Capítulo 2

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Chego na cantina e vou para a fila, e quando finalmente chega minha vez não faço ideia do que escolher. Acabo pegando o prato do dia, um x-salada com porção de batata e suco natural.

Antes que eu possa me sentar alguém me pega pela cintura e levo um susto.

— Pensei que estivesse de dieta — Dimi diz em meu ouvido.

— Sim, mas estou morrendo de fome, será isso mesmo.

Sento e começo a comer, com bastante vontade. Ele sai e vai para a fila pegar comida, sendo substituído por Nat.

— Contará quando para ele?

Finjo que não sei do que ela está falando, não posso contar-lhe que estou grávida, Dimitri sempre me disse que não quer ter filhos, se ele souber que estou grávida vai me deixar na mesma hora, e estamos juntos desde o ensino médio, não quero acabar com uma relação de seis anos devido a um bebê não planejado.

— Hannah você está me ouvindo?

— Não contarei para ele.

— Mas você não conseguirá esconder por muito tempo.

— Eu abortarei, ou não, não sei, Dimitri já me disse que não quer ter filho, não posso acabar com nossa relação desse jeito.

— Você sempre foi contra o aborto, não tem o porquê mudar agora de ideia devido a um homem.

— Sim, mas eu também não posso pôr tudo a perder por um bebê que nem conheço.

— Mas conhecerá, se eu fosse você contava para ele sem se importar com as consequências, se ele te abandonar é porque não te amava de verdade.

Ela sai dali indo para a fila, fico batucando isso na cabeça por um bom tempo, Nat tem razão, se Dimitri me abandonar devido a uma gravidez, nunca me amou de verdade, mesmo estando juntos a seis anos.

— O que houve amor?

Sua voz me tira de meus pensamentos.

— Nada, não houve nada — digo nervosa, como vou contar-lhe? — O que acha de ir lá em casa hoje à noite?

— Topo, quero conhecer seu apartamento novo.

Ele me dá um sorriso e eu retribuo, espero mesmo que ele não fique bravo, não quero terminar, não sei o que faria se terminasse.

Passo o resto do dia pensando nisso, nem no trabalho consegui me concentrar direito, é como se minha vida inteira dependesse dessa noite, o que é verdade já que a resposta de Dimitri definirá o que acontecerá.

— Vê se demora bastante, pois a notícia pode alegrar ele, aí já viu né — digo a Nat sorrindo enquanto termino de lavar a louça.

— Tá bom, demorarei, só espero que você tenha razão, pois sua boca diz uma coisa, mas sua cara diz outra.

Olho para ela é dou um sorriso nervoso, ouvimos batidas na porta e ela pega sua bolsa indo atender e já saindo.

— Nossa, belo apartamento — Dimitri diz entrando na cozinha.

— Pois é, demos sorte.

— E que tal se eu tiver sorte com outra coisa — ele enlaça minha cintura e começa a me dar beijos na nuca e na curva do pescoço, me causando arrepios.

— Não acredito que seja uma boa ideia — digo me desvencilhando de seus braços.

— Porque não?

A decepção em seus olhos é bem grande.

— Porque não posso.

— Não pode? — ele ergue uma das sobrancelhas em sinal de confusão.

— Dimitri eu te chamei aqui para contar uma coisa, mas primeiro quero saber se continuaremos juntos, mesmo com a notícia que tenho.

— Vai me dizer que me traiu com alguém? — ele já está ficando com raiva.

— NÃO, nada disso, é que eu estou... — como direi sem ele ficar bravo?

— Você está?

— Estou grávida — digo rápido e na lata, não adianta segurar muito tempo.

— Como é?

— Eu disse o que você ouviu.

— Hannah como você deixou isso acontecer?

Ele senta no sofá e coloca as mãos na cabeça.

— Eu não deixei nada, foi você quem quis transar sem camisinha eu apenas concordei, nós dois temos culpa nisso, mas daremos um jeito. — Sento ao lado dele e coloco minha mão em seu ombro.

— Sim, nós daremos um jeito — ele se levanta e pega a chave do carro — venha.

— Onde você vai me levar.

— Tiraremos esse monstrinho de você.

— O que você disse? Acha mesmo que abortarei só porque você não quer ter filhos.

— Vai sim, isso se quiser continuar comigo, se não terminamos por aqui.

Vou até à porta e a abro lhe dando passagem.

— Fique à vontade para sair da minha vida, alguém como você não merece mesmo ser chamado de pai e nem ter amor.

— Eu vou, mas você vem comigo.

Ele segurar meu braço tentando me puxar para fora do apartamento, resisto o máximo que consigo, mas ele é muito forte. Dimitri me leva para fora, mesmo com todos os meus protestos, ele consegue me arrastar até o elevador.

— Está demorando demais vamos pela escada.

— EU NÃO VOU COM VOCÊ, ME SOLTA.

Grito com toda a força, será que meus vizinhos não escutam? Estão surdos por um acaso?

Quando chegamos no meio do caminho tem um homem subindo, ele para e olha para nós dois, acho que percebeu o que está acontecendo, pois meus olhos são de alguém assustado, e que precisa muito de ajuda.

— Acredito que a moça não quer ir junto!

— Cara, não se mete, isso aqui é assunto de casal.

Dimitri me puxa e me passa para sua frente, quando ele me empurra pelas escadas tropeço e caio rolando escada abaixo, sinto pontadas por todo o corpo, mas quando bato com a cabeça na parede sinto um puxão no meu ventre, instantaneamente coloco a mão na barriga, sinto sangue sair por minhas pernas, não acredito que isso está acontecendo comigo, depois que uma lagrima rola por meu rosto tudo fica escuro e a única coisa que em que penso é no meu bebê. 

O Gato do Meu VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora