Prólogo

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Os saltos pretos lustrosos de Madelaine caminham até a cadeira no centro da sala, sustentando o corpo esbelto da ruiva.

- Me diga, Catarina. - Ela abriu um sorriso irônico, serpenteando um olhar ameaçador pelo rosto apavorado da morena sentada na cadeira. - Por que? - Perguntou, sentindo as palavras saírem de sua garganta como afiados espinhos.

- Porque você é uma vadia! - Exclamou ferozmente a mulher sentada na superfície de madeira, lançando uma cusparada aos pés de Madelaine, num gesto enojado.

Madelaine não hesitou em pisar fortemente no pé da mulher, fundindo seu salto à pele bronzeada do peito do pé de Catarina.
O grito de dor fez Mad dar um sorriso de satisfação, logo a mulher baixou seu olhar para as suas impecáveis cutículas, as assoprando num gesto despreocupado.

- Eu acho melhor você falar... - Sugeriu calmamente, logo erguendo suas orbes para Catarina. - Ou as minhas enguias vão te fazer uma visita. - Ela arqueou suas sobrancelhas ruivas, numa expressão totalmente fechada e ameaçadora.

Catarina se remexeu, sentindo sua pele arder pela atrito com as cordas em seus pulsos e tornozelos.

- Eu não vou falar. - Disse firmemente, mas por dentro estava gélida. Ela conhecia todos os truques e torturas de Madelaine, então sabia o que as enguias significavam.

- Eu tentei, Catarina... - Disse Mad em tom decepcionado. Ela realmente estava triste de ter que machucar Catarina, que era sua parceira de vida e de crime há muitos anos.

Madelaine girou nos calcanhares e saiu da sala, equilibrando seus passos perfeitamente até o corredor estreito. Tinha um homem parado, esperando por ordens, então Mad as deu.

- Ela não quer falar. - Disse rapidamente, agitando a cabeça negativamente e enfiando os dedos esguios pelos cabelos.

- E como devo fazer ela falar? - Perguntou profissionalmente, mantendo a postura ereta e o olhar fixo no rosto perturbado da ruiva.

- Espanque ela, tire daqui e leva pro buraco. Dou três dias para ela começar a falar, se não o fizer, você pode passar. - Declarou firmemente, seguindo seu caminho para o andar de cima, onde era sua casa.

As portas do elevador se abriram e a mulher saiu da sala, abrindo um gracioso sorriso enquanto ia para a sala de estar.
O lugar grandioso, com coisas luxuosas e bem iluminado dava orgulho a Madelaine. Ela conquistou tudo aquilo, mesmo que do jeito errado.

Seus olhos se ilumiram ao ver Tony no enorme sofá de couro branco. Ela se aproximou e ergueu o queixo da mulher com a destra, logo selando os lábios carinhosamente.

- Oi, minha doçura. - Disse Mad alegremente, abrindo um sorriso apaixonado para a menor.

- Oi, Mad. - O olhar e voz desanimados de Tony fizeram as sobrancelhas da ruiva baixarem, confusas.

- O que foi? - Mad franziu as sobrancelhas, involuntariamente deixando o sorriso morrer, mas não totalmente.

- Precisamos conversar. - Tony se ergueu, obrigando Mad a dar espaço para ela. A ruiva se afastou e passou a encará-la, esperando que seguisse com suas palavras. - Eu quero me separar. -

As palavras de Tony caíram em Mad como um balde de água fria.

- O quê? - A ruiva deu um riso incrédulo, puxando ar fortemente. Seu mundo havia parado e seu cérebro estava morrendo, como se tudo não fizesse mais sentido.

- Eu não posso mais, Mad. - Completou a mulher com palavras sofridas, repousando a mão sob o tórax para enfatizar sua dor. - Tem uma mulher embaixo dos nossos pés e sabe lá Deus o que você está fazendo com ela. - Completou com indignação, sentindo o rosto esquentar de tristeza. - Meu sonho é ter uma família, filhos, um emprego, uma casa. Uma vida normal. - Ditou dolorosamente, perfurando os olhos marejados de Mad com seu olhar perdido. - E se você não quer largar o crime pra viver comigo, eu vou encontrar outra pessoa pra isso. - Finalizou sua declaração baixando o tom de voz, como uma promessa de ida.

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