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Havia flores em toda a parte, no criado mudo ao lado da porta, na cozinha, a casa era coberta de flores principalmente as de aparência rosada, que agora conhecia como Dália. As flores traziam vida ao cômodo escuro, as paredes eram pintadas de um azul escuro e todos os móveis eram talhados em madeira escura, as cortinas fechadas me davam a sensação de sufocamento. Toquei as paredes escuras, escuro é um ótimo lugar para se esconder, se esconder das outras pessoas mas nunca de si mesmo, pena que a escuridão não é capaz de te livrar das suas cicatrizes.
Miguel: Ela amava flores. - Ele tocou a Dália que estava no criado mudo e suspirou, seus olhos refletiam dor, uma dor que a escuridão não é capaz de camuflar.
- São lindas. - Sorri para ele e toquei seu ombro, ele sorriu de volta, Josh apertou minha cintura.
Josh: Precisamos conversar. - A voz dele soou como uma ameaça, rapidamente recolhi minha mão.
- Querida, vá colher flores no jardim. - Me abaixei a altura da Sabina e toquei seu cabelo.
Sabi: Vocês vão ter aquela conversa de adulto? - Sorri e toquei em seu rosto.
- Prometo que conto tudo a você depois, mas me prometa que vá colher as flores e não saia do quintal, nada de falar com estranhos. Estamos combinadas? - Ela assentiu e beijou meu rosto, saindo logo em seguida.
Sentei ao lado do Josh no sofá, ele apertava fortemente as mãos uma na outra, toquei-as e entrelacei nossos dedos.
- Está tudo bem. - Sussurrei, para que só ele pudesse ouvir. Josh apertou nossas mãos.
Josh: Precisamos conversar. - Ele repetiu a frase dita minutos antes, agora com um tom melancólico.
Miguel: Sou todo ouvidos. - Miguel estava sentado a nossa frente, na poltrona. Tinha uma aparência calma e parecia não se importar com o que tínhamos a dizer.
Josh: Onde está a carta? Eu sei que está com você, Isabel não deixaria com mais ninguém. - Miguel deu uma risada sôfrega e olhou para nós, seus olhos pararam em minha barriga, coberta pelo moletom cinza.
Miguel: Então é isso? Sinto desaponta-lo mas não possuo a carta, infelizmente o caso de uma noite de vocês acabará em uma tragédia grega. - Ele deu outra risada e foi o suficiente para Josh levantar e o agarrar pela gola.
Josh: Escuta aqui, você já destruiu minha vida uma vez não vou permitir que isso aconteça novamente, então pega agora a maldita carta e acabou nós vamos embora. - Josh agora o estava sufocando, Miguel tentava de todas as maneiras buscar uma lufada de ar, toquei os ombros de Henrique desesperada.
- Pare, o está sufocando. - Minha voz estava desesperada, Henrique o soltou e ele caiu na poltrona, seus pulmões implorando por ar. - Está louco? Ia mata-lo. - Ele me olhou, seus olhos cheios de cólera.
Josh: Não me importaria de mata-lo. Seria como realizar um sonho. - Ele olhou novamente para Miguel e vi suas mãos se fecharem em punho.
Olhei para Miguel e depois para Josh, nunca o havia visto tão cheio de ódio como agora.
-Josh, vamos conversar. - O puxei pela mão e o levei ao cômodo mais próximo, era um quarto onde havia uma cama de casal e uma cabeceira talhada em madeira escura e em cima da cabeceira um vaso com Dálias.
- Você está louco? Viemos aqui conversar não mata-lo. - Ele sentou na cama e suspirou a cólera expressa em seu olhar agora era substituída por dor.