Blinding Lights • Adamo & Dinara [PAUSADA]

Capítulo 3

Adamo

Eu não acredito que estou aqui, não mesmo. Questionei várias vezes se deveria mesmo vir. Isso é meio estranho, qualquer um pensaria assim, mas eu não dou a mínima. Estou parado em frente ao lugar em que ela trabalha. A oficina é famosa entre os competidores, já até consertei meu carro aqui algumas vezes no passado. Nunca prestei atenção em quem trabalhava lá, pelo menos até agora.

A oficina é dividida em duas partes, uma onde há pelo menos 5 carros sendo arrumados, provavelmente ainda por causa da corrida, e a loja. Suspeito que quem eu procuro não seja exatamente uma mecânica, e meu palpite se mostra correto quando eu passo pela porta e vejo uma bela ruiva agachada em frente a uma das prateleiras. Seu cabelo está preso no alto da cabeça, no entanto, alguns fios se soltaram e caiam pelo seu pescoço. Ela era ainda mais atraente de perto e eu nem olhei seu rosto direito.

Fico ali por um tempo até que ela finalmente se levanta e seus olhos se arregalam quando nota minha presença. De longe, ela era linda, uma figura etérea no meio da bagunça que é a corrida antes da largada. Tive que piscar algumas vezes para ter certeza de que não ela não era algum tipo de miragem no meio do deserto. Agora, no meio de várias prateleiras cheias de peças, ela parecia um anjo. Sua pele era pálida e imaculada, exceto por algumas sardas que cobriam seu nariz e bochechas. Sua beleza era natural, na verdade, usando grandes óculos e una farda sem graça, era como se estivesse tentando passar despercebida. Teria funcionado, se não fosse pelo belos cabelos ruivos, que brilhavam como fogo vivo, e os incríveis olhos azuis que eu já vi.

Por muito tempo, olhos azuis me atormentaram. Faziam eu lembrar dos piores momentos da minha vida, em que eu aceitaria qualquer coisa, até mesmo morrer, para que aquilo parasse. Eu pensava que toda essa agústia sumiria alguma dia, mas não aconteceu. Ela apenas me levou para um lugar sombrio demais, fez com que eu tomasse decisões das quais eu me arrependo amargamente. Os olhos dessa mulher, no entanto, eram diferentes. Tão pálidos que eu duvidava que qualquer outra pessoa no mundo pudesse ter algo parecido. Mas também funcionavam como uma pequena fissura na máscara dela. Eles pareciam tão tristes. E também tinha algo mais e eu precisava descobrir o que era. Por que ela parecia carregar um fardo tão pesado?

— Em que posso ajudá-lo?— Ela tentou se recompor, mas estava claramente nervosa e tentava se manter séria.

Eu analisei a bancada, depois olhei-a diretamente. Será que ela sabia quem eu era? Qual o seu nome? O silêncio se estendeu por um bom tempo, enquanto eu analisava o seu rosto, era difícil prestar atenção em outra coisa.

— Quero um capacete.— Menti. Quase nunca andava de moto.

— Você tem preferência por algum modelo?— Perguntou, enquanto caminhava para uma prateleira afastada.

— Qual é o seu nome?— Seu corpo enrijeceu um pouco, mas continuou a apanhar os modelos. Quantos tipos de capacete existiam, afinal?

— Pode me chamar de srta. Davis.

— Por que tão formal?

— Então você disputa as corridas de moto também?— A tentativa de desviar minha atenção dela não saiu despercebida. Por que não falar o seu primeiro nome?

— Não, motos são só para diversão.— Dei um sorriso torto e ela corou lindamente. Embora parecesse um pouco irritada também.— Srta. Davis.

Permanecemos em um silêncio mortal enquanto ela terminava de pegar os vários modelos e trazia-os para mim. Eu avaliava, como se a compra fosse algo que realmente estava interessado. Ela me olhava como se soubesse exatamente o que eu estava fazendo, até que finalmente me confrontou.