Visões

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Hoje de manhã foi exatamente igual aos outros dias do ano letivo: acordar com o despertador altíssimo nos meus ouvidos e nos da Olivia, tomar café da manhã, banho, ônibus, aulas... tirando as jóias dentro das nossas mochilas, que foram dadas por uma dita bruxa. Eu e a Clarisse ficamos a aula pré-intervalo inteira nos entreolhando com cara de "será que vão explodir?", Joaquin estava tentando prestar atenção na aula (ele é horrível em matemática), e eu e Olivia ficamos encarando os nossos pingentes o dia inteiro. Quando chegou a hora do almoço fomos pra mesma mesa que estávamos habituados a sentar juntos (nos fundos, lado esquerdo a partir da porta de entrada do refeitório), depois me deu vontade de ir ao banheiro, e eu falei pra eles, mas do nada a Clarisse e a Olivia me olharam com cara de "se você sair daqui eu vou enfiar este garfo na sua bunda" e eu sentei perguntando:
-Oque houve?"
Clarisse respondeu :
-Eu vi... eu vi... a escola pegando fogo... eu vi corpos em frente ao portão principal da escola, também ouvi gritos de ajuda... e depois, uma pessoa saindo de dentro do fogo... usava terno preto com um broche branco no peito, em formato de caveira..."
-Quê?!" eu perguntei, surpreso
-" Eu sonhei a mesma coisa... mas eu que estava saindo das chamas, e estava silencioso." interrompeu a Olivia.
-" Eu vi outra coisa... eu estava dentro do fogo... estava desesperado e com uma pessoa nos meus braços, então de repente eu caí no chão e a pessoa entrou nas chamas e sumiu" contou o Joaquin, também.
-" Gente foram só pesadelos, deve ser resultado daquela experiência dramática que tivemos" disse eu, esperançoso.
-" Você não entendeu, a gente viu, e não sonhou." Disse a Clarisse.
-"Eu por exemplo, estava dobrando a minha roupa de cama, depois tive essa visão ou sei lá" explicou a Clarisse.
Depois Joaquin também disse :
-" Foi a mesma coisa comigo, eu estava jogando bola e deixei ela cair no jardim do vizinho...Quando eu fui pegar de volta, tive aquela visão..."
Depois, Olivia também disse :
-" Eu vi enquanto lavava a louça, eu e o Levi estávamos sozinhos porque a mamãe foi trabalhar , depois que eu tive a visão eu gritei, ele ouviu mas eu disse que foi só um tombo de nada."
Eu olhei pra cara de todos os 3 me perguntando o por que eu não tive uma visão também (enquanto isso minhas bexigas estavam quase explodindo), então eu falei :
-"Vamos lá pros acentos do campo de futebol?"
-"Vamos sim" todos disseram.
Dei os pingentes e os livros para eles e fui ao banheiro.
Olhando pro meu reflexo (com medo de aparecer alguém no espelho de novo...) depois de me aliviar, minha mente estava trabalhando: o que aquela mulher quer, de onde ela veio, o que são esses pingentes, pra que servem esses livros estranhos, e porque logo nós estamos envolvidos nisso? Mas eu só parei de pensar e fui os encontrar abaixo dos acentos do campo de futebol. Chegando lá, eles estavam todos olhando os pingentes nas palmas da suas mãos, e eu fiz o mesmo. Depois começamos a debater:
-Por que será que tem cores diferentes nessas pedras no meio? Perguntou a Clarisse.
-O que são esses símbolos no meio das pedras? Estão cavados... ou foram lapidados. Acentuou Joaquin.
-Parece que nas pedras tem um encaixe nas bordas, olhem, a partir do colar e descendo. Apontou a Olivia.
- Os livros tem o mesmo símbolo dos pingentes... o meu é um... às de espadas ? disse o Joaquin.
- O meu é um losango. falou a Olivia.
-O meu é um círculo. disse a Clarisse.
E finalmente eu vi o meu, um coração... UM CORAÇÃO! Não podia ser tipo... um raio ou uma caveira? Qual é... Eu disse indignado:
-Alguém quer trocar comigo ?, e só a Olivia falou que tudo bem, e trocamos.
A Clarisse acidentalmente deixou o pingente cair, e a pedra do pingente bateu no símbolo na capa do livro, que cujo ambos começaram a brilhar, e todos se assustaram:
- Meu Deus! gritou a Clarisse correndo pra longe do livro.
-Clarisse o que você fez?! perguntou desesperadamente Joaquin.
-Faz alguma coisa, Levi! Gritou a Olivia.
Eu rapidamente peguei um graveto, e toquei na capa do livro, e depois toquei no pingente, que também estava brilhando (o que eu podia fazer? eu nunca vi um livro e um pingente brilharem do nada). Quando eu vi que nada aconteceu com o graveto, me atrevi a tocar no livro, e quando eu o toquei, eu fui jogado longe , tipo uns 4 metros de onde o livro estava (sorte que o campo estava vazio, desse jeito ninguém poderia ver esse tombo).
E depois, algo inesperado: o livro com o símbolo do círculo foi voando para os pés da Clarisse e o cordão também voou para o pescoço dela (que mal se mexia de tanto medo) e ambos pararam de brilhar.
- Oque... raios... acabou de acontecer!? gritou a Olivia de novo.
- Gente, olhem seus pescoços! Seus pingentes também está brilhando! apontou a Clarisse.
Todos nós olhamos, e logo depois eles também pararam de brilhar. Mas depois todos os livros se abriram sozinhos na nossa frente, e as palavras brilhavam...
-Meu Deus... tá na nossa língua! É francês! apontou Olivia.
- Ei, vocês! Vão pra aula! gritou o monitor.
-Ok, escutem : todos vocês vão pra minha casa, vamos ficar no balcão do meu pai ,vamos ver e averiguar o que são essas coisas ... Ok? sugeriu a Clarisse.
- E os seus pais? eu perguntei.
- Minha mãe não se incomoda, ela também trabalha bastante no computador, e meu pai está viajando.
- Ah então tudo bem, vamos sim.
Depois assistimos a aula, e fomos pra casa.
Chegando na casa da Clarisse, fiquei quase perdido de tão grande que é, parecia um palácio! A mãe dela desceu pra pegar um café na cozinha, e nos cumprimentou:
- Bem vindos meninos! Querem algo pra beber ou comer ?
- Não, mas obrigado senhorita Rose! todos dissemos.
- Ok, mas se comportem, se precisarem de algo me chamem. dizendo isso ela subiu as escadas rumo ao trabalho.
Clarisse nos fez andar pela cozinha e jardim inteiros pra chegar no balcão do pai dela, eu achei meio grande demais para um balcão de madeira, mas em compensação tinha muitas ferramentas.
- Vamos ficar na mesinha, não quero me cortar que nem quando a gente tinha 8 anos, lembram? disse a Clarisse, depois disso todo mundo riu (eu também ri, mas não teve graça na época, a gente se machucou bem feio, longa história...). Colocamos nossos livros na mesinha e colocamos as pedras dos pingentes nos símbolos, oque eu acho que os fez abrir...
-Eu tentei abrir do jeito tradicional, mas parece que só abre quando tocamos os pingentes nos livros... disse a Clarisse enquanto eu, Olivia e Joaquin ficamos com cara de "eu mal toquei nessa coisa".
Depois que os livros abriram, começamos a ler:
- Galera parece que segue as mesmas regras da nossa língua, tem acentuação e ortografia corretas. disse a Clarisse (a mais esperta do grupo), e continuou:
-Ok, vamos ler em sequência: Levi, Olivia, Joaquin e eu, ok?
Todos concordaram e começamos a ler :
- Ink-hamous do som: cuidado ao lançar as rajadas vibrantes, podem dar tontura, náuseas, dores em todo o corpo, ou desnorteamento...
- Ink-hamous da proteção: os escudos suportam todo e qualquer ataque de origem mágica, e quanto mais é atingidos mais forte fica, porém esse padrão usará da sua própria energia espiritual.
-Ink-hamous dos raios: seu corpo não aguentará se usar este poder sem sabedoria, seus raios queimam, até mesmo você... causam queimaduras irreparáveis e parada do sistema nervoso.
- Ink-hamous da projeção: suas estruturas são super resistentes, capazes de cortar aço, porém desgastam bastante sua energia espiritual, então use sabiamente.
Depois de lermos só as primeiras páginas dos nossos livros, ficamos todos olhando uns pros outros confusos, e de repente Clarisse gritou:
-Como assim?! Nós temos magia agora !? Somos bruxos que nem aquela mulher?
- Eu... eu... e-eu... disse o Joaquin totalmente chocado.
- Já chega disso, acho que isso é perda de tempo e que estão brincando com a gente... falou a Olivia, desconfiada.
-Eu concordo, mas o que a gente vai fazer com essas coisas? eu perguntei.
- Ah, vamos jogar na Pont De Las Art ,ali do lado! Sugeriu Joaquin.
-Apesar de isso ser bem legal, pode ser perigoso mesmo... Vamos enterrar essas coisas, se jogarmos no rio eles vão flutuar e outras pessoas possivelmente de má índole podem pegar eles... Apontou Clarisse.
-Você tá certa... Odeio isso. Sorriu Joaquin, pegando nossos livros e pingentes.
Juntos, cavamos um buraco estreito, porém fundo, e jogamos os itens chão abaixo. Os cobrimos de terra e fomos para nossas casas.

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