Dezoito

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  A escola está silenciosa, Henrique não cancelou os jogos de hoje á noite e duvido que vá.

Lucas e eu estamos no corredor a caminho do nosso quarto, ainda me lembro da conversa estranha que tive com Isa, sobre o caminho estar aberto para Jonathan e eu. Estou confuso sobre tudo, mas a pergunta mais latejante em mim agora é: Oque aconteceu com Kira e por que?

   Uma coisa eu já entendi sobre esse lugar, nada aqui acontece por acaso, se Kira está morta, foi porque ela sabia de algo, ou fez algo que alguém não gostou, o meu maior suspeito agora é Henrique.

  — Quem é aquele?— Lucas indaga observando a janela.

   Caminho até a mesma e observo o gramado, há um homem, negro e careca, ele é meio baixo e usa roupa formal, minha tia está com ele, que mostra a ela um distintivo dourado brilhante, tem uma arma no coudre preso a sua calça, é um detetive ou policial suponho.

    Eles entram no internato e logo, os auto falantes chiam e a voz da diretora ecoa por eles.

— Ana Bárbara! Compareça a minha sala imediatamente.— Ela chamou.

  Os alunos começaram a ser chamados um a um em ordem alfabética.

— Estão sendo interrogados.— Lucas comentou encarando o nada.

— Foi assim com Jéssica?—erguntei.

— Não, não haviam suspeitos pois a polícia sempre acreditou que havia sido um acidente.— Lucas levantou seu olhar para mim.— Ou pelo menos fingiu acreditar.—

— Provavelmente suspeitam de Henrique, ele é o suspeito mais óbvio.— Digo.

— Pra você.— Lucas diz e seu nome soa pelo alto falante.
Ele respira, se levanta e sai me deixando sozinho com minhas paranóias.

Lucas não volta para o quarto, mesmo depois que chamam outros alunos, percebo que não chamaram alguns nomes e talvez não chamem o meu, mas estou errado.

— Vênus Willians.— Meu nome parece ter soado o mais alto, ou mais sombrio.
Há alguns alunos conversando no Hall de entrada, todos olham para mim, com olhar de pena, alguns estão com lágrimas nos olhos e outros as deixam sair.

   Fernanda, a líder do Clã do Sangue está aqui, abraçada a Milena que parece inconsolável.

  Caminho até a sala da diretora e bato na porta dupla, minha tia a abre com o olhar sério e sai da mesma me deixando a sós com o investigador, pelo que parece ser.

— Olá Senhor Willians.— Ele sorri com simpatia.

— Oi.— Digo tenso.

— Sou o Detetive Carlos.— Ele se levantou rapidamente para apertar minha mão que tremia.— Fique tranquilo, só irei fazer umas perguntas, as mesmas que fiz para os seus colegas, diga a verdade e vamos acabar logo com isso, tudo bem?— Ele segura um pequeno caderno do outro lado da mesa onde percebo algumas anotações.

— Está bem.—

— Qual era a sua relação com Kira Okuno?—

— Éramos amigos.—

— Amigos? Lucas me disse que vocês estavam brigados.—

Brigados? Desde quando? Isso não faz sentido, Kira, Lucas e eu brigamos uma vez, mas isso já estava resolvido. Por que Lucas diria que Kira e eu estávamos brigados?

— Brigados? Nós brigamos uma vez mas isso foi a um tempo.— Disse exalando nervosismo.

— Entendi.— Ele rabiscou algo no caderno.— Suspeita de alguém senhor Willians?— Ele cemicerrou os olhos e ergueu um pouco seu pescoço para frente, como se aquela pergunta fosse um erro, ou talvez era oque ele queria que eu pensasse.

— Sim!— Respondi de imediato, sentindo que aquela era a chance de entregar Henrique e todo aquele circo.

— Cá entre nós, de quem o senhor suspeita?— Ele perguntou com o tom de voz mais baixo.

— Henrique.— Disse sem pestanejar, seguro e confiante de que ele anotaria aquilo também.— Com toda certeza, metade da escola também desconfia dele.—

— Henrique? Seu primo?— O detetive diz com espanto, como se aquilo fosse um absurdo.

— Sim, algum problema?— Pergunto confuso.

— Engraçado, você foi o único que o mencionou até agora, e metade dos alunos desconfiam de você.— Ele se aconchega na cadeira a inclinando para trás, me medindo com os olhos.

— De mim?!— Exclamei em espanto.

— Você foi visto pelas câmeras de segurança dos prédios abandonados na clereira, arrastando Kira pelo braço com muita agressividade, pelo menos alguém muito parecido com você, usando roupas brancas.— Ele se abaixa e joga as roupas que usei na iniciação sobre a mesa da diretora, são mesmo as minhas roupas.— Me disseram que essas roupas são suas, não são?—

—  Isso não faz sentido, eu...— Minhas orelhas queimam, minhas mãos soam e meu rosto arde.

— Conte oque aconteceu do dia 26 ao dia 27, quando encontraram o corpo de Kira anteontem.—

— Fomos para a clareira, onde estão os prédios, nos divertimos e voltamos para a casa, Kira estava com a gente, Lucas, Kira e eu voltamos juntos, me despedi de Kira que estava bêbada.— Disse me lembrando vagamente do que aconteceu, as lágrimas caem sem parar e minha voz rouca ainda sai.— Fui para o meu quarto e dormi...eu—

Parece que pedaços da minha memória estam apagados, como peças faltando em um quebra cabeça, meu corpo se lembra da pancada, mas eu não sei oque me atingiu.

Precisava de água, minha boca estava seca, havia bebido demais e minha cabeça começava a doer, estava tonto, desci as escadas cambaleando até um bebedouro mais perto, parece que Kira estava lá, mas estava discutindo com alguém, um garoto, que nunca vi na vida, mas lembrando agora, ele já não me parece estranho.
Ele está usando branco, e uma roupa parecida com a que usei na minha iniciação.
Chamo por Kira, e ela pergunta se eu estou bem, alguma coisa a acerta, quando atinge sua cabeça, tem o som de uma panela caindo no chão, parece uma pá eu não me lembro bem, também sou atingido, mas tudo parecia um sonho, ou um pesadelo, pois acordei na minha cama no outro dia, sentindo muita dor e muita cede. Água.

— Se Lembrou de alguma coisa Senhor Willians?— O Investigador perguntou confuso com o meu silêncio repentino.

— Não.—

Espero que estejam gostando, comentem sempre, isso me incentiva muito a continuar escrevendo. Bjs.

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