E Como Fica O Coração Dela? | Em Revisão| Divulgação.

04-Cap

Kendal

-- nós saímos daqui a dois minutos -- vasculha algo na sua bolsa brilhante seu perfume está por toda casa, dou um gole no meu chá

-- sério? -- odeio perguntas retóricas mas as vezes eu também faço -- eu vou buscar meu telefone

Subo as escadas rápido. Eu nunca fico animada nos sábados, porque é dia de descanso e minha mãe sempre inventa um programa para me ocupar durante todo dia.

"Ela gosta de passar tempo em família"

E esse sábado não seria diferente, ela quer me por a visitar umas casas e passar tempo com filhos das suas amigas, isso é um método que ela adotou para me tornar mais "sociável".

Meto meu telefone no bolso das calças, eu vou sempre o mais simples possível. Calças jeans claras, um blusão verde que minha mãe me mandou trocar por uma blusa com mangas.
Segundo ela "o blusão me deixa parecendo uma gângster".

Uma blusa branca com duas barras na manga, que deixa o umbigo fora, mas parece uma camisola leve ao invés de uma blusa, por dentro uma blusa preta pra tapar minha barriga. Eu poderia amarrar uma camisola na cintura mas minha mãe me mataria.

Cabelo amarrado com um lenço cinza, uma fita em frente para me deixar fofa e parecendo uma garota de um lar de respeito.

-- K.C -- escuto seu grito, ponho um bocadinho mais de perfume e saio, fecho a porta a seguir. Desço as escadas -- finalmente

Diz assim que me vê, salto do penúltimo degrau para o chão.

-- mãe eu acho que eu não posso ir -- ela para na porta e vira pra mim, um olhar de quem não está pra brincadeiras -- estou nos meus dias de menstruação

-- e isso alguma vez te impediu de sair? -- diz, ela abre a porta e sai. Saio a seguir, tranco a porta

-- mãe é sério, isso tem saído muito e eu tenho medo de sujar o sofá super chique da sua amiga -- tento soar convincente, talvez ela me deixe em casa

-- Kendal entra já nesse carro antes que eu mesma o faça -- diz calma, mas uma frase que poderia muito bem acabar com a minha vida

Entro no banco passageiro me contentando com a situação em que eu terei que ficar ouvindo minha mãe de conversa com sua amiga. Encosto no vidro do carro, ela reclama comigo todos os dias por me jogar na porta.

-- se você perceber que está descendo muito -- olho pra ela com esperança nos olhos -- você pega o autocarro e volta pra casa

-- isso depois de eu sujar e passar uma vergonha ou antes de sua amiga perceber minha calça manchada -- ela me olha -- mãe você pode me deixar aqui, assim eu volto pra casa e descanso

-- não, você vai comigo e não se fala mais nisso -- encosto no vidro

-- odeio sua teimosia -- mordo o lábio com força, só pra não gritar.

Ela é super teimosa e insistente. O carro estaciona em frente a uma casa, eu aposto que é uma das casas que ela vendeu e a pessoa que comprou acabou criando laços de amizade com ela.

Desço e bato com a porta.

-- ótimo -- ela para do meu lado -- arranja essa cara e põe um sorriso nesse rosto -- faço biquinho -- agora

Mostro todos os dentes pra ela, ela abana a cabeça e vira. A porta abre. Uma senhora jovem, com suas vestes ricas, uma saia longa e uma blusa fresca.

-- Jenna -- diz a senhora, super animada. Elas dão um abraço, e abanam um bocado.