Capítulo I

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Passo pelo portal das fadas indo para a capital do reino. Fui obrigada a me mudar porque passaria a morar com meu pai, o braço direito do rei. Minha mãe havia adoecido e em menos de dois meses começou a trocar telegramas mágicos com meu pai, pois ela não quer que eu fique quando o estado piorar e, talvez, para eu começar a conhecer meu pai melhor. Não reclamei na hora, mas ser afastada de onde eu morava, perder meus amigos e me encaixar num novo lugar com pessoas que nunca falei na vida, inclusive meu pai, não parecia o jeito certo de começar bem o ano.

Meu pai quase nunca dava sinal de vida, era raro os anos que ele mandava cartões comemorativos e quando o fazia eram nas datas erradas, mas não posso reclamar muito pois mandava quantias de dinheiro o suficiente para mim e minha mãe. Não supria quase nenhum sentimento por ele, uma parte de mim nunca gostaria de conhecê-lo, talvez raiva por nunca querer ter me conhecido, mas esse sentimento era totalmente inútil no momento.

Olho ao meu redor, tentando procurá-lo mas apenas conseguia ver pessoas indo para cá e para lá, apressadas em sua rotina de cidade grande. Dou um suspiro, onde ele estava? Começo a andar para frente carregando em minhas mãos as poucas bagagens que eu trouxera comigo, já que o resto tinha sido enviada à residência de meu pai. Sento em uma cadeira olhando para ver se ele vinha, o que era inútil já que nem sabia como ele era, apenas que seu nome era "Oliver Ruston". Se passaram duas horas desde que cheguei, estava sentada lendo meu livro, coloco uma mecha atrás de minha orelha e passo minha língua em meus lábios.

— Senhorita Ayla!— começo a procurar quem tinha me chamado e guardo apressadamente meu livro— Senhora Ruston?— estremeci, o nome herdado do meu pai era poucas vezes pronunciado para me chamar e como consequência me gerava estranheza.

— Sim?— grito e levanto a mão, percebo que vindo em minha direção aparece um velho com roupa de chofer segurando uma placa escrita "Ayla Mie Ruston" — pai?— acredito que era velho demais para ser meu pai.

— Não— ele ri nervoso — sou apenas o motorista e mordomo da família real, seu pai me mandou aqui para levá-la — sorriu talvez forçado, imagino que pelo hábito tenha se tornado difícil de saber se era ou não um ato falso —deixe que eu a ajude— ele pega uma das minhas bolsas.

— Obrigada— começo ir atrás dele. Ficamos em silêncio até que ele abre a porta da carruagem e eu entro— então, a casa do meu pai fica muito longe?

— Acredito que a Sra.Ruston não lhe contou nada— agora era mais para Sra.Mie, minha mãe.

— Apenas que iria me buscar— falei tentando soar como se eu não me importasse — e que era o braço direito do rei.

— Entendi, a casa fica no meio da cidade, seu pai mora no palácio— imaginei já que os dois eram amigos de longa data.

— O que meu pai faz em seu trabalho?

— Ele é o conselheiro do rei e o seu guarda-costas — ele me olha pelo retrovisor — Ele é muito bom na dominação de poder, luta com espada e corpo à corpo — não sabia qual poder meu pai tinha, mas pelo o que o motorista disse devia ser muito bom no que fazia.

— Ele é muito sério?

— Digamos que ele leve o trabalho a sério— minha mãe havia me dito isso, era por isso que ambos tinham se separado.

Olho para as construções, não havia dúvidas que eu estava na capital, era muito lindo, dava para ver que quase tudo funcionava por magia e que haviam muitas esmeraldas, diferente da minha antiga cidade. No momento que pisei aqui pude sentir a grande onda de poder que eu podia controlar, olho para minhas mão e faço um pequeno redemoinho. Meu poder era o de vento, herdado da minha querida avó.

O bater de asas.Onde histórias criam vida. Descubra agora