Vinte e Quatro | Juntos?

824 90 32
                                    


— Suco — Ian diz e se inclina um pouco para alcançar o canudo. Fazia horas que estávamos assistindo Desencanto, porque Ian é completamente viciado nesse desenho. Eu aproveitei para passar esta tarde com ele, porque a senhora Jensen precisava ir até o hospital pagar as contas que já havia chego a eles. — Como é bom estar em casa.

— Eu imagino — volto a prestar atenção na pequena tela do meu notebook, enquanto pesquiso apartamentos em Nova Iorque que não seja tão o olho da cara. — E esse? 

Eu e Ian sonhamos com Nova Iorque nossa vida inteirinha e mal posso esperar para que esse sonho finalmente possa se concretizar. Pelo que eu havia conversado com Oliver na noite anterior, ele me explicou que Ian faria o último semestre em casa, mas apenas daqui alguns meses. 

Resumindo: Ian vai participar da formatura, mas infelizmente vai se formar para valer apenas no final do ano. Mas tudo bem, já conversamos sobre nosso futuro juntos em Nova Iorque, só terei que espera-lo por mais um tempinho. 

— Esse é bem bonito — ele diz ainda com dificuldade. Os médicos disseram que sua consciência está um pouco lenta, portanto até pra responder ele vai ter dificuldade por algum tempo. Além disso, Ian precisou estar numa cadeira de rodas, pois ainda não se sente apto para andar por ai.

Ele ainda está se recuperando do pós coma, obviamente. 

— Não fique desanimado, ainda moraremos juntos — eu sorrio e fecho o anuncio em seguida — Só terei que conviver com outra pessoa dividindo apartamento comigo. 

— Boba — ele se inclina novamente e eu ergo o copo com suco — Obrigado.

É um pouco agonizante olhar para seu rosto machucado. Seu rosto ainda esta muito inchado e acredito eu que seja por conta das medicações. Em seus braços há cicatrizes e um pequena falha no lado lateral da cabeça. Por conta dos pontos, os cabelos terão mais dificuldade para crescer naquele lugar.

— Você e Hero já conversaram sobre a faculdade? — ele pergunta e logo em seguida sinto seu olhar em mim — Ok, pelo seu olhar eu acho que não. 

— Na realidade, já conversamos sim — dou-lhe ombros — Acho que ficaremos bem. 

— Certo.

— Certo —rio fraco — Você e a Brooke?

— Bom, eu acabei de acordar depois de estar dormindo por mais de dois meses, portanto não — sua risada é contagiante, mas ele acaba parando por conta da dor — Ai! Ainda dói.

— Cuidado — arrumo os travesseiros nas costas dele e ele sorri — Eu senti sua falta pra caralho, sabia?

No dia seguinte que descobrimos que Ian havia acordado, eu fui ao hospital novamente e pude conversar melhor com ele. Ian me disse que lembra vagamente das vezes que fui ao hospital e conversava com ele. Ele dizia ser algumas memórias picadas, mas pelo incrível que pareça, ele realmente lembra de coisas que eu havia dito a ele. 

— Não vai chorar de novo, por favor — ele abre o braço direito para que eu possa deitar ao seu lado — Vem aqui, chorona. 

— Você é um babaca — comento e rio — Eu preciso ir para o treino, mas posso passar aqui mais tarde?

— A Brooke vai estar aqui — ele termina de beber o suco — Pensei em chamar o Hero também e...

— Você precisa descansar a noite — o senhor Jensen aparece em seu quarto com um prato cheio de legumes — E se alimentar também. 

— Concordo com o senhor Jensen! — faço bico e vejo meu melhor amigo revirar os olhos — Bom, preciso ir para o treino. Até mais tarde, mané.

— Até — ele sorri. 


O treino está sendo bem puxado, mas pelo milagre do destino, Katherine Bass está sendo um anjo. Fazia alguns dias que não participava dos treinos, mas felizmente não me falou porcaria nenhuma. Com a volta do Ian, acabei me animando mais para participar e estar entre as meninas novamente. Durante essas tardes de treino, eu e Hero sempre nos encontrávamos para tomar um sorvete ou simplesmente para trocar alguns amasso dentro do vestiário feminino. 

Desde a hora que eu cheguei e comecei a me alongar, percebi Hero olhando para mim e prestando atenção em cada movimento. Eu adorava o fato dos treinos serem ao mesmo tempo que os treinos de futebol, pois isso facilitava muita coisa: inclusive minha libido. 

— Josephine, você acha que consegue erguer mais a perna? — a voz da Katherine invade meu tímpano e eu posso jurar que arregalei demais os olhos. Acho que fui pega babando no meu namorado do outro lado do campo.

— C-claro — ergo mais a perna e Ally me ajuda a manter. 

— Bom, então vamos mais uma vez. O último jogo será daqui alguns dias — Katherine Bass se posicionou em nossa frente e contou antes de voltarmos toda a coreografia do inicio — 5, 6, 7, 8!

Respirei fundo antes de acompanhá-las e felizmente acertar todos os passos pelo qual estava temendo não conseguir. Após isso, treinamos mais algumas vezes e Katherine finalmente apitou aquele maldito apito cor-de-rosa, mandando todas irem para o vestiário. Aproveito para pegar minha toalha na mochila e começo a secar um pouco o suor que escorre no meu rosto. 

Sinto uma mão na minha cintura e nem preciso me virar para saber que é Hero sedento por um beijo, assim como eu. Sorrio no momento em que olho para seus olhos e vejo em seu rosto, aquele sorriso sacana brotar nos lábios. 

— Você não muda, né? — começo a rir baixinho, mas ele me puxa para um beijo. 

— Não mesmo — ele diz entre o beijo e logo depois me solta lentamente — Assistir você treinar é muito difícil para mim, ok?

— Ah, é? — mordo meu lábio inferior e ele suspira alto.

— Josephine — sua voz rouca me faz querer rir — Vou tomar uma ducha, você vem?

— Eu te espero aqui — eu respondo e ele sela nossos lábios antes de ir em direção ao vestiário — Não, espera!

Ele se vira para mim.

— O que?

— E se formos para sua casa tomar um banho? Juntos? — pergunto e mal consigo prosseguir, pois vejo meu namorado correr em minha direção, o que me faz rir como louca.

— Vamos! — ele me pega no colo e com a outra mão pega nossas bolsas.

— Hero! — continuo rindo, mas assim que exclamo, sinto um leve tapa na minha bunda. 

Déjà vu 



Onde Mora O CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora