Ele e Eu『Narusasu』☆Concluída☆

Um

"Como já foi dito:
O amor e a tosse não podem ser disfarçados. Nem mesmo uma pequena tosse.
Nem mesmo um pequeno amor."

Anne Sexton

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-Por que não me esperou? - Naruto esbravejou assim que conseguiu alcançar Sasuke.

-Porque você é feio - Sasuke disse com uma expressão impassível - e eu não ando com pessoas feias.

Naruto deu um tapa na sua nuca antes que os dois voltassem a andar.
Nos ouvidos de outras pessoas, aquelas palavras poderiam ser incômodas ou até dolorosas, mas Naruto já estava acostumado com a grosseria do amigo.

Conhecera Sasuke há menos de uma semana, e por nenhum motivo em especial, sentira uma grande afeição pelo moreno. Ele parecia sempre tão melancólico e triste enquanto andava pelos longos corredores creme da escola. Não podia deixa-lo sozinho, podia?

Naruto tentava incluir qualquer pessoa em seu meio, deixá-la a vontade com novos amigos. Sempre fora social. Apreciava uma boa conversa e odiava ver alguém sozinho ou muito quieto.
"Nós temos que viver" pensava, "ou não teremos nada para contar para os nossos filhos e netos"

Por isso começara a conversar com Sasuke. Muitas pessoas o alertaram que ele queria ficar sozinho, e que deveria ficar sozinhos, porque era um egoísta mal-humorado e mimado.

Mas Naruto não escutara, claro. Quem seria o idiota que iria querer ficar sozinho?

Suas primeiras tentativas de interação não foram tão bem sucedidas, mas depois de um tempo - e de muita insistência - Sasuke resolveu deixar Naruto se aproximar, mesmo que apenas para calar a boca do loiro.

E agora eles estavam voltando paras suas casas juntos, lado a lado, com os passos em sincronia.

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Sasuke já não aguentava mais seu vizinho.
Orochimaru parecia um cara legal e gentil - mesmo com aquele sorriso parcialmente diabólico - quando o ajudou  com a mobília, mas agora, tudo que ele fazia era atormentar as noites de seus vizinhos fazendo sons estranhos a noite toda com um velho de cabelos longos brancos.

Não entendia como alguém podia fazer barulhos tão altos e estranhos, ainda mais de madrugada. E ainda mais sabendo que todos o olhariam feio no dia seguinte, como se ele fosse um ser de outro planeta.

E talvez Orochimaru fosse de outro planeta. É claro que isso não daria motivo para as pessoas falarem o que falam dele e com ele, olharem ele daquela forma enojada como se ele fosse um tarado. Ele e o amigo só tinham gostos peculiares por sons que lembram dor, nada demais.

-Sasukezinhoo - Orochimaru o chamou, prolongando cada sílaba como uma forma de tortura - você parece magoado, Sasukezinho. O que houve?

-Não é nada, Orochimaru, não precisa se preocupar.

Orochimaru se virou para trás, vendo um garoto loiro se afastar do apartamento de Sasuke, quase virando a esquina.

- Você e seu namoradinho brigaram? - ele soltou um sorriso compreensivo antes de dar um tapinha nas costas de Sasuke - Não deve ser nada, mesmo. Vocês vão se resolver.

Sasuke preferiu não dizer que os dois não namoravam, e que não era sequer amigos, assim não iria criar uma chance para Orochimaru prolongar o assunto e iria entrar logo em seu apartamento.

Não gostava de Naruto, não é possível gostar de alguém que você nem sequer conhece. Mas também não o odiava. Só não se importava com ele. Naruto não vinha para somar, e há muito, não havia ninguém que o fizesse.
Ele entrou no pequeno apartamento.

Morar sozinho não era uma tarefa muito fácil, aliás, era difícil pra caramba, principalmente tendo que trabalhar como se fosse um prisioneiro das gáles e estudar como se não houvesse amanhã.
Mas não podia desistir. Não, desistir significaria voltar para o interior com o rabo entre as patas e admitir derrota para sua família.
Sasuke nunca se permitiria admitir derrota. Principalmente para a família, que duvidou tanto de sua capacidade de morar na cidade.

Sasuke se deitou em sua pequena cama de solteiro. O apartamento estava uma bagunça, e ele não se lembrava da última vez que usou o fogão, já que só pedia comida por aplicativos para não desperdiçar seu precioso tempo.
Precisava voltar a cozinhar, mas não agora. Talvez mais tarde, quando terminasse de lavar as roupas e descansasse um pouco antes de assumir seu turno no café.

Ele adormeceu pensando em lulas grelhadas e castelos gigantes.