Memory (OneShot)

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Catra Point Of View


Meu coração estava acelerado enquanto eu tentava ao máximo controlar a respiração. Adora estava ao meu lado tentando manter a calma mexendo na ponta dos dedos enquanto caminhava. Assim que chegamos até a porta da sala de treinamento, o instrutor mandou todos formarem uma fila única. Como estava combinado no plano, que bolamos há meia hora, Adora foi para o final da fila e fez um sinal de "ok" para a Lonnie.

O esquema era o seguinte: Rogelio e Lonnie tinham construído com algumas peças encontradas pela Horda um gravador. Ela iria reproduzir as nossas vozes na hora da chamada do treino. Aparentemente, nosso instrutor tem algum problema de visão ou de leitura, porque nunca tira os olhos da prancheta enquanto checa quem está presente. Logo, assim que chamar pelos nossos nomes, Lonnie tocará o belo som de nossas vozes enquanto estamos a uns bons metros de distância.

Como que ela aceitou isso?

Prometemos dar umas dez barras cinza para ela em troca da ajuda.

Assim que ele começou a fazer a chamada, Adora pegou na minha mão trêmula e deu um passo para trás. Fomos andando lentamente até podermos virar para o próximo corredor e então fugir de vez. Nesse horário os guardas estavam tomando café da manhã ou preenchendo relatórios sobre o dia anterior. Logo, havia poucos vigias espalhados pelo local.

A primeira parte do grande plano foi concluída! Agora, nos restava ir até a sala de suprimentos para pegar as barras de Lonnie.

– Adora? – chamei-a já pensando em uma brincadeira.

– Sim, Catra? – respondeu meio baixo e olhando para trás, ainda meio chocada com o que tínhamos acabado de fazer. Não posso negar o quão irritante o lado "certinho" dela poderia ser, mas também era adorável. Nessas horas, minha função era distrai-la para aliviar sua consciência.

– Vamosapostarcorridaatéasaladesuprimentos? 1, 2, 3 e vai! – falei o mais rápido possível e disparei na frente, deixando uma Adora parada tentando processar o que tinha acabado de acontecer.

Olhei rápido para trás rindo alto. Provavelmente não foi uma boa ideia ter feito isso, porque quando ela começou a correr com tudo, sua cara ficou extremamente séria. Virei para a direita entrando no corredor vazio e me deparei com várias caixas empilhadas em minha frente. Passar pelo lado me faria perder a velocidade, então teria que ser por cima. Respirei fundo e saltei em direção à parede, usando as minhas garras para conseguir impulso e ir para frente. Infelizmente, a minha técnica não foi das melhores e acabei tropeçando, mas não caí.

Adora conseguiu me alcançar ao saltar habilidosamente sobre as caixas. Meus pulmões ardiam e minhas pernas latejavam,porém continuei correndo. Com o canto dos olhos a vi me ultrapassar. Percebique o cabelo dela tinha crescido um pouco e agora o rabo de cavalo conseguia cobrir sua nuca inteira. Por conta da corrida, o penteado não estava perfeito como sempre. Algumas mechas insistiam em cair em suas bochechas coradas e grudavam em suas têmporas suadas. Com o tempo, os nossos treinos foram ficando muito mais pesados, mas ela nunca se deixava abalar e dava o máximo de si e isso acabou resultando no crescimento de músculos em regiões específicas do seu corpo.

Ela estava tão cansada quanto eu, era perceptível por causa do seu peito que subia e descia enquanto respirava tentando manter a liderança. Esse jeito competitivo sempre fez parte dela. Quando vencia, ficava radiante. Porém, sempre temi que suas vitórias não fossem dedicadas para si própria, e sim para os outros.

Quando faltavam apenas alguns passos para chegarmos, tive mais uma ideia maligna e pulei em seus ombros, nos fazendo cair ao cruzarmos a porta. Não haverá vencedoras hoje.

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