida. — Isso poderá ser um problema se tiver que oferecer aconselhamento legal no futuro.

— Eu lhe garanto, meu senhor, que com treinamento adequado esse tipo de falha não vai representar problema.

Entusiasmado com o tema, o mestre escriba juntou as mãos debaixo das mangas largas do hábito, parecido com o de um monge.

— Lembro-me de um garoto parecido com ele que esteve conosco há muitos anos. Ele tinha o mesmo hábito de murmurar, mas nós logo lhe mostramos como superar essa dificuldade. Alguns de nossos oradores mais hesitantes acabaram por ficar muito eloquentes, meu senhor, muito eloquentes. 

O barão respirou fundo para responder, mas Nigel continuou seu discurso.

— Talvez o senhor fique surpreso em saber que, quando menino, eu sofria de uma terrível gagueira nervosa. Absolutamente terrível, meu senhor. Eu mal conseguia dizer duas palavras uma após a outra.

Rangers - Ordem dos Arqueiros (01)Onde histórias criam vida. Descubra agora