Me mudar não está sendo fácil, faz dois anos que faço faculdade de moda em Paris e sair de Chartres é minha melhor escolha, pois viajar noventa e três quilômetros diariamente não é fácil, e outra lá também fica meu namorado Dimitri, mas não morarei com ele, vou morar com Natasha, minha melhor amiga.
— Filha tem certeza disso?
— Pela centésima vez, tenho mãe, não está dando para ficar aqui, e a passagem de ônibus está só aumentando.
— Isso é verdade, mas você também poderia procurar um emprego aqui não acha?
Termino de empacotar minhas coisas e vou até ela, segurando seus ombros olho bem em seus olhos.
— Mãe, ficarei bem e a senhora também vai, meu irmão continuará aqui lembra? E mais, onde é que eu conseguira um emprego de publicidade aqui?
— Tem razão — ela me puxa para um abraço — sentirei tanto a sua falta meu bem.
— Eu também sentirei a sua mãe, mas ligarei diariamente, prometo, e mais, a senhora sempre poderá me visitar e eu poderei vir um fim de semana ou outro ficar aqui.
— Está bem — ouvimos buzinas no portão e logo Nat se junta a nós.
— Vamos?
— Vamos, me ajuda com essas caixas?
— Claro.
Enquanto colocamos as caixas e minhas duas únicas malas em seu carro, minha mãe fica observando e chorando de vez em quando, o que me deixa com o coração apertado. Desde que meu pai morreu sou eu quem ajuda com as finanças da casa, pela menos a maior parte.
Sei muito bem que será difícil para ela e meu irmão, mas os dois tem que entender que preciso ir, não dá mais para ficar aqui.
Em Paris terei muito mais chances, quem sabe não consigo um estágio em uma das butiques mais famosas, o que é meu sonho.
— Assim que chegar e estiver instalada me avise!
Dou um abraço apertado nela e concordo.
— Pode deixar, de um abraço em Pietro para mim.
Ela faz que sim em silêncio, e enquanto entro no carro a vejo chorando, sentirei tanto a sua falta.
— Eles vão ficar bem, e nós também.
Aperto a mão de Nat e lhe dou um sorriso, ela tem razão, vamos todos ficar bem.
Ao chegarmos em Paris observo todos, os turistas são fáceis de se achar, pois seus olhos maravilhados e as câmeras nas mãos os denunciam facilmente, já os habitantes estão andando rápido e segurando suas bolsas, ou então estão oferecendo algo a algum turista.
Nosso apartamento fica de frente para a torre Eiffel, o que vai me inspirar muito para meus desenhos.
— Finalmente chegamos — Nat diz desligando o carro.
— Pelo menos já alugamos um apartamento mobiliado.
Ela sorri e concorda saindo do carro, pego duas caixas minhas no porta malas e vou para o elevador, onde as coloco e seguro para que Nat posso entrar.
— Vamos fazer quantas viagens será?
Olho para as caixas aos meus pés e às duas que ela segura.
— Espero que não muitas.
Ela começa a dar gargalhadas e eu a acompanho, não pelo que eu disse, mas sim por sua risada ser muito engraçada.
O apartamento tem dois quartos, e escolhemos ele por já ter um lugar próprio para criação de um estilista, ou melhor, duas estilistas.
Quando terminamos de levar todas as caixas já passa da meia-noite. Sinto-me tão cansada que só vou para meu quarto, que está lotado de caixa e me jogo na cama, caindo no sono na mesma hora, dormindo tranquilamente e sem sonhos.
Acordo com meu despertador tocando, olho as horas e me assusto, estou mega atrasada para faculdade, saio correndo me vestindo e pegando minha bolsa que já estava pronta.
— Nat, vamos, senão chegaremos atrasadas — digo batendo em sua porta.
— Já estou de pé — ela responde saindo do banheiro.
— Não dá nem para gente comer direito.
Pego uma maçã que compramos ontem e saio seguida dela.
Entramos na sala com o professor a dois metros da porta.
— Quase que não conseguem.
— Pelo menos conseguimos não é! — Nat diz dando um sorriso, ela acha que não sei, mas ela tem um caso com nosso professor de história.
Entramos para a aula e vamos para nossos lugares, o meu fica ao lado da janela e o dela, na minha frente.
— Pensei que não viriam mais?!
Olho para Dimitri e lhe mostro a língua, ele me dá um sorriso gosto lá o e volta sua atenção para o professor.
A aula passa rápido e logo estou na aula de finanças, infelizmente nós que fazemos moda temos que aprender finanças, não sei qual o sentido disso, mas temos que aprender.
Durante a aula reparo em alguns alunos do lado de fora, conversando, lendo, mexendo no computador, ou comendo. Queria estar assim, a aula de finanças é muito chata, preciso a aula de desenho.
— Quero esse trabalho para a próxima aula e nem um dia a mais.
Professor louco, temos um dia para um trabalho de seis páginas sobre a história da moda, eu gosto dessa aula, mas esse tipo de trabalho eu detesto.
Saio o mais rápido da sala, estou morrendo de fome, preciso ir logo para a cantina.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Gato do Meu Vizinho
RomanceHannah está se mudando para poder ficar mais próxima do trabalho e da faculdade, sua amiga Natasha veio junto e as duas nem imaginam o que as espera. Suas vidas vão mudar completamente, principalmente a de Hannah ao conhecer seu vizinho. Raffael é u...