Blinding Lights • Adamo & Dinara [PAUSADA]

Capítulo 5

Dinara

Assim como eu esperava, eu acordei maravilhosamente bem. Tomei um banho quente, escovei meus dentes, comi os cereais de sempre, estava tudo correndo bem, de verdade. Eu quase não lembrava de ter estado no carro de Adamo, ou da forma como ele me beijou, ou das mãos dele no meu corpo. Não, eu definitivamente não pensei em nada disso desde quando eu acordei, muito menos fiquei até tarde me virando na cama por sentir que algo foi interrompido.

Eu havia sido irresponsável, foi arriscado e perigoso. Jamais aconteceria novamente. Nunca. Eu repetia isso o tempo todo. Repetiria cada vez que eu cogitasse pensar na possibilidade de encontrá-lo de novo. E beijá-lo. E, talvez, fazer algo mais. Por que não? Porque Adamo está além dos meus limites.

Eu estava em Vegas há alguns meses e tudo estava indo bem, talvez fosse a hora de começar a me abrir mais um pouco? Tudo bem que começar a me abrir para o mundo exterior justamente com um Falcone talvez não seja tão inteligente de minha parte, mas quem se importa? Eu fugi da Bratva porque me sentia presa, queria ter escolha, queria ser livre, mas isso não aconteceu. Eu só sinto como se tivesse saído de uma gaiola e ido para uma maior, que me deu uma sensação de mais espaço e quase um gostinho de liberdade, mas não deixava de ser uma gaiola.

Talvez meu pai tenha dado graças a Deus por eu ter fugido. Ele nunca foi alguém realmente amoroso ou gentil, se a sua nova esposa já tiver lhe dado um herdeiro, é muito provável que nem lembre da minha existência. Então, por que me esconder tanto? Por que negar um desejo que tem me consumido desde o dia em que eu coloquei os olhos em Adamo? Não era como se fosse uma grande coisa, certo? Só alguns encontros e... Não, eu não poderia colocar Adamo em perigo.

Olhei-me no espelho, a marca odiosa no meu pescoço zombava de mim. Era apenas um lembrete do que eu não poderia me atrever a querer. Minha pele sempre foi muito clara e muito sensível, praticamente qualquer coisa poderia maculá-la. Agora eu tinha a marca dos dentes de Adamo no meu pescoço. Parecia bem pior do que realmente estava. Tentei esconder com maquiagem, mas ainda ficou aparecendo um pouco, talvez alguém menos atento mal percebesse, mas ainda assim não seria bom aparecer no trabalho ostentando algo assim. Colocar o cabelo todo para o lado iria funcionar.

No trabalho, por ter um fluxo muito grande de pessoas, eu tentava esconder meu cabelo ao máximo. Quando eu cheguei a Las Vegas, pensei em pintá-lo, mas logo percebi que não havia necessidade. Estávamos na cidade do pecado, pessoas extravagantes em todos os cantos, uma garota ruiva com o cabelo preso e usando óculos enormes na maior parte do tempo não chamaria atenção. Estava funcionando, ninguém passa muito tempo prestando atenção na garota tímida e calada.

Yolanda, por sorte, não tocou sobre o assunto "com quem eu estive ontem", não por falta de curiosidade. Nós éramos amigas, nos dávamos bem, conversávamos sobre qualquer coisa, ou quase qualquer coisa, no entanto, eu sempre fui mais reservada. Tão reservada que, desde que nos conhecemos, eu nunca apareci com nenhum namorado ou amante ou amigo com benefícios Ela achava estranho, até tentou me apresentar alguns de seus amigos, um ou outro era interessante, mas não o suficiente para que eu quisesse algo mais. Depois de um tempo ela simplesmente desistiu de bancar o cupido para mim, estaria mentindo se dissesse que não fiquei um pouco aliviada.

Então, compreendo sua curiosidade depois de ter me visto chegar ontem. Aquilo não era eu. Era o que Adamo fazia comigo.

No caminho para a oficina, eu levava a jaqueta de Adamo dentro da minha mochila. Eu não poderia passar nem mais um segundo com isso no quarto. Ele cheirava tão bem que quase me fazia perder os sentidos. Sem contar que, conhecendo o pouco que o conheço, a chance de usar isso como pretexto para aparecer no meu local de trabalho é de 99%.