Segunda Morte

Último ano-Capítulo 4

As férias acabaram... uma grande tragédia e infelicidade para Emma que agora choramingava nos cantos.

-Deixa-te disso, este é o teu último ano lá.-insistia a sua mãe já habituada à reação da sua filha naquelas alturas do ano

Tinha razão, ia agora para o décimo segundo ano, o último, depois disso tinha de ingressar numa universidade. Talvez cursasse design gráfico, parecia-lhe a melhor opção e a mais apetecível apenas perdendo para a enorme vontade de se afogar em séries, livros e comida. Já não tinha idade para fazer birrinhas ou ficar amuada porque as coisas não correm como ela quer, mas realmente não queria ir para a escola, tinha muitas razões por trás disso, toda esta rotina que teve tantos anos ia acabar e por mais que estivesse farta de escola sabia que o que vinha por aí poderia ser mais difícil do que havia imaginado enquanto criança, além disso era aborrecido, parecia que quando ia para a escola fazia parte de uma série barata e ruim que ninguém gosta e é obrigada a participar, sem sequer ser pago pelas más atuações que estes atores improvisados faziam para manter as aparências. Ninguém era honesto, muito menos mostrava quem realmente era, Emma sabia que fingia ser muita coisa, mas claramente não era a única, apenas era ligeiramente melhor a fazer de conta que estava tudo bem.

Ficou ainda mais receosa quando descobriu que uma aluna nova havia entrado na sua turma... não sabia muito sobre ela, sabia que era nova na cidade e que ninguém a conhecia.

-Ótimo-reclamou enquanto preparava a mochila com a cara de uma criança zangada porque a mãe não lhe deu um doce.

-Mãe vou indo tá?-beijou a bochecha da mãe e deu outros trinta beijinhos no Lipe que abanava o rabo alegremente já acostumado às demonstrações de afeto da sua irmã, como ela dizia, os dois cresceram juntos e por isso ela achava isso suficiente para o considerar o seu irmão mais novo, independentemente de ele ser um cão.

Saiu às pressas, não queria chegar muito cedo então adiou o máximo possível a ida para a sua amada escola, chegando lá foi rapidamente reconhecida pelos seus colegas de classe que abriram logo sorrisos quando a viram. Emma tinha amigos, não podia dizer o contrário, mas ninguém conseguia ver para além das piadas e sorrisos toscos que dava para alegrar os outros, tagarelava incansavelmente para ninguém que ninguém tivesse a possibilidade de sequer notar que algo a deixava desconfortável em todos eles. Quando entrou naquela turma tinha mudado de escola, não conhecia ninguém de lá mas já todos se conheciam eram próximos e indiferente à sua facilidade de cativar pessoas pela sua personalidade alegre sabia que por mais que gostassem dela, ela não era a melhor amiga de ninguém, não era a primeira opção de ninguém, as pessoas gostavam dela porque quando estavam mal ela as ajudava.

Quando entrou na sala só tinha um lugar livre, ao lado da aluna nova, até que ela parecia bem simpática.