Capítulo IV

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— Qual é seu nome querida?— Digo meu nome à senhora— você é a aluna bolsista certo? — confirmo com a cabeça — pode se sentar naquela sala, o diretor quer falar com você e  antes de sair pode pegar seu horário.

— Obrigada.

    Vou até a sala em que a secretária apontou, ao abrir a porta percebo que haviam mais dois seres na minha frente, um era um vampiro e o outro, por ironia do destino, era Gael. Me sento do outro lado da sala, mesmo que a sala não fosse tão grande havia espaço o suficiente entre nós. Pego um jornal com o objetivo de não ficar entediada, em sua capa estava escrito "eles voltaram?" e poucos minutos depois desse ato, Edward (o vampiro) é chamado para sala do diretor, ficando apenas eu e ele. Percebo que o mesmo pega um livro que estava ao seu lado, porém o objeto fica de ponta cabeça. Mudo meu foco dele para o que estava tentando ler mas mesmo se estivesse sozinha não iria querer ler isso.

    Coloco uma mecha atrás da orelha e percebo que Gael faz o mesmo, ele estava me observando com um sorriso que no mínimo pode ser descrito como infantil, coloco minhas pernas cruzadas e percebo que ele faz o mesmo, o olho e dou um sorriso, novamente ele me imita. Ajo como se não ligasse, o que não era mentira, viro uma folha do jornal e ele faz o mesmo com seu livro, que continuava de ponta cabeça, abaixo meu jornal e fazendo gestos delicado com meu dedo, o vento pega o livro dele e o gira, deixando agora certo, ele solta uma pequena risada rouca.

— Acho que você vai ler melhor desse jeito — digo voltando meu olhos ao jornal, ele não disse nada, apenas fechou o livro, colocando em seu lado. A porta da sala do diretor se abre, saindo o tal Edward chamando o Gael para dentro. Fico um tempo observando melhor a sala, havia lindos quadros na parede, eram de paisagens de diferentes lugares, regiões com aspectos rústicos, com cores vivas e muito detalhado. Não sei quanto tempo fiquei observando os quadros,  mas em pouco tempo a porta estava sendo aberta de novo.

— Que esse seja seu último aviso!— da sala, Gael saia em meio a frase do diretor, ele me olha e eu acenei um "tchau" para ele, que retribuiu com um sorriso forçado— venha senhorita Ayla— o diretor me olha sério e eu entro, o Sr. Frey (diretor da escola) era um duende, mas de um tipo diferente da Sell, bem menor, barrigudinho, com barba e careca, usando apenas um chapéu— por favor sente-se.

— Obrigada.

— Bom podemos ir aos assuntos?— eu confirmo com a cabeça — acredito que saiba que é a única bolsista da escola.

— Sim.

— Espero que saiba também que essa escola é mundialmente bem vista em todos os aspectos possíveis, então espero que a média de nota tirada aqui continue bem alta— ele dá uma pausa enquanto pega um papel— nesse papel você pode ver algumas regras para estudar aqui, irei ler os mais importantes para você "chegar no máximo uma vez atrasada a cada 6 meses, tirar notas maiores que 7, não levar nenhuma suspensão ou advertência e por último, lavar os pratos da janta"— ele me dá o papel.

— Me desculpe, lavar os pratos?

— Apenas da janta, começará amanhã — fala como se fosse óbvio, olho para o papel que havia mais algumas coisas que ele não tinha dito— devo ressaltar que praticar magia proibida leva a expulsão— confirmo com a cabeça — pode se retirar— me levanto da cadeira e vou em direção a porta.

    Após ter saído da sala da diretoria pego meu horário de amanhã. Vou direto para meu quarto, quando chego percebo que Sella não estava, então vou direto para o banho, que me ajuda a relaxar. Ao sair do banho pego o livro que minha mãe havia feito para meu pai. "De Alice para o meu grande amor, Oliver Ruston" leio novamente a dedicação, passando meus dedos nas letras, passo mais uma página e leio o título do capítulo "simples atos", era tudo escrito a mão e com certeza era a letra mais bonita que eu já vira. Começo a ler o primeiro capítulo e no 5º parágrafo percebo que era a história de romance da minha mãe e do meu pai, leio cada letra, degustando todas as palavras que ditava a história.

    Quando Sell chegou eu já não estava mais lendo o livro e sim me dedicando aos estudos. Ela veio pulando em sua cama e falando que tinha visto um lobisomem lindo, de acordo com ela "um pedacinho de ouro no meio de um monte de estrume" e obviamente acabei gargalhando. Eu não estava com muita fome para o jantar, queria estar pronta para amanhã, além de pensar muito no livro dedicado ao meu pai.

        No primeiro capítulo que eu li falava que minha mãe era uma jovem que adorava plantas e flores, de acordo com o livro meu pai sempre fora apaixonado por ela, apenas não tinha coragem de iniciar uma conversar. Quando ele enfim tomou uma iniciativa, deu um buquê de flores cintilantes, o que minha mãe odiou e rejeitou seu pedido de encontro. Meu pai não querendo dar o braço a torcer, foi um outro dia até minha mãe carregando em sua mão um pacote cheio de sementes para flores cintilantes, a mesma o encarou no fundo dos olhos e descreveu esse momento como o mais fofo de sua vida, o momento em que ela se viciou no olhar do meu pai. 

O bater de asas.Onde histórias criam vida. Descubra agora