As duas foram construindo a sua ligação, talvez elas fossem melhores amigas, já conheciam as famílias uma da outra e quem as visse acreditava que se conheciam desde bebés, tinham muito em comum, quanto mais conversavam mais se entendiam e mais forte a amizade ficava.
Ambas estavam muito felizes, afinal apesar de serem meio desligadas do mundo sempre quiseram ter uma melhor amiga, algo que no fundo sabiam que haviam encontrado.
Ally estava profundamente interessada nas aparições que a sua amiga presenciava, interessava-se imenso por isso porém quando soube que o menino sem cara a tinha encarado no primeiro dia de aulas ficou estranha, pensativa.
-Sonhei com ele de novo, acho que ele está a tentar me dizer alguma coisa.-confessou Emma entre grandes dentadas que dava na massa cozida demais e sem sal da escola.
-Outra vez? Está a ser tornar cada vez mais frequente... o que foi desta vez?
-Ele segurava a minha mão e corria, eu era pequena, um pouco mais baixa que ele, talvez fosse uma criança naquela visão. Estávamos a correr num jardim muito bonito, bem tratado, ficava atrás de uma grande mansão.Será que ele pertencia a uma família rica?-ela parecia realmente empenhada em entender a história que ele lhe vinha tentado contar.
-Depois a visão mudou, estávamos dentro de casa subindo as escadas para o sótão, parecia um quarto de menina improvisado- falava remexendo a massa fingindo interesse em comê-la para que as empregadas da escola não reclamassem.
-Nós estávamos a fugir de alguém, conseguia ouvir ao longe alguns berros de um homem e passos pesados, alguém chorava também...acho que ele não teve uma boa infância. Tem tanta coisa que eu não entendo... porque é que não consigo ver a cara dele, porque é que ele me mostra aquelas coisas...-ia continuar mas parou, ele estava ali.
-Ally, ele está aqui-os olhos cinzas quase saltam fora da cara ao mesmo tempo que se engasga.
Ninguém parecia notar o jovem menino de 9 ou 10 anos que caminhava entre as mesas, estava como sonhara no dia anterior com um short preto e uma camisa branca que desta vez não estavam rasgados nem manchados de sangue, a sua pele pálida e os seus cabelos negros esvoaçantes causavam-lhe uma sensação de nostalgia que não sabia explicar.
Emma levantou-se cuidadosamente seguida de Ally que apenas seguia a amiga já que não o conseguia ver, ele assim como nos sonhos não a encarava e esperava apenas que ela se aproximasse, quando o fez ele segurou-lhe a mão e começou a caminhar apressadamente, algo estava errado, continuava a acelerar o passo começando a correr.
-O que se passa?-fazia muitas perguntas nos sonhos mas ele nunca respondia, acreditava que era por não ter boca. Não conseguia entender porque é que aquela criança não a aterrorizava, na verdade até lhe passava uma sensação de segurança que mais uma vez não entendia porquê.
-Eles já sabem-uma voz infantil respondeu... mas como se ele não tinha boca?
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Segunda Morte
HorrorEmma vivia a sua vida aborrecida de uma jovem de 17 anos à espera que algo interessante acontecesse, só não sabia que o seu desejo se tornaria verdadeiro e muitas coisas aconteceriam e seriam reveladas. Conheceu pessoas, viu coisas e quando deu por...