parte 1

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Naquela noite foi praticamente impossível dormir, fiquei imaginando no que ela teria para me falar, em que havia na tal caixa, vindo do Gus pode ser literalmente qualquer coisa.. fiquei pensando em por que agora, será que teria algum motivo específico ou foi apenas uma coincidência? Será que essa Anna conhece muito o Guns? E se sim, por que eu não sabia nada sobre ela, mas principalmente, ela sabia algo sobre mim? Havia tantas perguntas...
Mas a principal é, vou conseguir encontrar com ela sem  me afundar em choro? Depois daquela ligação, só conseguia pensar em perguntas e mais perguntas... Me afundando em pensamentos e em memórias constantes dele.. tudo culpa daquele maldito grupo de apoio, embora por causa dele eu tenha conhecido o Gus e o Issac, mas se não fosse por ele também, eu não estaria as 3 horas da manhã abraçada a uma camisa dele imaginando mil possibilidades do que possa acontecer domingo, fiquei pensando nisso até pegar no sono... Sei que pode parecer triste, mas é algo que me reconfortava, me lembrava um pouco de como era ter ele comigo.
Acordei era 10:00, com a minha mãe esbravejando com meu pai sobre uma toalha molhada encima da cama, sinceramente, achei imprudente... Ela já devia estar acostumada com isso, afinal são casados a anos..
Aquela manhã foi bem corrida, tive que tomar meu café as pressas para irmos ao hospital, mais uma daquelas revisões para ver se o câncer se espalhou mais, ou seja, agulhas e mais agulhas, junto com uma fraqueza constante, um desconforto tremendo e estrondoso, mas a pior parte é ver o rosto da minha mãe enquanto tudo isso acontece, é como ver um cachorrinho com fome na rua.. parte meu coração em mil pedaços, nessas horas costumo fechar os olhos e me imaginar em um lugar totalmente diferente, ignorando todas as circunstâncias.. normalmente um parque calmo, ou me imagino na minha cama lendo em um dia chuvoso enquanto escuto uma música baixa e calma, assim não tenho que ver o rosto de preocupação da minha mãe enquanto ela finge que está tudo bem, como uma maneira de me confortar enquanto na verdade quem precisa ser confortada é ela.
Ela sempre finge ser forte, que tudo vai ficar bem, mas sei que um dia antes das minhas consultas ela dorme abraçada no meu pai, enquanto ela chora nos ombros dele e ele a conforta fazendo carinho em seus cabelos loiros encaracolados em uma tentativa de dizer que estaria ali com ela para qualquer coisa.. Fico me perguntando como tudo seria em circunstâncias melhores, se eles ainda se amariam dessa forma, se ainda seriam tão unidos e respeitosos um com o outro... Será que de alguma forma eu ter nascido com câncer fez eles se amarem mais?!

a culpa é das estrelas: Vida após GusOnde histórias criam vida. Descubra agora