Eu não aguentava mais ficar em casa. E ao mesmo tempo não queria estar ali onde eu estava agora.
Tudo naquele lugar me lembrava ela. A cama, os lençóis, os travesseiros, eram os mesmos, mas... Pareciam maiores, mais frios, mais sem vida. A casa inteira parecia estar sofrendo essa perda junto comigo, voltando a mesma tristeza que pareciam ter antes que o cheiro de cerejeira se tornasse o "aroma oficial" da casa. Aroma esse, delicioso, e que tomaria conta de outro quarto, de outra casa, tomaria o olfato de outro homem, um homem que eu espero que seja muito melhor do que eu.
Sem querer, eu já tinha me acostumado a tê-la aqui, a ouvir sempre as músicas que ela gostava no último volume enquanto Sakura organizava alguma coisa, e mesmo o cantor não tendo mudado, nem a letra, muito menos a melodia, não me passavam as mesmas emoções que tinham quando eram ouvidas com a companhia dela...
Então eu fui ao evento que ela tanto me pediu que fosse, como um último ato de gratidão. Agora eu era só mais um entre os convidados... Antes tivesse ficado sozinho e obrigando a mim mesmo aceitar o fato de que Sakura Haruno não era mais minha namorada e sim noiva e agora esposa de Sasuke. Tínhamos um relacionamento meio escondido, por minha decisão... Não queria nem quero estragar a imagem que a rosada tanto lutou para conquistar com as piadinhas e mentiras infames que com certeza cairiam sobre ela.
Por isso, eu não podia falar nada quando Yamato, Asuma ou Kurenai tocavam no assunto que diz respeito ao quão feliz Sakura parecia estar do lado do seu amor de infância, Uchiha Sasuke. Por fora, eu continuava o mesmo Hatake Kakashi, indiferente e que desejava o melhor para a sua ex-aluna... Mas por dentro... Ah, por dentro eu estava derrotado, derrubado, triste e com uma vontade enorme de chorar. Não que eu não tivesse feito isso, e muito, mas fiz em casa, onde nada e nem ninguém me tirariam daquela solidão, exceto Sakura e sua alegria expansiva.
É como se eu sentisse o meu coração quebrar mais um pouco toda vez que eu ouço seu nome ou qualquer assunto relacionado a ela, como se a felicidade de vida que ela me ensinou a enxergar voltasse a ser inalcançável e perdesse as cores, como se a voz e os barulhos de todos soassem como tristes melodias, melancólicas e extremamente dolorosas.
Saí de casa e vi algo que me fez perceber que eu fui tolo e burro demais para perceber que tudo o que você queria era um pouco mais de mim, um pouco mais da minha atenção, das minhas horas que eu classificava "importantes demais" para serem gastas, talvez aquele buque de flores que você tanto "namorou" em uma das suas visitas a Yamanaka, quem sabe tudo que você esperava de mim fosse que eu deixasse de lado esse meu medo ridículo e segurado a sua mão enquanto passeávamos, ou até que eu tivesse te levado aquela maldita festa porque tudo que você queria era dançar um pouco... Eu devia ter te dado tudo, até a lua, quando eu tive essas chances. Se eu tivesse feito isso, seria eu a estar dançando com você agora, e não esse outo homem, não o Sasuke. Seríamos nós o casal da noite, seria eu o felizardo que reconstruiría o clã Hatake com você, e não esse revoltadinho. Não o clã Uchiha.
Não consegui suportar essa visão, você dando aquele sorriso lindo enquanto girava, segurando a mão daquele moreno introspectivo, que mesmo que tentasse disfarçar, sorria timidamente tamanha a sua alegria naquele momento. Por que, meus deuses? Por que não eu estou lá, ajudando a rosada a girar ao ritmo da música? O que fiz eu para merecer tamanha irá e a vingança divina sobre mim? Sobre os meus relacionamentos?
A quem eu quero enganar, o único culpado aqui sou eu. Não foram os deuses, foi o meu ego, que não me permitiu ser carinhoso e meloso quando ela ainda era minha, as minhas "necessidades" que eu julguei serem mais importantes que passar só mais algumas horas junto dela, foi o meu jeito egoísta e ciumento, que não confiava nela e a sufocava com o meu controle idiota e excessivo, eles foram os culpados... Eu fui o culpado.
Eles me levaram a caminhos que me deixaram sem você, eu, com as minhas próprias mãos e atitudes, tirei uma mulher tão boa e forte como você da minha vida, Saky.E agora eu sinto e sei que nunca mais eu vou ter uma chance de reparar os meus erros, de me desculpar e arrumar toda a bagunça que eu fiz na sua cabeça... Porque agora você é uma mulher casada, uma Uchiha, e eu não obrigaria você a admitir que ainda me ama e que o seu casamento é uma mentira só pelo meu belo prazer. E isso dói muito, dói toda a vez que eu fecho os olhos ou quando eu penso em você, não para de doer nem que eu me esforce, nem que eu faça o que eu fiz tantas vezes desde que você saiu pela porta do que um dia poderia vir a ser a nossa casa, sair e beber até mal lembrar do rumo de casa.
Mas tem uma coisa que dói mais do que tudo, mas que mesmo assim eu quero ser o primeiro a dizer se você deixar: Eu estava errado. Eu sei que estou errado. E também sei que provavelmente é tarde demais pra me redimir ou tentar te conquistar, ou melhor, é tarde demais Sakura. Afinal, você nem ouviu e nem vai ouvir tudo isso, porque eu não tive a coragem de interromper o seu casamento para te falar isso, mas eu só queria que soubesse...
... Que eu espero que ele te dê as flores que você mais gosta...
... Que te dê as horas mais importantes dele...
... Que ele te leve àquela festa, porque eu me lembro o tanto que você gosta de dançar...
Sakura, eu só quero que você seja feliz, e que esse Uchiha faça tudo que eu não fiz quando eu era seu homem, e você me chamava de amor.
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Hey gente! E aí, o que acharam?
Eu sei que é bem curtinha, mas era mais pra desencargo de consciência, e uma experiência minha, já que eu nunca fiz uma one-shot inspirada em música, então eu espero que vocês gostem muito, de verdade.Se tiverem ideias ou sla, pedidos, mandem pra mim! Kkkkkk
Bjs virtuais,
Até segunda.( ˘ ³˘)♥
- S
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When I Was Your Man ~ Kakasaku
CasualeEu me arrependo. De tudo. Me arrependo do jeito mais amargo que existe por não ter te dado a atenção que você tanto me pediu, por não ter segurado a sua mão quando ela ainda tinha a aliança que eu te dei... Ah, Sakura, só Deus sabe o quanto eu me ar...